Missão de Monitorização e Avaliação da Vice-Direção Administrativa (VDA)

Entre os dias 11 e 15 de novembro, a sede da AICS em Maputo acolheu uma missão de monitorização e avaliação conduzida pela Vice-Direção Administrativa (VDA) da AICS Roma.

A delegação, composta por diretores e funcionários do Escritório VIII (Dra. Barbara Gamboni e Sr. Alessandro Marcheggiani, TIC, logística e serviços gerais), do Escritório IX (Dr. Paolo Tabarro e Dra. Francesca Raimondo, assuntos jurídicos, concursos, contratos e contencioso), do Escritório X (Dr. Andrea Chirico e Dr. Angelo Gorga, administração, finanças e contabilidade), do Escritório XI (Dra. Annamaria Iotti e Sr. Jonas Muraro, recursos humanos), e da Vice-Direção Administrativa (Dr. Francesco La Pia), teve como objetivo principal apoiar e monitorizar os procedimentos administrativos e operacionais da sede em Maputo, garantindo a sua eficiência e conformidade com as diretrizes da sede central.

As atividades realizadas durante a missão incluíram a verificação e implementação de protocolos de segurança, bem como a gestão e atualização dos contratos e acordos em vigor. Foi dada especial atenção à monitorização das práticas de gestão de recursos humanos, à utilização e otimização da plataforma Documit, e à revisão do sistema SIGOV.

A missão também incluiu a gestão integrada do arquivo documental, tanto físico quanto digital, assegurando a atualização contínua do inventário e o pleno cumprimento das normas internas. Adicionalmente, foi verificada a utilização adequada do Portal de Administração Transparente (PAT) para o carregamento dos procedimentos administrativos, em conformidade com os princípios de transparência e responsabilidade.

 

Entre outras atividades, a delegação conduziu uma análise aprofundada da contabilidade, examinando a gestão financeira e a execução dos contratos, para assegurar que estes estivessem alinhados com as melhores práticas de gestão. Por fim, foi verificada a eficiência do sistema informático da sede, com especial atenção ao funcionamento dos sistemas de segurança, incluindo os firewalls.

Durante a missão, foram abordados temas-chave relacionados com a segurança, gestão contratual, recursos humanos, contabilidade e otimização de ferramentas digitais, com um enfoque particular nas plataformas Documit e SIGOV. Foi dada uma ênfase especial à atualização do arquivo documental e à utilização do Portal de Administração Transparente, assegurando a adesão aos princípios de transparência e responsabilidade.

A delegação teve ainda a oportunidade de visitar vários projetos emblemáticos da sede AICS em Maputo, nos setores da saúde, ambiente e criação de emprego. Em particular, visitaram o Instituto de Formação Sanitária, beneficiário de algumas atividades relacionadas com dois projetos no setor da saúde, que atualmente forma técnicos de saúde em várias especializações, incluindo neonatologia, terapia intensiva, anestesiologia e instrumentação médica.

Posteriormente, a delegação visitou o incubador de start-ups da Universidade Eduardo Mondlane, apoiado pelos projetos Coding Girls e ICT4DEV. Durante a visita, tiveram a oportunidade de dialogar com alguns representantes das start-ups presentes, conhecendo de perto as suas inovações e ideias. O incubador tem capacidade para acolher até 24 start-ups.

Por fim, a delegação visitou o Museu de História Natural, um ícone da cidade de Maputo. Com mais de um século de história, o museu está atualmente em fase de renovação e requalificação com fundos da AICS e, uma vez concluída a requalificação, tornar-se-á um museu moderno, capaz de desempenhar funções essenciais nos setores da educação, investigação e exposição.

Estas visitas proporcionaram uma importante oportunidade de diálogo com os parceiros governamentais, organizações da sociedade civil implementadoras e beneficiários, oferecendo uma visão abrangente das atividades de cooperação em Moçambique, das respetivas dificuldades e abrindo um canal de reflexão sobre possíveis soluções a serem abordadas por Roma, em sintonia com a Sede da AICS em Maputo.

A missão prosseguirá agora com a elaboração de um conjunto de recomendações destinadas a melhorar o trabalho da sede da AICS em Maputo.

 

AICS no Zimbábue: Promovendo a Segurança Alimentar

 

Esta semana, o Director da Sede Regional da AICS – Maputo, Paolo Enrico Sertoli, realizou uma missão no Zimbábue. O Zimbábue, juntamente com o Malawi e Moçambique, é um dos três países de competência da Sede Regional de Maputo.

