Janete, a “guerreira” que se redescobriu na Casa da Mulher de Tsangano

O sorriso vibrante de Janete Mussone, espalha uma energia de descobertas e conexões durante a inauguração da Casa da Mulher de Tsangano, a primeira do género a ser entregue no âmbito da implementação do DELPAZ a uma comunidade remota da província de Tete, no centro de Moçambique, uma região antes assombrada por conflitos armados.

Entre danças e aplausos, Janete celebra as conquistas de brevemente poder vender o pão feito por suas próprias mãos [antes o pão era importado do Malawi] e o apoio que tem de outras 15 mulheres, no universo de 20 membros da Casa da Mulher que ela lidera, cujas histórias se cruzam para começar novas trajetórias e reconstruir sonhos, além de reafirmar seus direitos.

“É a primeira vez que temos essa casa em Tsangano, que agrega muitas atividades que vão mudar histórias de muitas famílias neste distrito”, aclara entusiasmada Janete Mussone, ela mesma que acabou de se redescobrir, enquanto desbrava com seu olhar firme os compartimentos que vão acomodar diversas iniciativas que ali se vão desenvolver.

A Casa da Mulher do distrito de Tsangano, é um espaço de acolhimento, escuta, capacitação e fortalecimento para mulheres e homens, com intuito de promover o crescimento económico local.

Além de ser um centro para oferecer apoio, a Casa da Mulher de Tsangano representa para cada mulher um lugar de orientação, proteção e respeito: foi inaugurada a 27 de Março de 2025, e contou com a presença de Anne-Ael Pohu, representante da Delegação da União Europeia em Moçambique.

“Aqui queremos fazer pão para o vender aqui mesmo Também faremos alguns negócios da machamba, como produção de hortícolas, para serem comercializadas aqui. Temos também uma sala de reuniões, para nossos encontros e aluguer para a comunidade, além de um armazém, que poderá ser alugado para guardar produtos agrícolas de comerciantes”, enfatiza Janete Mussone, o que vai responder as desigualdades ou a falta de oportunidade.

“Eu descobri que entre nós mulheres [da Casa da Mulher] havia muitos talentos escondidos, quer na culinária, quer na alfaiataria, porque estamos a fazer roupas incríveis, que vendemos a comunidade”, destaca Janete Mussone, acrescentando que “antes só era possível comprar essas roupas modelos a base de capulanas em Tete ou Maputo”.

A incubadora verde, campo de demostração agrícola e sistema de abastecimento de água multiuso, infraestruturas erguidas adjacentes à Casa da Mulher, vão revolucionar a agricultura, além de garantir água potável para a comunidade e irrigação para os campos da Casa da Mulher.

“Nesta machamba da Casa da Mulher, vamos trabalhar nós mesmas, e os produtos que vamos colher, serão vendidos e o dinheiro será investido aqui no restaurante da casa, mas também para atender a outras faltas que tivermos”, observa, enquanto arrola a diversidade de atividades.

Para ela, a Casa da Mulher é mais do que um espaço físico, é um símbolo de acolhimento, empoderamento e transformação, onde mulheres são ouvidas, valorizadas e fortalecidas para serem protagonistas de suas próprias histórias.

A Casa da Mulher faz parte da iniciativa do DELPAZ, um programa que tem desempenhado um papel crucial na transformação de vidas das comunidades abrangidas na província de Tete, concretamente nos distritos de Moatize, Tsangano e Dôa.

O programa une esforços para promover o desenvolvimento económico, social, com impacto visível nas comunidades mais vulneráveis.

DELPAZ, é um programa do Governo moçambicano, financiado pela União Europeia, implementado pela Agência Italiana de Cooperação Internacional (AICS) nas províncias de Manica e Tete, e pela Agência de Desenvolvimento Austríaca na província de Sofala; com o secretariado a cargo do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital.

 

Mulheres reiteram com grito “não à guerra” em acampamento solidário em Guro

Mais de 250 mulheres das províncias de Tete, Manica e Sofala reiteraram com um grito uníssono, “não à guerra”, na abertura a 15 de abril do segundo acampamento solidário promovido pelo Programa DELPAZ até 16 de Abril no distrito de Guro, na província de Manica, realçando que a paz e segurança estão a cooperar para sua consolidação económica.

O acampamento solidário de dois dias que decorre sob o lema “Mulheres de mãos dadas, construindo paz através do desenvolvimento económico inclusivo”, reúne no mesmo espaço mulheres de diferentes origens, trajetórias e histórias, para compartilhar saberes, fortalecer os laços de afeição e construir coletivamente ideias para a sua autonomia económica.

Num ambiente onde o protagonismo feminino floresce, elas admitem que os desafios enfrentados pelas mulheres no campo, na cidade e nas periferias podem serem agravados por conflitos, enquanto já assinalaram avanços gigantescos no seu empoderamento.

