Janete, a “guerreira” que se redescobriu na Casa da Mulher de Tsangano

O sorriso vibrante de Janete Mussone, espalha uma energia de descobertas e conexões durante a inauguração da Casa da Mulher de Tsangano, a primeira do género a ser entregue no âmbito da implementação do DELPAZ a uma comunidade remota da província de Tete, no centro de Moçambique, uma região antes assombrada por conflitos armados.

Entre danças e aplausos, Janete celebra as conquistas de brevemente poder vender o pão feito por suas próprias mãos [antes o pão era importado do Malawi] e o apoio que tem de outras 15 mulheres, no universo de 20 membros da Casa da Mulher que ela lidera, cujas histórias se cruzam para começar novas trajetórias e reconstruir sonhos, além de reafirmar seus direitos.

“É a primeira vez que temos essa casa em Tsangano, que agrega muitas atividades que vão mudar histórias de muitas famílias neste distrito”, aclara entusiasmada Janete Mussone, ela mesma que acabou de se redescobrir, enquanto desbrava com seu olhar firme os compartimentos que vão acomodar diversas iniciativas que ali se vão desenvolver.

A Casa da Mulher do distrito de Tsangano, é um espaço de acolhimento, escuta, capacitação e fortalecimento para mulheres e homens, com intuito de promover o crescimento económico local.

Além de ser um centro para oferecer apoio, a Casa da Mulher de Tsangano representa para cada mulher um lugar de orientação, proteção e respeito: foi inaugurada a 27 de Março de 2025, e contou com a presença de Anne-Ael Pohu, representante da Delegação da União Europeia em Moçambique.

“Aqui queremos fazer pão para o vender aqui mesmo Também faremos alguns negócios da machamba, como produção de hortícolas, para serem comercializadas aqui. Temos também uma sala de reuniões, para nossos encontros e aluguer para a comunidade, além de um armazém, que poderá ser alugado para guardar produtos agrícolas de comerciantes”, enfatiza Janete Mussone, o que vai responder as desigualdades ou a falta de oportunidade.

“Eu descobri que entre nós mulheres [da Casa da Mulher] havia muitos talentos escondidos, quer na culinária, quer na alfaiataria, porque estamos a fazer roupas incríveis, que vendemos a comunidade”, destaca Janete Mussone, acrescentando que “antes só era possível comprar essas roupas modelos a base de capulanas em Tete ou Maputo”.

A incubadora verde, campo de demostração agrícola e sistema de abastecimento de água multiuso, infraestruturas erguidas adjacentes à Casa da Mulher, vão revolucionar a agricultura, além de garantir água potável para a comunidade e irrigação para os campos da Casa da Mulher.

“Nesta machamba da Casa da Mulher, vamos trabalhar nós mesmas, e os produtos que vamos colher, serão vendidos e o dinheiro será investido aqui no restaurante da casa, mas também para atender a outras faltas que tivermos”, observa, enquanto arrola a diversidade de atividades.

Para ela, a Casa da Mulher é mais do que um espaço físico, é um símbolo de acolhimento, empoderamento e transformação, onde mulheres são ouvidas, valorizadas e fortalecidas para serem protagonistas de suas próprias histórias.

A Casa da Mulher faz parte da iniciativa do DELPAZ, um programa que tem desempenhado um papel crucial na transformação de vidas das comunidades abrangidas na província de Tete, concretamente nos distritos de Moatize, Tsangano e Dôa.

O programa une esforços para promover o desenvolvimento económico, social, com impacto visível nas comunidades mais vulneráveis.

DELPAZ, é um programa do Governo moçambicano, financiado pela União Europeia, implementado pela Agência Italiana de Cooperação Internacional (AICS) nas províncias de Manica e Tete, e pela Agência de Desenvolvimento Austríaca na província de Sofala; com o secretariado a cargo do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital.

 

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