Domingas, Brígida e Cláudia, três mulheres que fazem a diferença

Domingas Joaquim Sabão, Brígida João Masitanisse e Cláudia Manuel foram as três protagonistas do Seminário de Promoção da Liderança Feminina na Prevenção de Conflitos em Gondola, no dia 12 de abril.

Elas são beneficiárias do programa DELPAZ na Província de Manica, e vieram respectivamente dos Distritos de Gôndola, Báruè e Guro, para participar no Seminário, juntas com Directoras de Serviços Provinciais e Distritais, Secretarias Permanentes, Administradoras, funcionárias publicas, empreendedoras, académicas.

O Seminário, organizado pelo Serviço Provincial da Economia e Finança da Província de Manica em parceria com UNCDF, teve lugar no dia 12 de Abril em Gondola, com o objectivo de refletir sobre a importância da liderança feminina na prevenção e resolução de conflitos, e na construção da paz, a partir das experiencias pessoais das participantes.

As protagonistas do DELPAZ também trouxeram seu testemunho, com intervenções tocantes e articuladas que, a partir da experiência do Acampamento solidário de Inhazonia, mostraram como os processos de empoderamento promovidos pelo programa podem contribuir para diminuir as discriminações baseadas no género.

“Havia violação dos direitos dos menores, em particular as raparigas quando terminavam a sétima classe não tinham como ir à escola secundária porque os pais não permitiam que estas crianças continuassem a estudar – também porque a escola ficava longe, e era considerado perigoso. E assim estas meninas depois entravam em casamentos prematuros. Mas a aprendizagem do acampamento permitiu trazer uma mudança de mentalidade na nossa comunidade, e já as meninas deixaram de casar, passaram a ir à escola secundária – contou a Brígida. Ela frisou ainda o seu papel como activistas na comunidade e que “conversamos com os pais dizendo que as meninas têm direito de continuar com a escola secundária e também têm direito, se quiserem, de ir à universidade”.

A Cláudia, por seu lado, abordou o assunto da dependência económica, que pode ser mitigada por iniciativas que promovem o empoderamento económico das mulheres: “Nós mulheres, na minha comunidade, antes ficávamos em casa a lavar e cozinhar; o dinheiro em casa era escondido: não tínhamos acesso, tínhamos de pedir a toda a hora. Os homens são muito expertos, escondem dinheiro. Mas agora eu também consigo ter meu rendimento, compro o que acho devo comprar, dou o meu apoio económico, e consigo mostrar ao meu marido que eu também, como mulher, consigo contribuir para a renda familiar”.

Elas despertaram muita curiosidade e interesse no meio das participantes que quiseram saber como é que elas conseguiram produzir esta mudança de comportamento e de pensamento nos homens. A resposta da Domingas foi bem clara: “Não foi fácil. Quando falei com meu marido que eu precisava de documentação, ele respondeu ‘por acaso você é homem que vai ir à tropa? Este dinheiro é para fazer o quê?’”.  Para ela, o factor decisivo foi, justamente, o programa DELPAZ: “Eu queria entrar no projecto como membro da minha associação, mas os projectos são rigorosos e é importante ter documentação para não correr o risco de ficar fora. Portanto voltei a falar com meu marido: ‘estou a perder a possibilidade de entrar no projecto porque não tenho documentos, porque sem documentos não sou ninguém’. E ele finalmente percebeu que, de facto, era importante eu ter todos os documentos”.

O seminário foi também uma ocasião para partilhar, com todas as participantes, uma cópia da Declaração do Acampamento de Inhazónia, a fim de continuar a espalhar as vozes das mulheres e dos homens protagonistas do DELPAZ, e para reflectir sobre una dinâmica prometedora que está sendo observada nas comunidades onde se implementa o programa – ou seja, que os homens estão expressando de forma explícita o seu interesse em ser formados sobre assuntos de igualdade de género e empoderamento. Assim, o próximo passo vai ser uma primeira formação sobre este tema a ser dada nas Rádios comunitárias com as quais o DELPAZ colabora: assim, fiquem atentos as próximas actualizações!

 

Cerimónia de lançamento da primeira pedra para a construção da Escola Primária de Cabango, no distrito de Moatize

No dia 19 de Abril de 2024, a comunidade de Nkhondzi, localizada no Posto Administrativo de Zobbue, distrito de Moatize, participou do lançamento da construção de infraestruturas na sua localidade: a Escola Primária de Cabango.

A cerimónia, liderada pelo Administrador do distrito de Moatize, Eugenio Pedro Muchanga, marcou o início de um projeto ambicioso que visa melhorar as condições educacionais para os 625 alunos matriculados na escola.