“Continuamos a encorajar a mulher na busca pela paz e segurança, porque é num espaço seguro onde ela consegue tomar decisões”, referiu Anchia Mulima, coordenadora da Levanta Mulher e Siga o Seu Caminho (LEMUSICA), que integra a Rede Feminina Centro.

Acrescentou que “a nossa expectativa neste acampamento é que as mulheres continuem a crescer economicamente. Daí o nosso grito [não à guerra]. A estabilidade económica vai reduzir a tripla violência de que as mulheres são vitimas: doméstica, física e económica”.

Para ela a violência, desigualdade, machismo, falta de acesso a terra, a moradia e aos direitos básicos devem ser parte da declaração deste ano, para que os decisores tenham em consideração as lutas das mulheres.

Outra participante, Inês Chifinha, coordenadora do grupo de mulher de partilha de ideia de Sofala (GMPIS), anota que “como o DELPAZ está no fim e estamos também a finalizar os acampamentos, queremos que as mulheres continuem a implementar os conhecimentos obtidos, nas várias áreas, para sua sustentabilidade económica”.

“Queremos que a mulher tenha autonomia económica, para não depender do governo e nem de projetos [que vem e vão], e use o conhecimento valioso na agricultura promovido pelo DELPAZ para sua riqueza”, enfatizou.

Enquanto embala o seu filho no colo, Elsa Francisco, olha o acampamento como um lugar de esperança, e aguarda sair dali diferente em conhecimento, com os calorosos debates nas rodas de conversa, cantos e partilhas.

Durante a tarde da terça-feira as mulheres debateram efusivamente temas como: conflitos armados, construção da paz inclusiva, economia da mulher e empoderamento económico, mudanças climáticas, género e agenda 1325, além da violência baseada no género.

Além dos debates, as mulheres visitaram a feira das mulheres, onde estão expostos produtos produzidos por elas com o conhecimento adquirido no âmbito do DELPAZ.

Para assegurar a inclusão de todas e todos o acampamento utiliza métodos feministas de base comunitária que se centram na utilização de uma abordagem transformadora, de diálogos nas línguas locais a fim de criar empatia e aumentar a autoestima e espaços seguros como a lareira das mulheres que se realiza na noite de 15 de Abril.

 Cada mulher chega ao acampamento, traz sua força, sua dor, sua luta, e sai mais forte, mais consciente e mais conectadas com as outras, que também sonham e lutam para um Moçambique melhor.

Este é o segundo acampamento solidário, onde as vozes e histórias das mulheres, como atores locais do DELPAZ, em Manica, Sofala e Tete, estão a ser partilhadas e escutadas, e que depois será elaborada uma declaração que garanta que as necessidades das mulheres sejam devidamente consideradas.

O primeiro foi realizado em Novembro de 2023, em Inhazónia, distrito de Barué, ainda na província de Manica.

O DELPAZ, um programa do Governo de Moçambique, financiado pela União Europeia, abrange os temas da Governação Local e do Desenvolvimento Economico Local para a consolidação da paz. Em estrita coordenação com os governos locais, e’ implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), com a colaboração de dois consórcios de organizações da sociedade civil liderados pela ONG Helpcode na Província de Manica, e pela ONG Save The Children na Província de Tete; enquanto em Sofala o programa é implementado pela Agência Austríaca de Desenvolvimento (ADA). Nas tres Províncias, o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital  (UNCDF) é responsável pela componente de governação local inclusiva.

A AICS financia também uma outra iniciativa chamada “Manica para as Mulheres”, coordenada pelo Progettomondo em parceria com CAM (Consórcio de Associações de Moçambicana), a Helpcode,  Fundação Micaia GMPIS, AITR (Associação Italiana de Turismo Responsável) e Legacoop Emilia-Romagna. “Manica para as Mulheres” visa promover a paz e o desenvolvimento sustentável e inclusivo na província de Manica através da participação das mulheres na economia rural, com foco nos sectores agrícola, comercial e de turismo rural nos distritos de Báruè, Macossa, Tambara e Guro.

Declaração de Guro “acelera” compromisso para o empoderamento da mulher

O acampamento solidário, realizado entre 15 e 16 de Abril, no distrito de Guro, na província de Manica, produziu a Declaração de Guro, que resultou dos calorosos debates em sessões plenárias e trabalhos em 10 grupos temáticos das mulheres de Tete, Manica e Sofala, para acelerar o compromisso para o seu empoderamento.

O segundo acampamento solidário do DELPAZ e primeiro do Projeto Manica Para as Mulheres, reuniu 287 participantes, dos quais 250 mulheres, e decorreu sob o lema “Mulheres empoderadas pela Paz, a inclusão social e o desenvolvimento económico local”.

 Na Declaração de Guro, que envolveu também os homens, que foram chamados a refletir e partilhar seu ponto de vista sobre os diversos temas debatidos e a dar apoio as mudanças nas relações de género (“Eles por elas”), as mulheres revelam um novo ciclo de descobertas, de fortalecimento e de renovação para sua autonomia económica.