Em Harare, a capital do país, o Director teve encontros com a Delegação da União Europeia, a Embaixada de Itália, com empresas do zimbabwe que vão participar na Macfrut, bem como com a FAO. Vale ressaltar que, com esta agência das Nações Unidas, foram recentemente aprovados dois projetos financiados pela AICS, que visam melhorar a cadeia de valor agrícola, o comércio e a gestão sustentável integrada das áreas de floresta miombo nas regiões transfronteiriças entre Moçambique e Zimbábue.

Durante sua estadia, o Diretor também visitou a Província de Masvingo, onde pôde verificar pessoalmente o estado do projeto “Sementes para o Futuro“, implementado por um consórcio de ONGs, lideradas pela Cospe On Plus e financiado pela AICS. O projeto apoia pequenos agricultores em três províncias (Chiredzi, Mwenezi e Masvingo) na adoção de modelos agrícolas sustentáveis.Esses modelos permitem a construção de sistemas alimentares locais e diferenciados, socialmente justos, economicamente viáveis e sustentáveis do ponto de vista ambiental, o que aumenta os fatores de resiliência.

Numa desses distritos, mais precisamente em Mubagwashe, no dia 24 de Abril,  junto com as autoridades zimbabuanas e parceiros, presenciou a inauguração de uma barragem e um jardim comunitário. No discurso sublinhou que a infraesctura inaugurada vai trazer uma mudança positiva para as comunidades rurais “alcançarem segurança alimentar e nutricional, com uma dieta diversificada, e adquirirem maior adaptabilidade aos efeitos das mudanças climáticas”, nomeadamente a barragem vai permititr “combater a seca, induzida pelo fenomeno El Niño”

No dia 26 de abril, o Diretor, acompanhado pelo Embaixador da Itália no Zimbábue, Umberto Malani, participou da Zimbabwe International Trade Fair Company, a principal feira do país, que visa promover o comércio e o investimento. Durante a visita, eles visitaram o stand das iniciativas Team Europe, onde também estava em destaque o projeto “Sementes para o Futuro”, aproveitando assim para apresentar aos visitantes os resultados já alcançados pelo projeto, incluindo a recém-inaugurada barragem e o jardim comunitário recentemente inaugurada….

 

 

Reabilitação da Escola Industrial Primeiro de Maio em Maputo: uma importante contribuição do Programa PRETEP PLUS para a formação técnico-profissional de Moçambique.

No dia 19 de abril, ocorreu a cerimónia de entrega de quatro salas de Ar, Ventilação e Ar Condicionado na Escola Industrial Primeiro de Maio, reabilitadas e equipadas no âmbito do programa AID. 10395 PRETEP PLUS, financiado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS).

O evento contou com a presença do Embaixador de Itália para Moçambique, Gianni Bardini, do Secretário de Estado do Ensino Técnico Profissional, Mety Oreste Gondoloa, do Diretor da Sede Regional AICS-Maputo, Paolo Enrico Sertoli, entre outros.

A Escola Industrial Primeiro de Maio foi reabilitada com laboratórios de ar, ventilação e ar-condicionado, num valor de 68,5 milhões de meticais, e é um dos nove institutos beneficiários que serão reabilitados e equipados no âmbito do Programa PRETEP PLUS. O Instituto Primeiro de Maio contribuirá assim para a formação de formadores na área de climatização e refrigeração, que, de uma forma mais abrangente, representa um apoio na formação de emprego nos setores Agrícola, Hoteleiro e do Turismo, áreas-chave de intervenção do Programa PRETEP PLUS.

No discurso de inauguração, o Embaixador de Itália em Moçambique especificou que o “PRETEP PLUS pretende alcançar um aumento da empregabilidade e da inclusão social de pelo menos 27 mil utentes de escolas e instituições do subsector do Ensino Técnico Profissional nas áreas temáticas de Agricultura, Hotelaria e Turismo“, contribuindo assim para o alcance das metas ocupacionais nacionais, garantindo emprego digno para todos, incluindo mulheres e jovens.

Por seu lado Mety Gondola, Secretário de Estado do Ensino Técnico Profissional, afirmou que o projeto com a Itália, permitiu “criar condições para haver um centro dedicado a formação de formadores

O PRETEP PLUS é um Programa de apoio à Reforma do Ensino Técnico Profissional implementado pela Secretaria de Estado do Ensino Técnico Profissional (SEETP), contando com financiamento do Governo Italiano no valor de trinta e cinco milhões de euros e bem alineado com os pilares do Plano Mattei. O programa tem como objetivo divulgar as competências TVET relacionadas com o Ensino Técnico a nível secundário e a Inclusão laboral, indicadas com base nas prioridades da Cooperação Italiana. Ao longo dos proximos meses, serao reabilitados 9 Institutos em varias Provincias de Mozambique.

