“Vê aquelas montanhas lá? Foram o meu refúgio durante o conflito. Até dormíamos com as serpentes…”, conta Manhanha Naissone, enquanto vai capinando na sua machamba no distrito de Guro.
Manhanha, membro da Associação “Zwichandisa Uone”, que significa “trabalho para viver” em shona, compartilha sua jornada de superação. A guerra pode estar distante, mas suas memórias ainda ecoam quando seu olhar se volta para as montanhas. “Quantas vezes tivemos que fugir até lá para escaparmos aos tiros, à morte…”.
Com a assinatura do Acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades Militares, em 1 de agosto de 2019, na Gorongosa, Manhanha pôde voltar para casa e começar a cultivar na sua machamba. “Com o Acordo, as ideias mudaram e hoje conseguimos trabalhar juntos porque já não há mais cores, existe uma só cor que é a branca. A cor da paz!”
O Programa DELPAZ tem sido um apoio vital para a Associação Zwichandisa Uone, incluindo a criação do “Ponto Verde”, um espaço onde os agricultores recebem formação para novas técnicas agrícolas, resilientes e “smart”.
No ano passado, cada um dos seus 40 membros recebeu apoio no cultivo de milho, feijão, amendoim e mapira. Manhanha, junto com outros agricultores, aprendeu novas técnicas agrícolas com os pontos focais do DELPAZ. “Aumentamos de muito as nossas colheitas graças a essas novas técnicas”, afirma ela, “até agora podemos comercializar os nossos produtos no mercado”.
Manhanha não quer parar por aí. Além de semear horticolas na sua machamba, ela almeja que se semeiem “ideias de paz por todo o País e distritos” porque, como ela diz, “a guerra quando entra numa comunidade só traz destruição”.