Para elas, a Mulher continua a desempenhar um papel chave na produção e comercialização agrícola, por isso devem ser criadas oportunidades de acesso a terra e recursos, para ela gerir os seus rendimentos provenientes das colheitas. Mas também criar oportunidades de trabalhos formais, igualdade de género através da inclusão da mulher em sectores chaves de atividades, quer financeira, comercial, industrial e tecnológica.

A criação de cooperativas de negócio, o desenvolvimento de iniciativas de empoderamento económico direcionado às Mulheres e Raparigas, pode permitir que todas as pessoas tenham acesso ao dinheiro.

A Declaração de Guro recomenda que o acesso ao crédito seja mais expandido para as mulheres, e se responsabilizem pelo pagamento, além de que mulher deve ter voz no lar e ter oportunidade de ser escutada, sendo que o seu ponto de vista é importante quanto o ponto de vista dos homens.

As mulheres devem passar a denunciar as violências que acontecem nos lares depois o acampamento, mas também deve se melhorar a gestão dos casos de violências contra as Mulheres e penalização dos agressores.

Também há necessidade de se expandir a rede escolar, para que raparigas particularmente, possam concluir o nível médio escolar ou 12ª classe, mas também a formação técnico-profissional, para que possa aumentar a sua participação ativa em órgãos de tomada de decisão a todos os níveis.

Criar reservatórios de água para a irrigação: no DELPAZ funcionou como planeado, pois as comunidades criaram diques pequenas lagoas para ter reservatório, e assim enfrentar as mudanças climáticas, que se tornaram num obstáculo para as mulheres que dependem a agricultura de sequeiro.

Para assegurar a inclusão de todas e todos, o acampamento utiliza métodos feministas de base comunitária que se centram na utilização de uma abordagem transformadora, de diálogos nas línguas locais, a fim de criar empatia e aumentar a auto-estima, e espaços seguros (como a lareira das mulheres que se realizou na noite do dia 15 de Abril) com debates educativos e terapêuticos.

A governadora de Manica, Francisca Tomás – que participou do acampamento e fez o encerramento do mesmo – anotou que alcançada a Paz em Moçambique, “torna-se necessária e urgente” a união de esforços que possam resultar na criação de oportunidades as mulheres, sobretudo as vítimas dos conflitos armados (a maioria no acampamento), possam participar em pé de igualdade com as demais no processo de desenvolvimento das suas comunidades.

“A avaliar pela declaração final deste acampamento, como Governo Provincial, queremos reconhecer que esta iniciativa constitui uma plataforma ideal para a promoção da mulher como atora local”, enfatizou Francisca Tomás, realçando que o acampamento foi um espaço que possibilitou a construção de uma mulher cada vez mais líder.

 Este evento foi realizado pelo Grupo de Mulheres de Partilha de Ideias de Sofala (GMPIS), um dos membros do Consórcio que implementa o DELPAZ, em colaboração com Helpcode que lidera o programa em Manica, e “Manica para as Mulheres” que é liderado pelo Progettomondo e com as outras organizações parceiras (FDC, ProgettoMondo, UEM, LEGAcoop, UNCDF, EU e CAM).

Este é o segundo acampamento solidário, onde as vozes e histórias das mulheres, como atores locais do DELPAZ, em Manica, Sofala e Tete, estão a ser partilhadas e escutadas, e que depois foi elaborada a Declaração que garanta que as necessidades das mulheres sejam devidamente consideradas.

O primeiro foi realizado em Novembro de 2023, em Inhazónia, distrito de Bárué, ainda na província de Manica.

O DELPAZ, um programa do Governo de Moçambique, financiado pela Uniao Europeia, abrange os temas da Governação Local e do Desenvolvimento Economico Local para a consolidação da paz. Em estrita coordenação com os governos locais, e’ implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), com a colaboração de dois consórcios de organizações da sociedade civil liderados pela ONG Helpcode na Província de Manica, e pela ONG Save The Children na Província de Tete; enquanto em Sofala o programa é implementado pela Agência Austríaca de Desenvolvimento (ADA). Nas três Províncias, o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF) é responsável pela componente de governação local inclusiva.

A AICS financia também uma outra iniciativa chamada “Manica para as Mulheres”, coordenada pelo Progettomondo em parceria com CAM (Consórcio de Associações de Moçambicana), a Helpcode, Fundação Micaia, GMPIS, AITR (Associação Italiana de Turismo Responsável) e Legacoop Emilia-Romagna.

“Manica para as mulheres” visa promover a paz e o desenvolvimento sustentável e inclusivo na província de Manica, através da participação das mulheres na economia rural, com foco nos sectores agrícola, comercial e de turismo rural nos distritos de Báruè, Macossa, Tambara e Guro.

 

 

 

 

 

 

O mural da Paz no Instituto Agrário de Chimoio

O Instituto Agrário de Chimoio (IAC) ganhou um “Mural da Paz”, idealizado por centenas de estudantes vindos de todas as regiões de Moçambique, para numa expressão artística coletiva transmitir com cores vibrantes mensagens de harmonia, solidariedade e esperança.