 

 

AICS, Embaixada Italiana e TVM: Parceria para Promover a Visibilidade do Sistema Itália em Moçambique

Hoje ocorreu a assinatura de um Memorando de Entendimento entre a Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) – Sede Regional de Maputo, a Embaixada de Itália em Moçambique e a Televisão de Moçambique (TVM). O objetivo deste acordo é proporcionar visibilidade aos eventos e atividades da Embaixada Italiana, bem como aos projetos financiados e implementados pela AICS em Moçambique.

O evento contou com a presença do Embaixador da Itália em Moçambique, Gianni Bardini, do Presidente do Conselho de Administração da TVM, Élio Jossane Manuel, do Director da Sede Regional AICS- Maputo, Paolo Enrico Sertoli, do Administrador Executivo da TVM, Cláudio Ilídio Jone, além dos jornalistas da TVM.

Durante a assinatura do acordo, Paolo Enrico Sertoli, Director da Sede Regional AICS-Maputo, agradeceu a oportunidade a TVM, sublinhando que o “Com a sua cobertura nacional e rede de jornalistas, seremos capazes de alcançar os 32 milhões de moçambicanos, distribuídos pelas 11 províncias do país. Além disso, graças às suas correspondências em Portugal e na África do Sul, conseguiremos também chegar aos moçambicanos que vivem na diáspora”.

O Embaixador da Itália em Moçambique, Gianni Bardini, enfatizou que a TVM ocupa um lugar especial na história da cooperação entre Itália e Moçambique, destacando que esta emissora “surgiu graças à parceria entre os dois países”, nomeadamente com o apoio técnico da RAI – Radiotelevisione italiana S.p.A.. Conclui, afirmando que era uma honra assinar este acordo, pois a TVM “ é o meio que entra em todas as casas de Moçambique, informando e entretendo a população

Élio Manuel Jossane, Presidente do Conselho de Administração da TVM, afirmou que, graças ao acordo assinado hoje “ a Embaixada de Itália e a Cooperação Italiana  terão espaço de antena nos diversos programas informativos e de entertimento da Televisão Pública Moçambicana”, promovendo assim “ assuntos de interesse da Itália, incluindo os projetos financiados pela AICS”.

 

 

 

Nádia Muchanga: Uma jovem bióloga marinha promovendo a sustentabilidade em Inhaca.

 

Este ano, celebramos o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência sob o lema “Liderança Feminina na Ciência: Uma Nova Era para a Sustentabilidade”, com o subtema “Pense na Ciência… Pense na Paz”, reconhecendo o papel das mulheres e raparigas na ciência, não apenas como agentes de mudança, mas também como promotoras da paz.

Nesse sentido, queremos contar a história de vida de Nádia Muchanga, jovem bióloga marinha a trabalhar na Inhaca e que recentemente participou na Summer School, um programa de intercâmbio universitário de 5 semanas em Itália e Moçambique,  financiado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS),  que contou com a participação de estudantes moçambicanos e italianos, com foco no estudo e preservação dos manguais.

A conservação dos ecossistemas marinhos é essencial para a preservação da vida humana e marinha. Nádia Muchanga, licenciada em Biologia Marinha e atualmente estudante de biologia e ecologia de conservação, tem trabalhado com comunidades costeiras na ilha de Inhaca[1], em Moçambique, para promover a gestão sustentável de pescarias e enfrentar desafios como a escassez de recursos.

Uma das medidas de conservação aplicadas por Nádia e sua equipe é a implementação de vedas, que consiste no fechamento da pesca[2] durante um período determinado, principalmente durante o pico de reprodução das espécies. No entanto, essas restrições podem resultar em conflitos, gerando a necessidade de encontrar fontes alternativas de subsistência[3] para as comunidades locais.

Para garantir o entendimento, a paz social e a colaboração das comunidades, Nádia destaca a importância do conhecimento cientifico, nomeadamente a educação ambiental. Por meio de grupos focais e difusão de informações cientificas sobre a necessidade das vedas e do defeso e a importância da preservação dos ecossistemas, as crianças das escolas secundárias tornaram-se não só agentes de conscientização e propagaram o conhecimento para seus pais, mas também agentes de conservação da biodiversidade e de promoção da paz em Inhaca.