A cerimónia teve início com práticas tradicionais que reflectem a cultura e a satisfação da população local. O Administrador, acompanhado pelos membros do consórcio implementador, pelos líderes locais, e pelos estudantes, dirigiu-se ao local da obra, onde foi feito o lançamento simbólico da primeira pedra. O empreiteiro responsável, Suli Construções, comprometeu-se a concluir a construção das duas salas de aula, um bloco administrativo e três latrinas duplas dentro de dois meses, garantindo a qualidade dos trabalhos.

Lindas apresentações culturais, incluindo uma peça teatral e danças tradicionais, enriqueceram o evento. Discursos foram proferidos pelo Administrador, pelo representante de Save the Children em Tete, João Simbine, pelo representante da WeWorld, Vincenzo Bevivino, bem como pelos directores de SDEJT e SDPI, o Chefe do posto e da localidade.

João Simbine explicou brevemente o propósito do programa, destacando a sua importância para a consolidação da paz e o desenvolvimento local. Financiado pela União Europeia, implementado na Província de Tete pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) através de um consórcio de ONGs liderado pela Save The Children, o programa DELPAZ é parte do acordo de paz entre o governo e a Renamo, assinado em 2019. Na Província de Tete, DELPAZ está a ser implementado em três distritos – Moatize, Doa e Tsangano – por quatro parceiros, nomeadamente: WeWorld-GVC, SEPPA (Agro-negócios & Consultoria), KUBECERA e Associação Amanhecer para Protecção de Terra e Recursos Naturais) e CEPCB (Centro de Estudos de Paz, Conflito e Bem-Estar),  com o objectivo de beneficiar comunidades locais e promover o desenvolvimento sustentável.

O lançamento da construção na Escola Primária de Cabango representa um marco importante para a comunidade de Nkhondzi e para o distrito de Moatize como um todo. Essa iniciativa demonstra o compromisso das autoridades locais e dos parceiros internacionais com a melhoria da educação e o desenvolvimento da região. Espera-se que essa infraestrutura recém-inaugurada proporcione um ambiente de aprendizado mais adequado e contribua para o crescimento e o bem-estar dos alunos e da comunidade em geral.

 

A reportagem de Rádio Moçambique: https://jmp.sh/mMbiwq1L

 

Cerimonia di posa della prima pietra della scuola elementare di Cabango nel distretto di Moatize

Il 19 aprile 2024, la comunità di Nkhondzi, situata nel posto amministrativo di Zobbue, nel distretto di Moatize, ha partecipato all’avvio della costruzione di un’infrastruttura nella propria località: la scuola primaria di Cabango.

La cerimonia, guidata dall’amministratore del distretto di Moatize, Eugenio Pedro Muchanga, ha segnato l’inizio di un ambizioso progetto volto a migliorare le condizioni educative dei 625 alunni iscritti alla scuola.

L’evento è iniziato con cerimonie  tradizionali che riflettono la cultura e la soddisfazione della popolazione locale. L’Amministratore, accompagnato dai membri del consorzio, dalle autorità tradizionali locali, e dagli studenti, si è recato al cantiere, dove ha avuto luogo la posa simbolica della prima pietra. L’appaltatore incaricato, Suli Construções, si è impegnato a completare la costruzione delle due aule, del blocco amministrativo e delle tre latrine doppie entro due mesi, garantendo la qualità del lavoro.

Bellissimi spettacoli culturali, tra cui una rappresentazione teatrale e danze tradizionali, hanno arricchito l’evento. I discorsi sono stati tenuti dall’Amministratore, dal responsabile del programma DELPAZ Tete, João Simbine, dal rappresentante di WeWorld, Vincenzo Bevivino, nonché dai direttori di SDEJT e SDPI, e dagli amministratori della località.

João Simbine ha spiegato brevemente lo scopo del programma DELPAZ, sottolineandone l’importanza per la costruzione della pace e lo sviluppo locale. Finanziato dall’Unione Europea e attuato nella provincia di Tete dall’Agenzia Italiana per la Cooperazione allo Sviluppo (AICS) attraverso un consorzio di ONG guidato da Save The Children, il programma DELPAZ fa parte dell’accordo di pace tra il governo e la Renamo, firmato nel 2019. Nella provincia di Tete, DELPAZ viene attuato in tre distretti – Moatize, Doa e Tsangano – da quattro partner: WeWorld-GVC, SEPPA (Agribusiness & Consultancy), KUBECERA e Associação Amanhecer para Protecção de Terra e Recursos Naturais) e CEPCB (Centro per gli studi sulla pace, i conflitti e il benessere), con l’obiettivo di beneficiare le comunità locali e promuovere lo sviluppo sostenibile.

L’avvio della costruzione della scuola primaria di Cabango rappresenta un’importante pietra miliare per la comunità di Nkhondzi e per l’intero distretto di Moatize. Questa iniziativa dimostra l’impegno delle autorità locali e dei partner internazionali per migliorare l’istruzione e lo sviluppo della regione. Si spera che questa nuova infrastruttura fornisca un ambiente di apprendimento più adeguato e contribuisca alla crescita e al benessere degli studenti e della comunità in generale.