A obra com o título “Unidos Pela Paz”, foi projetada por meio de cores entusiásticas, com símbolos universais da Paz como pombas, mãos dadas, educação, agricultura, conservação do meio e várias expressões culturais, e transformou um local comum no IAC em um ponto de reflexão e união. A ideia surgiu naturalmente durante o “Diálogos de paz”, o encontro organizado pelo DELPAZ , entre gerações organizado em Julho de 2024 onde estiveram juntos cerca de 800 jovens e adultos numa reflexão profunda sobre a Paz, conversando com Rogério Sitoe, Rafael Shikhani e Eva Trindade.

“É uma forma poderosa de mostrar que a Paz não é apenas um ideal abstrato, mas uma construção diária feita por todos. Com os dois debates que tivemos sobre a Paz aqui no IAC, conseguimos reunir ideias para aperfeiçoar a Paz criando este mural”, disse num sorriso discreto de vitória, Arlete Mapara, durante a inauguração do mural.

A estudante do curso da Agropecuária, participou do “Diálogos de Paz”, organizado pelo DEALPZ – Desenvolvimento local para a consolidação da paz,  e do Workshop “Uso da arte para Construção da Paz”, promovido pelo ProPaz – Cultura para Promoção da Paz, Reconciliação e Coesão Social.

O Mural “Unidos pela Paz”, é uma obra de arte colaborativa, fruto de compilação de sensibilidades e diversas opiniões colhidas nos dois encontros do DELPAZ e ProPaz com a comunidade estudantil do Instituto Agrário de Chimoio (IAC) e da comunidade ao redor de um dos mais antigos institutos agrários de África.

“Como formando, e tendo em conta que contribui para a implementação deste ‘Mural de Paz’, eu me sinto feliz, porque é sabido a paz traz alegria, traz harmonia, então viver em paz, sempre foi bom para qualquer pessoa”, destaca Chupicai Francisco, outro estudante a cursar Floresta e Fauna Bravia.

O mural da Paz, com seus elementos visuais cuidadosamente entrelaçados, ilustra a construção de um futuro de harmonia e prosperidade para o povo moçambicano.

A pintura reflete os valores de paz, reconciliação e coesão social, apresentando uma visão compartilhada de um futuro melhor, onde a união e a compreensão mutua são as forças que impulsionam o desenvolvimento coletivo.

Para Teodora Bomba, ponto focal de Desenvolvimento Comunitário e Geração de rendas no projeto ProPaz, e representante da CISP, que lidera o Consórcio ProPaz, anota que a escolha de IAC foi estratégica por: “receber jovens de várias partes do país, e vários deles também passam por questões ligados aos conflitos”.

Mas também “o mural traz grandes benefícios para a comunidade estudantil, por ser um ponto de reflexão para todos os jovens, sobre a temática da Paz”.

Já Carlos Mairoce, representante da componente Italiana do Programa DELPAZ, realça que houve uma conjugação tripartida para a materialização do mural, entre o DELPAZ, ProPaz e IAC, num esforço mutuo que impulsiona o desenvolvimento coletivo.

A obra pintada pelo artista plástico Hamilton Roce, tem a pomba branca, símbolo universal da paz, que abre caminho para a superação dos conflitos, representando a força transformadora da paz.

O edifício do IAC surge como um marco da importância da educação técnico-profissional no desenvolvimento local e na transformação da comunidade. Em seguida o monte Cabeça do Velho se ergue como um símbolo de sabedoria ancestral, a união entre o passado e o futuro, destacando-se como um local histórico e cultural vital para a memoria coletiva

A celebração cultural é marcada por uma dança vibrante e o uso de instrumentos tradicionais que reflete a identidade do povo moçambicano, sendo um momento de união e valorização da sua cultura.

Em harmonia com esse espirito, as formas geométricas e as cores vibrantes no mural simbolizam a diversidade cultural e emocional da comunidade, celebrando a beleza das diferenças, e a união que eles geram, por fim, as mulheres na escola, são representadas como símbolo de em empoderamento feminino e inclusão, um reflexo da transformação das estruturas sociais e da busca por igualdade de oportunidade para todos.

O mural foi pintado no âmbito da implementação do DELPAZ, um programa do governo de Moçambique, implementado em Manica e Tete pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), em parceria com projecto ProPaz – Cultura para Promoção da Paz, Reconciliação e Coesão Social – cujo consórcio é liderado pelo Comité Internacional de Desenvolvimento do Povo (CISP) – e o Instituto Agrário de Chimoio (IAC).

A inauguração da obra do Mural da Paz coincidiu com o lançamento da Associação de Antigos Estudantes do IAC (AssanteIAC), que vigorosamente destacaram a importância da Paz para o desenvolvimento.

Célio Figueiredo animou os eventos com a sua guitarra e as suas canções sobre a Paz e Desenvolvimento do país.