A conscientização sobre a preservação dos recursos naturais não se limita apenas às comunidades locais. Durante a participação na Summer School na Universidade de Roma “La Sapienza”, na Itália, organizado através do programa Mangrowth*, no final do ano passado, Nádia percebeu as diferenças entre a análise científica dos estudantes italianos e dos estudantes moçambicanos. Enquanto em Moçambique a teoria era bem desenvolvida, a prática nos laboratórios era limitada: “fiquei impressionada com a quantidade e variedade de laboratórios onde os meus colegas italianos podem praticar a teoria, por isso saúdo com muita alegria a iniciativa da Cooperação Italiana com a Universidade “Eduardo Mondlane” em nos proporcionar acesso a laboratórios de qualidade, como o laboratório na Ilha de Inhaca, com previsão de inauguração ainda este ano”.

Essa troca de conhecimentos, experiências e intercâmbio cultural possibilitou a construção de uma rede de colaboração entre os estudantes, que continuam trabalhando juntos mesmo após o fim da Summer School. Um exemplo dessa parceria é um estudo que estão desenvolvendo em conjunto sobre o tipo de peixe que existe no mangal e que será apresentado na Conferência sobre a Biodiversidade Marinha, marcada para junho de 2024 em Nacala.

O aprendizado adquirido durante a Summer School também contribuiu para a elaboração de propostas de preservação ambiental. Nádia e sua equipe elaboraram um decreto de carbono para quantificar a quantidade de carbono que pode ser sequestrada em Inhaca. Essa proposta tem como objetivo apresentar o ecossistema do mangal[4] e gerar benefícios para as comunidades locais. A educação ambiental desempenha um papel fundamental nesse processo, conscientizando a comunidade sobre a importância dos ecossistemas e incentivando a preservação desses recursos naturais.

Estabelecer a paz é fundamental para promover a conservação e a preservação dos ecossistemas. É somente em ambientes de paz que a proteção ambiental pode ser efetiva e ter valor. Portanto, a educação ambiental é de extrema importância para garantir a preservação dos ecossistemas para as gerações futuras.

Nádia reconhece o papel crucial da Agência Italiana na educação ambiental, permitindo que diferentes culturas se unam em prol da conservação. O programa desenvolvido pela agência promove a troca de conhecimentos e gera benefícios científicos que são benéficos para a população em geral.  Em 2024, a AICS continuará a apoiar a realização de uma nova Summer School, garantindo assim que as futuras gerações tenham acesso contínuo à educação ambiental.

A jovem bióloga agradeceu ainda o apoio da Cooperação Italiana às mulheres e raparigas na ciência, salientando que “fornece recursos e oportunidades que ajudam a promover a igualdade de género e o avanço das mulheres nas carreiras científicas em Moçambique”.

Nádia Muchanga é um exemplo do papel importante que as jovens raparigas moçambicanas podem desempenhar na promoção da ciência para a conservação dos ecossistemas.  “Espero que a minha história inspire outras jovens raparigas moçambicanas a seguirem carreiras científicas, contribuindo assim para o progresso científico e tecnológico do país”.  No dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, Nádia salientou ainda que “As mulheres trazem perspetivas únicas que podem conduzir a novas descobertas e soluções inovadoras para os desafios enfrentados pelo país”.

 

* A AICS, em colaboração com a Universidade de Roma “La Sapienza”, a UEM e o MIMAIP, implementa “Mangrowth Preservation of Ecosystems for Sustainable Development”, com foco na Ilha de Inhaca e na Baía de Maputo (AID. 12432). Trata-se de um programa de 3 milhões de euros, aprovado em outubro de 2021, que compreende três componentes: apoio institucional e a coordenação; desenvolver a capacidade científica da Estação de Biologia Marinha da Inhaca (EBMI) e melhorar a sua capacidade técnica e científica para implementar estratégias eficazes de conservação da biodiversidade e restauração ecológica, com enfoque nos habitats de mangais; e reflorestação e gestão dos mangais da Baía de Maputo e o desenvolvimento de actividades geradoras de rendimentos.

 

[1] A báia de Inhaca é muito rico em biodiversidade terrestre e marinha. A grande diversidade de organismos e a fragilidade dos ecossistemas do arquipélago foram os dois factores cruciais que determinaram o estabelecimento das Reservas Florestais e Marinhas nas duas ilhas (Ilha de Inhaca e Ilha dos Portugueses) em 1965.

[2] Nas águas de Inhaca, encontram-se diversos peixes, incluindo garoupa, peixe-serra, peixe-papagaio e agulha. No entanto, a pesca intensiva pode levar ao desaparecimento dessas espécies, colocando em risco tanto a biodiversidade da ilha quanto a sustentabilidade da atividade pesqueira.

[3] Uma alternativa é o desenvolvimento da apicultura nos mangais. Em Inhaca, estão a estudar a possibilidade de produzir mel a partir do magal.