Debate caloroso marca diálogo de Paz em Manica

Nesta quinta-feira, 18 de Julho, o pavilhão polivalente do Instituto Agrário de Chimoio (IAC) esteve colorido, em vestes e opiniões, que marcaram o debate caloroso do diálogo da Paz, promovido no âmbito do programa DELPAZ, pela Agência Italiana de Cooperação ao Desenvolvimento (AICS).

Académicos, estudantes oriundos de várias províncias do país, comunidades atingidas por conflitos nas províncias de Sofala, Manica e Tete, além dos beneficiários do DDR e seus familiares arrolaram de forma vigorosa os caminhos para a consolidação da Paz, que se resumem no diálogo, tolerância e harmonia.

Os mais de 800 participantes do “Diálogo de Paz”, que teve como oradores Rafael Chicane, Rogério Sitoe e Chiquinho Conde (de forma remota) e, moderação de Eva Trindade, concordam que a transição para a paz é um longo processo e deve ser participado pelas várias gerações representativas das várias regiões que compõem Moçambique.

Ao inaugurar o debate, o historiador, Rafael Chicane, “Professor Shikhani”, defendeu que “a paz não é apenas a ausência do conflito”, mas o respeito pelas diferenças; religiosas, culturais e até das condições sociais de cada cidadão, considerando por isso que a inclusão enfatiza a variedade de perspetivas e experiências dos povos de cada região do país.

A sociedade que não respeita as diferenças nunca vai viver em Paz”, sublinha o também pesquisador independente, que escreve extensivamente sobre História Contemporânea de Moçambique, política e conflitos africanos.

Ao intervir no painel, Rogério Sitoe, actual Presidente do Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS), com uma experiência de 38 anos no Jornal Notícias, de maior circulação no país, destacou haver pouco diálogo, por isso que Moçambique está numa situação de crises, com várias classes profissionais em greve e ou a convocar greve, reiterando que a intolerância continua a minar a paz no país.

“A tolerância para paz começa na forma como convivemos”, anotou Rogério Sitoe, defendendo a inclusão dos ex-guerrilheiros na construção da paz, sem os inferiorizar ou atribuir adjetivos.

Sitoe, que participa de forma ativa na Associação “Reconstruindo Esperança”, focada na reintegração de crianças-soldado, realçou que “o mais importante é prevenir o conflito, do que esperar para dialogar para Paz”.

Chiquinho Conde saudou calorosamente os participantes e contou a sua jornada como futebolista e como treinador. Despediu-se deixando esta mensagem:”A paz requer dedicação, disciplina. A paz cultiva-se!”

Os participantes, que manifestaram o orgulho de participar do debate, que refletiu a rica diversidade do país, insistiram na necessidade de haver um compromisso de estimular o crescimento da paz em Moçambique. Ao evento participaram os parceiros de DELPAZ da província de Manica e de Sofala.

Intervindo na plateia, Telma Humberto, que também é beneficiária do DELPAZ no distrito de Macossa (Manica), frisou a importância de fortalecer a harmonia social, porque, defendeu: “a paz não é só o calar das armas, mas uma convivência harmoniosa”.

A música de Djipson Mussengi animou o evento com a sua guitarra e as suas canções.

 

Os governos e comunidades locais satisfeitos com os avanços do DELPAZ na província de Tete

Na 5a reunião do comité provincial de coordenação do DELPAZ, que decorreu a 31 de Julho na cidade de Tete com a participação dos parceiros DELPAZ e um representante do MADER, foi realçado como com a implementação do programa foi melhorada a capacidade de resposta e responsabilidade dos governos locais nos distritos afetados pelos conflitos, enquanto houve reforço na promoção do diálogo social e político em apoio à paz e desenvolvimento a nível local.

Durante o comité foi realçado como a atitude de Paz de homens e mulheres, que são os protagonistas do DELPAZ, contínua pacífica graças ao incansável trabalho das lideranças locais.

Grande destaque foi dado ao acesso a água potável, sendo que todas as recomendações do anterior comité em Novembro de 2023 foram cumpridas, com a conclusão e entrega das 25 fontes manuais a igual número de comunidades dos distritos de Tsangano (11), Moatize (7) e Dôa (7), os três distritos da província de Tete onde DELPAZ é implementado.

O comité provincial de coordenação de Tete, que foi antecedido por uma visita de campo onde está em construção a escola de Chibaene (Chibaene), a casa da mulher (Maconje-sede) e um campo de demonstração em Ndidi.

O órgão avaliou de forma positiva o progresso das atividades do DELPAZ entre Novembro de 2023 e Junho de 2024, destacando a construção, reabilitação, extensão e apetrechamento de infraestruturas públicas.

Entretanto, os governos locais dos distritos afetados pelo conflito, adiantaram que os parceiros de implementação estão no terreno desde Novembro de 2022, e defenderam, durante a reunião do comité, que a extensão representaria uma oportunidade para levar à conclusão de todas as actividades já acordadas com os distritos.

Na componente de infraestruturas, tendo em conta o período de garantias das mesmas, uma vez estarem localizadas em áreas remotas das comunidades, consideraram que é necessário completar as infraestruturas previstas; três escolas, uma em cada distrito, sendo que as obras estão compostas por duas salas de aulas, um bloco administrativo, e três latrinas duplas.

As salas vão beneficiar 625 alunos em Moatize, 430 alunos em Tsangano e 406 alunos em Dôa. Igualmente três casas da Mulher, sendo uma por cada distrito, onde as mulheres e homens receberão treinamentos sobre várias matérias para o seu desenvolvimento social e econômico. Igualmente um posto de saúde deverá ser construído em Tsangano.

Na componente agrícola, é preciso um acompanhamento por mais um ciclo de produção para consolidar a transferência de tecnologia e assim medir o nível de produtividade e produção.

Já na componente de mercado, é necessário potenciar as relações dos mercados e as redes entre as comunidades beneficiárias do DELPAZ, para garantir a sustentabilidade das oportunidades criadas pelo programa.

Na província de Tete, o DELPAZ já beneficia de forma direta 30.000 pessoas, através de serviços eficazes e de infraestruturas melhoradas. Os beneficiários incluem ex-guerrilheiros e seus familiares, deficientes, mulheres, pequenos produtores do sector agrícola, jovens, além de funcionários públicos e provedores de instituições relevantes a nível distrital e provincial capacitados.

O embaixador Mário Ngwenya, director do Gabinete do Ordenador Nacional de Moçambique (GON), elogiou a forma como os governos distritais têm se apropriado do programa, e observou que a extensão do DELPAZ ultrapassaria os desafios de sustentabilidade dos investimentos até agora realizados.

 

 

 

Evelina, a ex-cozinheira de Afonso Dhlakama que usou pela primeira vez semente certificada

Como tradição familiar, Evelina Zacarias, tinha guardado no celeiro uma porção de grãos de milho da sua colheita para usar como semente na campanha agrícola seguinte, em 2023, mas as mudanças climáticas, que tem provocado seca na sua aldeia, desafiaram a prática.

Ph. André Catueira

“Sempre guardávamos os grãos que pareciam mais saudáveis. Isso é tradição, desde os meus avos, mas com as falhas do ciclo de chuva, as sementes germinavam e definhavam ao florir por causa do sol nesta fase e, perdíamos assim a maior produção, escapando uma e outra espiga” no campo, que depois era colhido e guardado novamente para sementeira, explica.

A ex-guerrilheira da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), foi reintegrada após sua recente desmobilização na aldeia em Zivale, localidade do interior de Muda Serração, distrito de Gondola, na província de Manica, onde além de se dedicar a família, ocupa-se da agricultura para se sustentar.

Ela filiou-se a uma associação de camponeses, no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) Social, e recebeu pela primeira vez semente certificada, através de uma linha de apoio do DELPAZ.

“Recebemos a semente certificada e lancei pela primeira vez no campo. Desconfiada, reservei uma parcela onde lancei a semente familiar (tradicional), mas tudo que germinou morreu por causa do sol. Toda a comida que tenho hoje saiu da semente certificada”, explicou.

“A semente certificada melhorou muito minha renda de produção no campo. Não tinha ideia de que a seca era provocada por mudanças climáticas, e que era preciso responder com novas técnicas agrícolas e sementes melhoradas que os técnicos do DELPAZ estão a nos ensinar”, observa, enquanto arruma molhos de capim, que vão cobrir um novo celeiro.

Evelina Zacarias, 50 anos, que se reintegrou em Zivale, combateu durante 18 anos pela guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), servindo como cuidadora dos filhos do líder histórico e depois como cozinheira de Afonso Dhlakama, e foi desmobilizada duas vezes, a última em Junho de 2020.

Evelina foi recrutada para a guerrilha aos 7 anos em 1981, na guerra civil que durou 16 anos, e foi desmobilizada pela primeira vez em 1994, pela missão de paz das Nações Unidas em Moçambique (Onumoz). Após 18 anos na vida civil, voltou a integrar a guerrilha para “lutar pela democracia” em 2012, quando Afonso Dhlakama convocou e reagrupou os ex-guerrilheiros na serra da Gorongosa, em Sofala.

Ph. André Catueira

“Fui recrutada juntamente com o meu pai em Mpunga e dai com o general Ossufo (Momade) partimos para Gorongosa, seguimos para uma base em Maringue e depois para Massala”, num trajeto feito durante meses a pé, conta, realçando que foi em Massala onde foi desmobilizada pela primeira vez.

Agora mãe de 8 filhos, todos nascidos durante os intervalos dos conflitos, teve um treinamento militar inicialmente para o combate, mas depois foi destacada a cuidar dos filhos do presidente Afonso Dhlakama, a quem também serviu como cozinheira mais tarde.