[4]Os  mangais desempenham um papel crucial na preservação do ecossistema, absorvendo dióxido de carbono da atmosfera, o que é essencial para combater as mudanças climáticas e proteger a rica biodiversidade costeira

Do conflito à agricultura: Evelina, um exemplo de renascimento graças ao programa DELPAZ

Em Moçambique, em particular no distrito de Gondola, na província de Manica, uma mudança positiva está a transformar vidas e comunidades graças ao programa DELPAZ. Este programa está a demonstrar o seu impacto concreto através de histórias de renascimento como a de Evelina, uma antiga guerrilheira envolvida no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração Social (DDR).

Testemunha desta transformação, Evelina partilhou recentemente a sua experiência através de um artigo publicado no jornal SAVANA. Da sua vida no conflito, está agora a enveredar por um novo caminho centrado na agricultura e no bem-estar da sua família. O seu testemunho é não só uma inspiração, mas também uma prova tangível do valor de programas como o DELPAZ na mudança de destinos e na regeneração de comunidades, e reflecte o sucesso de uma abordagem holística que vai para além da mera assistência, investindo no potencial humano e nos recursos locais.

O Programa DELPAZ procura coordenar esforços entre o governo, os parceiros e as organizações da sociedade civil para investir em infra-estruturas, desenvolvimento agrícola e empreendedorismo. Este esforço tem como objetivo relançar a economia das comunidades afectadas por conflitos em 14 distritos das províncias de Manica, Tete e Sofala. Graças ao financiamento da União Europeia e à implementação da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) em Manica e Tete; da Agência Austríaca de Desenvolvimento (ADA) em Sofala; com o apoio do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento do Capital (UNCDF), o DELPAZ apoia a criação de oportunidades para melhorar a vida de muitas pessoas.

Macfrut 2024 apresentada em Maputo

A próxima edição da Macfrut, prevista para o Centro de Exposições de Rimini de 8 a 10 de maio de 2024, foi apresentada em Maputo perante um grande grupo de operadores.

O evento contou com a presença de operadores moçambicanos; do Embaixador italiano Gianni Bardini; do Diretor do Instituto Comércio Externo (ICE) em Maputo, Paolo Gozzoli; do Chefe da Sede Regional da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) em Maputo, Paolo Sertoli, juntamente com alguns funcionários do Departamento VI da AICS e numerosos representantes de organizações internacionais, como a FAO e a UNIDO.

Moçambique, que já participou em várias edições da Macfrut no passado, tem uma necessidade absoluta e urgente de aumentar a sua produção de frutas e legumes e de criar uma cadeia de frio que é atualmente muito deficiente, de tal forma que mais de um terço da produção nacional se perde antes de chegar aos mercados. Os preços das frutas e legumes são muito elevados porque uma grande parte da produção é importada, principalmente da África do Sul, mas também de outros países da região ou mesmo da Índia e da China.

“A busca de tecnologia e bancos interessados em investir na nossa agricultura são as principais razões que nos levaram a participar na Macfrut”, comentou Alcides Cintura, representante do Conselho Empresarial Provincial da província de Manica, “mas gostaríamos que os organizadores e o sistema italiano nos ajudassem a trazer os jovens para assistir aos eventos da feira e ver com os seus próprios olhos que a agricultura não se resume a enxadas e sementes, mas oferece infinitas possibilidades”.

Jaime Comiche, representante da UNIDO, também sublinhou a necessidade de dar muita atenção à participação dos jovens, com visitas técnicas guiadas, que são extremamente importantes do ponto de vista educativo e de inovação.

Alberto Giani, chefe de equipa do sector agrícola do AICS Maputo, recordou como a participação anterior de altos funcionários do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) na MacFrut apoiou a elaboração do projeto do Centro Agro-Alimentar de Manica (CAAM) – um crédito concecional de 35 milhões de euros concordado com o governo italiano – cujo acordo está atualmente a ser assinado pelo governo moçambicano.

Na capital moçambicana, Valentina Piraccini e Chiara Campanini, representantes da Cesena Fiera, ilustraram as oportunidades que a feira oferece ao sector e a toda a cadeia de abastecimento de frutas e legumes, sublinhando que uma das actividades que levam a considerar a Macfrut como “aberta todo o ano” é o impulso de internacionalização que a feira realiza para toda a cadeia de abastecimento de frutas e legumes entre uma edição e outra. A novidade que foi apresentada em Maputo é a Academia Macfrut, a inovadora plataforma digital e educacional da Macfrut, que se destina aos profissionais do sector com vídeo-aulas destinadas a aprofundar temas de interesse global, cadeias de abastecimento individuais, técnicas de produção e tecnologias, funcionando como um verdadeiro hub para se manter conectado com o sector a nível internacional 365 dias por ano.