“Havia casas onde estavam as esposas do líder e as crianças, e nos cuidávamos deles. Lavávamos suas roupas nos rios e cozinhávamos para eles até a guerra terminar. O presidente Dhlakama vinha sempre lá onde estavam as esposas e filhos, e dava-nos garantias que um dia a guerra iria terminar, e isso sucedeu até que fomos desmobilizados pela primeira vez em 1992″, conta com uma energia invejável nos gestos.

A ex-guerrilheira lembra que na primeira desmobilização, voltou para a aldeia natal em Búzi, com uma catana, um machado, uma enxada e um cheque do banco, que nunca chegou a levantar, porque ardeu na palhota onde vivia durante uma queimada descontrolada.

Ela foi novamente desmobilizada no âmbito do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) – que resulta do acordo de paz assinado em 2019 – esta a dedicar a vida a família e a agricultura.

“Estamos a aprender a vencer a seca com novas formas de produzir e isso fara a nossa renda muito melhor para cuidarmos a nossa família”, revela Evelina, num habitual sorriso discreto que destaca os traços negros que atravessam o seu rosto.

Ela tem esperança de um dia mecanizar a sua agricultura, e abandonar a enxada de cabo curto, que usa para cultivar seus dois hectares de terra, exclusivamente dedicados ao cultivo de milho e gergelim.

Os ex-guerrilheiros fazem parte de milhares de beneficiários do Programa DELPAZ que está a assegurar a reintegração económica e social de todos os ex-combatentes, suas famílias e comunidades rurais atingidas pelo conflito para alcançar uma paz duradoura em Moçambique.

 

Cerimónia de graduação em Dôa forma novos profissionais em Electricidade e Construção

No dia 15 de outubro, a cidade de Dôa, localizada na Província de Tete, foi palco de uma cerimónia de graduação que celebrou a conclusão de 43 jovens bolseiros em cursos de Electricidade Instaladora e Pedreiros. Esses jovens, oriundos de diversas comunidades atendidas pelo programa DELPAZ, marcaram o início de uma nova fase profissional e pessoal, graças às competências adquiridas nas formações.

A cerimónia foi um momento de grande emoção, simbolizando o esforço e a dedicação dos formandos ao longo do processo de aprendizagem. Durante o evento, foram entregues kits de auto-emprego, compostos por ferramentas essenciais para que os graduados possam iniciar suas actividades profissionais com maior independência e segurança. Os kits incluem instrumentos para as áreas de electricidade e construção, dando aos formandos a base necessária para dar os primeiros passos nas suas actividades e aproveitar as oportunidades que surgirem.

A iniciativa tem como objetivo não apenas capacitar os jovens, mas também promover a autonomia financeira e o desenvolvimento comunitário nas áreas onde o programa DELPAZ actua. Através dessas formações, o programa contribui para a inclusão de jovens no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que fomenta o crescimento económico local.

Com a conclusão dos cursos e a entrega dos kits de trabalho, esses jovens estão agora mais preparados para enfrentar os desafios do mercado e contribuir com suas habilidades para o desenvolvimento das suas comunidades.

A cerimónia em Dôa representa um passo importante para a realização dos objectivos do programa DELPAZ, que busca, por meio da educação e capacitação, oferecer novas oportunidades de emprego e desenvolvimento pessoal a jovens de diversas localidades da Província de Tete.

Marcos Augusto: a transformação pessoal e a criação de oportunidades para jovens na sua comunidade

Marcos Augusto, com uma trajetória semelhante à de muitos jovens da sua aldeia, em Mudima, no interior noroeste de Gondola, na província de Manica, concluiu a 10ª classe de escolaridade e ficou longos anos à espera de uma oportunidade de emprego no setor público.

Faltava-lhe apenas um ano de “esperança” para o sonhado emprego no Estado – já que a idade limite de admissão é de 35 anos – quando, no início do ano, se candidatou a uma vaga de formação na área de carpintaria, numa iniciativa do DELPAZ, um programa do governo de Moçambique implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), que dá especial atenção à criação de oportunidades para jovens, mulheres, ex-combatentes e suas famílias.

“Candidatei-me e fui apurado nas duas fases que antecederam a formação, e, juntamente com outros formandos, fomos levados para uma capacitação que iniciou a 15 de maio de 2024, tendo eu escolhido a área de carpintaria”, explicou Marcos Augusto, que está agora a cumprir um estágio de um mês.

Realçou que a formação na área de carpintaria foi um impulso necessário para protagonizar a sua própria trajetória. Desde então, começou a escrever a sua própria história – diz Marcos Augusto – ao abraçar com dedicação a oportunidade de formação na área de carpintaria, uma arte com a qual pretende criar o seu autoemprego e ajudar a sua comunidade remota.

Da minha localidade até à vila sede de Gondola são 18 quilómetros, e para alguém viajar para fazer caixão para enterros, ou para mandar fazer janelas, portas e outros artigos, tornava-se oneroso. Daí que pensei em ser um carpinteiro da minha localidade”, argumentou.

O aprendizado na área, afirmou, foi essencial para pensar na construção de uma carreira de sucesso, que estará focada em ajudar a tirar do desemprego muitos jovens da sua aldeia, que se refugiam na criminalidade e no consumo de drogas.

“Há jovens que não estão a trabalhar, então, se eu apostar em autoemprego, com o kit a ser dado na formação e um pouco de valor, vou levar alguns jovens e empregar na minha carpintaria. Assim, esses jovens já não vão roubar nem terão vícios. Vão trabalhar na minha empresa, que pretendo que cresça”, defendeu.

A formação também proporcionou-lhe uma evolução que normalmente demoraria anos a alcançar, diz ele, observando que “já tinha uma inclinação para a carpintaria”, com base na convivência que tinha com o seu tio, que é carpinteiro.

“Gostaria que o projeto me desse material manual e eletrónico, porque o material elétrico é que faz mobília de forma mais rápida que o manual, o que ajudaria muito a atingir o meu objetivo de empregar muitos jovens da minha localidade que não estão a trabalhar”, adiantou.

Com a evolução de habilidades e confiança, Marcos Augusto agradece a oportunidade dada pelo DELPAZ e almeja que o programa alcance mais jovens das províncias atingidas pelo conflito armado.

Um total de 100 jovens já se beneficiaram de formação profissional nas áreas de carpintaria, serralharia, construção civil, mecânica e corte e costura nos cinco distritos de implementação do DELPAZ na província de Manica.

Eneida, a jovem eletricista que quer transformar a sua pacata vila com iluminação inteligente

Impulsionada com o gosto pela eletricidade, Eneida Piedade Domingos, 24 anos, ganhou inspiração para transformar com iluminação inteligente sua pacata vila no interior do distrito de Guro, após beneficiar-se do curso de eletricidade instaladora, promovida no âmbito da implementação do programa DELPAZ.

Filha de um ex-guerrilheiro da Renamo, diz que o conflito armado no seu distrito atrasou o desenvolvimento, mas também a forma de iluminação, que está desalinhada com a harmonia da luz, quando comparado com cidades evoluídas do país e do mundo.

“Essa foi a oportunidade que encontrei para me formar”, ela afirma, ressaltando que isto lhe permitiu ganhar conhecimento para tornar realidade seu sonho de ver a sua vila utilizando tecnologias na iluminação de casas e ruas. Ela destaca que, embora essa técnica já esteja sendo aplicada em outros lugares do mundo, ainda é pouco utilizada no seu distrito.

“O exemplo do uso de fotocélula nas casas, permite que o interruptor acione num determinado horário e o lugar seja iluminado sem precisar da presença humana”, além do uso de lâmpadas inteligentes controladas por aplicativos para poupar o consumo de energia nas casas, explica entusiasmada.

Enfatizou que “a formação me ajudou a ter ideias para fazer mudanças no meu distrito, como passar a usar coisas que muitas pessoas estão a usar no momento”, em cidades evoluídas.

Eneida finalizou o nível médio sem ter tido oportunidade de formação profissional, sobretudo, no ramo de eletricidade, sua paixão desde a infância e olha para a oportunidade como uma janela de mudança também para sua vida social.

“Eu sou mulher e consegui fazer o curso de eletricidade e então estou a encorajar outras mulheres para também seguirem este tipo de formação e conseguir ter emprego”, para ganhar independência económica e “não só esperar homens trabalhar”.

Insiste que a mulher deve ser ajudadora no lar e ser capaz por si só de sustentar a casa e “não apenas esperar no homem, esperar dinheiro de alguém, então ter formação é importante para conseguir sustentar a sua família”, anota, agradecendo o esforço do DELPAZ de poder dar oportunidade de formação aos jovens.

“Estou muito feliz agora, por o programa DELPAZ nos dar essa oportunidade de estudar, estou mesmo muito agradecida, pois apesar de que não foram todos os jovens formados no meu distrito formado, eu alcançarei outros jovens para ensinar e juntos conduzir a transformação para o distrito”, afirma Eneida Piedade Domingos.

Um total de 100 jovens já se beneficiaram de formação profissional nas áreas de carpintaria, serralharia, construção civil, mecânica e corte e costura nos cinco distritos de implementação do DELPAZ na província de Manica.

O programa DELPAZ dá especial atenção à criação de oportunidades para jovens, mulheres, bem como ex-combatentes e suas famílias.

Em todos os 5 distritos da província de Manica, milhares de pessoas já se beneficiaram do DELPAZ, que está a implementar projetos nas áreas de agricultura, infraestruturas e empreendedorismo, para assegurar a reintegração económica e social de todos os ex-combatentes, suas famílias e comunidades rurais atingidas pelo conflito para alcançar uma paz duradoura em Moçambique.

O programa do governo moçambicano e financiado pela União Europeia, e juntamente com UNCDF é implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) nas províncias de Manica e Tete, enquanto a Agência de Desenvolvimento Austríaca (ADA) em Sofala.