Federica de Gaetano, funcionária do Departamento VI da AICS, ilustrou a estratégia de cooperação italiana para o desenvolvimento rural e a segurança alimentar.

Do debate que se seguiu a esta “fase” de ilustração, os operadores presentes confirmaram o seu forte interesse em participar na Macfrut.

Inauguração da exposição o “O Corpo da Mãe” e do documentário “Barrigas”

No dia 10 de outubro de 2023, teve lugar a cerimônia de inauguração da exposição “Corpo da Mãe” e a exibição do documentário “Barrigas”, ambos produzidos pelo artista italiano Angelo Ghidoni (nome artístico Aghi), no âmbito de um projeto de emergência financiado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS). O evento organizado pela AICS em colaboração com a Embaixada de Itália em Maputo, teve lugar no emblemático Teatro-Scala e reuniu mais de 100 convidados, incluindo representantes do governo, membros do corpo diplomático, agências das Nações Unidas, estudantes, jornalistas, entre outros. A exposição estará aberta do dia 10 a 17 de Outubro de 2023.

A cerimônia teve início com um discurso Embaixador da Itália em Moçambique, Gianni Bardini, no qual  relembrou que “a história da cooperação italiana em Moçambique é profunda, em prol do país e dos mais desfavorecidos.” Destacou a importância de compartilhar histórias para “atrair a atenção e contribuir para um mundo mais equitativo e sustentável”, ressaltando que essas narrativas também “demonstram o profissionalismo, o compromisso e a dedicação da cooperação italiana”.

O Director da Sede AICS em Maputo, Paolo Sertoli, contextualiazou como essas obras artísticas são representativas de uma iniciativa que desempenhou um papel importante na melhoria das condições de vida das pessoas afetadas pelos ciclones Idai e Kenneth, beneficiando cerca de 400.000 pessoas, incluindo Rebeca, Mariazinha e Julieta, as protagonistas do documentário “Barrigas”. Referindo-se à próxima celebração do Dia Internacional da Mulher Rural (15 de outubro), Paolo Sertoli apelou a todos os presentes para trabalharem juntos no sentido de enfrentar os muitos desafios que as mulheres rurais enfrentam.

Em seguida, os visitantes puderam apreciar as 17 fotografias em preto e branco da exposição “O Corpo da Mãe,” na qual o artista Aghi explora a unidade corporal entre mãe e filho nas três províncias de Moçambique que beneficiariam da Iniciativa de Cooperação: Cabo Delgado, Manica e Sofala.

O evento prosseguiu com a projecção do documentário “Barrigas”, ambientado na Casa Mãe Espera em Manica. Essas instalações próximas aos centros de saúde desempenham um papel crucial no aumento dos partos seguros, contribuindo assim para a redução da mortalidade materna e infantil. O filme apresenta as experiências de três mulheres à medida que elas se preparam para dar à luz.

Após a exibição do documentário, abriu-se um espaço de diálogo e reflexão entre o artista Aghi e o público na plateia, no qual emergiu o importante papel social do filme, mesmo que ele se concentre em histórias de vida extremamente pessoais. O artista encerrou sua participação com o sincero desejo de em breve compartilhar o documentário com as protagonistas Rebeca, Mariazinha e Julieta.

Para ver o documentário, pressione  este link.

 

Celebrando 110 Anos do Museu de História Natural de Maputo com o Apoio da Itália

No dia 9 de Outubro de 2023, teve lugar a celebração dos 110 anos do Museu de História Natural de Maputo. O evento contou com a presença do Embaixador de Itália em Moçambique, Gianni Bardini, da Directora do Museu de História Natural, Lucília Chuquela, do Reitor da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Manuel Guilhermo Júnior, do titular da Sede Maputo da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), Paolo Sertoli, assim como representantes do Governo, Corpo Diplomático, agências das Nações-Unidas e sociedade civil.

O Museu, inaugurado em 1913 como Museu da Província de Maputo, ao longo dos anos, tornou-se num farol na preservação e promoção da rica biodiversidade e diversidade cultural de Moçambique. Por exemplo, ele abriga uma coleção de 175 mil insectos e conta com mais de 500 artefactos relacionados a diversas áreas, como dança, escultura, música, ourivesaria, cerâmica e cestaria. Além disso, é a instituição mais visitada de Moçambique, recebendo 32 mil visitantes por ano, o que o torna um importante polo turístico do país.

O Museu passará agora por uma reabilitação no âmbito do programa RINO, que é financiado pela AICS. Este projeto, com um financiamento de 9,5 milhões de euros, visa assegurar a conservação da biodiversidade e inclui o financiamento das obras de requalificação do Museu, as quais começarão no início de 2024 e e terão uma duração de pelo menos um ano.

No seu discurso, o Embaixador de Itália em Moçambique, Gianni Bardini, enfatizou que, uma vez reabilitado, o Museu se tornará “uma valiosa ferramenta educacional sobre a biodiversidade e os ecossistemas locais” e um “espaço importante para a pesquisa e formação de jovens investigadores”. Concluiu a sua intervenção destacando que a requalificação do Museu é “um projeto que representa uma perla da nossa cooperação, algo que perdurará, será benéfico e trará grandes vantagens para Moçambique”.

Por seu lado, Lucília Chuquela, a Directora do Museu, expressou a sua profunda gratidão pelo apoio contínuo do Governo da Itália à instituição, destacando ainda que quando as obras terminarem “vamos ter um Museu moderno, capaz de responder cabalmente as funções de educação, exposição e investigação”.  Já o Reitor da UEM, Manuel Guilhermo Júnior, desafiou a instituição a valorizar o investimento feito, de modo a “ tornar-se um Museu de referência em África e no mundo”.

Após a conclusão dos discursos, os visitantes tiveram a oportunidade de explorar os painéis expositivos que detalham o processo de requalificação do Museu. O evento encerrou-se com um concerto realizado pelo artista Rajih Ali.

 

Entrevista com o Professor Albino Duvane: A Cooperação entre a AICS e a REMOTELINE para a Inclusão de Pessoas com Deficiência Auditiva em Moçambique.

Hoje celebramos o Dia Internacional da Língua de Sinais, a data visa destacar a importância das Língua de sinais na garantia dos direitos humanos de pessoas com limitações auditivas.

 Em Moçambique, de acordo com os últimos dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2017, existem 68.000 pessoas com deficiência auditiva e mutismo. As pessoas com deficiência auditiva enfrentam vários desafios, incluindo a falta de uma língua gestual universalmente reconhecida. Em todo o mundo, existem mais de 300 variedades de línguas gestuais, o que torna a comunicação mais complexa para as pessoas que crescem em diferentes regiões. Esta diversidade linguística acrescenta mais barreiras à comunicação, a par de limitações na educação inclusiva e do risco de discriminação.

Para assegurar o acesso à informação para pessoas com deficiência auditiva, a AICS tem colaborado com a empresa moçambicana REMOTELINE. Por exemplo, durante a Conferência Nacional de Educação de Qualidade em julho, seis intérpretes da REMOTELINE proporcionaram tradução em Língua de Sinais em todas as sessões. Na FACIM, a AICS contou com dois intérpretes da REMOTELINE para traduzir palestras e o discurso do Embaixador de Itália em Moçambique, Gianni Bardini, no Dia da Itália.

Para comemorar o Dia Internacional da Língua de Sinais, realizamos uma entrevista com o Professor Albino Duvane, fundador da REMOTELINE. Durante esta conversa, exploramos os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência auditiva em Moçambique, discutimos potenciais soluções e examinamos o papel crucial que a cooperação desempenha na promoção da inclusão dessas pessoas. Para obter mais informações, continue lendo.

AICS Sede de Maputo: Antes de mais, queria agradecer-lhe a sua disponibilidade. Como surgiu a necessidade de estudar as línguas de sinais?

Professor Albino Duvane: Uma vez, eu estava com um colega a fazer um trabalho de sensibilização sobre a malária na Província de Gaza. Numa casa encontramos uma pessoa com deficiência auditiva, como não conhecia a Língua de Sinais, não pode partilhar informação de como proteger-se desta doença. Fiquei muito frustrado por não conseguir interagir com esta pessoa e partilhar esta mensagem importante.

Isso me deixou com um sentimento de culpa e acendeu uma chama de responsabilidade social. Eu percebi que a pessoa com deficiencia auditiva não tinha culpa de não poder ouvir ou falar oralmente; a responsabilidade de ajustar a comunicação era minha. Decide aprender a Língua de Sinais.

AICS Sede de Maputo: Conte-nos então como aprendeu a língua de sinais?

Professor Albino Duvane: A minha aprendizagem teve lugar com um jovem com deficiência auditiva que esteve na minha aldeia ensinando a lingua de sinais numa convenção religiosa. Ele compartilhou alguns conhecimentos básicos comigo, mas só pôde ficar por três dias. Após isso, fiz pesquisas online para aprender mais sobre a língua de sinais americana, embora tenha tido que adaptá-la às necessidades da nossa comunidade, pois os sinais locais eram diferentes. Naquela época, não havia uma escola de língua de sinais em Maputo, foi um processo autodidata, com orientação de algumas pessoas.

AICS Sede de Maputo: Quando comecou a trabalhar para a inclusão das pessoas com deficiência auditiva?

Professor Albino Duvane: Quando vim para Maputo, comecei a auxiliar no Hospital Central de Maputo, onde uma amiga médica trabalhava. Eu ajudava na interpretação quando havia doentes com deficiencia auditiva.

Colaborei com a Associação dos Surdos e trabalhei em parceria com o FAMOD (Fórum das Associações Moçambicanas de Pessoas com Deficiência). Isso me permitiu entender melhor como as pessoas com deficiência lidam com suas dificuldades diárias, especialmente em relação à comunicação. Essa experiência criou em mim um forte senso de responsabilidade e um desejo de criar algo que pudesse ajudá-las.

AICS Sede de Maputo : Como surgiu então a ideia de fundar a REMOTELINE?

Professor Albino Duvane : Com a chegada do COVID-19 em 2020, já não podia mais ajudar presencialmente os doentes no Hospital Central de Maputo. Foi quando surgiu a ideia de prestar serviços remotamente, e assim nasceu a “RemoteLine”. A plataforma foi criada para continuar apoiando pessoas com deficiência auditiva, mesmo no contexto da COVID e de forma remota.

AICS Sede de Maputo: Durante quase três anos de existência, quais foram os sucessos da empresa?

Professor Albino Duvane: Fizemos um trabalho de advocacia e sensibilização com a Assembleia da República, solicitando que todas as sessões plenárias que passassem na Televisão tivessem interpretação em lingua de sinais. Desde 2021 que isso acontece, oque foi um grande êxito. Colaboramos também com a Embaixada dos Estados-Unidos da América, ensinando a todo o staff a linguagem de sinais, incluindo o Embaixador. Por último referir que a FAMOD, além de ser o nosso parceiro, é também cliente.

AICS Sede de Maputo: Oque significa para a REMOTELINE e para si colaborar com a Cooperação Italiana? Como avalia a colaboração com a AICS no âmbito da FACIM e da Conferência Nacional de Educação de Qualidade ? 

Professor Albino Duvane: É uma grande honra trabalhar com a Cooperação Italiana. A Itália é um grande exemplo  na inclusão de pessoas com deficiência. Trabalhar com vocês proporciona oportunidades de melhoria das nossas intervenções em prol das pessoas com deficiência auditiva.  É também uma oportunidade para dar continuidade aos nossos projectos.

No que diz respeito à segunda pergunta, trabalhar em ambos os eventos foi de extrema importância. Os nossos intérpretes conseguiram realizar traduções simultâneas em Língua de Sinais para todas as conferências e mesas redondas da Conferência Nacional de Educação, cumprindo assim o lema do evento “Por uma Educação de Qualidade, Inclusiva e Equitativa em Prol do Desenvolvimento Sustentável’.

Além disso, foi uma grande honra participar na FACIM. Uma das nossas intérpretes sentiu-se profundamente honrada por realizar a tradução simultânea da intervenção do Embaixador da Itália em Moçambique, Gianni Bardini, no dia de Itália. Participar da FACIM também nos proporcionou a oportunidade de interagir com diversas entidades e apresentar a REMOTELINE, com o objetivo de promover a inclusão das pessoas com deficiência auditiva em Moçambique

AICS Sede de Maputo : Quais são as principais barreiras que as pessoas com deficiência auditiva enfrentam em Moçambique ?

Professor Albino Duvane: A questão da educação tem sido uma grande barreira para as pessoas com deficiência auditiva, principalmente no uso das línguas de sinais

O maior desafio enfrentado pelos surdos é quando não há língua de sinais disponíveis. Se eles forem a um hospital sem um intérprete, o diagnóstico e tratamento adequados se tornam problemáticos. Tudo se resume à questão da comunicação. A chave para superar essas dificuldades é garantir o acesso à língua de sinais em todos os serviços prestados.

AICS Sede de Maputo: Qual é a importância de ter datas, como o Dia Internacional da Língua de Sinais ?

Professor Albino Duvane: Estas datas são essenciais para refletir sobre a necessidade de apoio às pessoas com deficiência auditiva, lembrando que, apesar dos avanços sociais, ainda existem pessoas que precisam de atenção devido à negligência das suas necessidades de comunicação. Resumindo, estas datas são oportunidades para sensibilizar e lembrar a todos sobre a importância de apoiar as pessoas com deficiência auditiva.