Il servizio di Rádio Moçambique: https://jmp.sh/mMbiwq1L

 

Lurdes, a ex-guerrilheira que alimentava uma companhia, hoje produz para educar os filhos

Lurdes António, 68 anos, não teve acesso a educação formal na infância, como a maioria das mulheres daquela época nas zonas rurais de Moçambique. Foi recrutada para a base (de Minga), da guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em 1982, aos 26 anos. Teve treino militar em Mandie, no distrito de Guro, na província de Manica.

No auge da guerra civil, passou por cinco bases militares da guerrilha, e produzia comida nos campos agrícolas de civis e dos militares e cozinhava para a companhia, onde conheceu depois o seu marido, também ex-guerrilheiro.

“Minha tarefa era carregar bagagens dos militares e cozinhar para eles nas suas missões. Se nos dissessem vamos a um lugar, apenas carregávamos bagagens e seguíamos, e terminado o programa – quer seja de reconhecimento ou ataque – regressávamos. Daí mandavam-nos para nossas casas e seriamos chamados quando houvesse um novo programa”, conta.

A seca e a fome severa atingiram Moçambique no final dos anos 80, e um “sofrimento terrível” abalou a sua companhia, quando decidiu com o marido abandonar a guerra e seguir viagem para se instalar em Nhamadjiua, no posto administrativo de Nhampassa, no distrito de Barué, província de Manica, onde foram depois desmobilizados com o fim da guerra em 1992.

“Em 2012 voltamos a responder ‘o chamado da revolução’, convocado pelo líder histórico Afonso Dhlakama”, que já vinha a denunciar falhas graves na implementação do Acordo Geral de Paz (AGP) de Roma.

Lurdes António voltou a ser desmobilizada junto com o marido em 2021, no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos ex-guerrilheiros da Renamo em Barué.

Desde então passou a se dedicar a agricultura e aprendeu novas técnicas agrícolas introduzidas com o Programa DELPAZ, que está a assegurar a reintegração económica e social de todos os ex-combatentes, suas famílias e comunidades rurais atingidas pelo conflito para alcançar uma paz duradoura em Moçambique.

“O DELPAZ veio e está a nos ensinar. Fazíamos cultivos de forma rudimentar, com sementes tradicionais e tínhamos muitas perdas, mas agora estamos a usar técnicas agrícolas melhoradas, usamos linhas para as covas na sementeira, e já temos rendimentos para educar os nossos filhos”, explica avivada com as novas conquistas.

 

Comité provincial quer extensão do DELPAZ para assegurar sustentabilidade dos projectos em Manica

O comité provincial de coordenação do DELPAZ, em Manica, recomendou a extensão do programa por um ano, até 2025, para assegurar que todos os investimentos já realizados, em pessoal e infraestruturas sociais, se tornem sustentáveis e continuem a beneficiar as comunidades no fim da sua implementação.

O órgão de coordenação, reunido de forma híbrida (presencial e remota) no 5o comité provincial de Manica, a 29 de Maio, na sede distrital de Macossa, cujo debate foi dominado pela extensão do programa, aplaudiu os ganhos e o impacto social até agora conseguidos com a implementação do DELPAZ nos cinco distritos e sugeriu a aceleração da execução dos planos para recuperar o atraso.

Os membros do comité defendem que as comunidades precisam de mais tempo para se apropriar dos investimentos em curso, que estão a melhorar suas rendas e condições de vida, através de meios de subsistência, além de estar a impactar diretamente com as atividades agrícolas e infraestruturas públicas, como fontes de água, mercados, armazéns e outros.

“Tudo está a acontecer no fim, e para termos todos os ganhos que pretendíamos com o DELPAZ era importante replanificar”, para garantir que haja uma estratégia de saída e sustentabilidade, e que deve ser integrado nos planos dos distritos, vincou Adelaide Charles, Secretaria Permanente do distrito anfitrião.

“Estamos no caminho meio andado. Agora as coisas estão a animar porque estão a ser feitas, e precisamos garantir a sustentabilidade, porque a experiência que temos é que muitos projectos descontinuaram com a sua saída, e de nada vai servir se queremos contribuir na consolidação da paz”, reforçou Ernesto Lopes, director provincial de Agricultura e Pescas de Manica.

A Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), que implementa o DELPAZ em Manica e Tete, em parceria com um consórcio de organizações da sociedade civil liderado pela ONG italiana Helpcode, observou que a extensão do programa está em mesa e continua em aberto, tendo já sido abordada na reunião do Comité Nacional, decorrido a 24 de Maio em Maputo.

Em todos os 5 distritos da província de Manica, o DELPAZ está a implementar projectos nas áreas de agricultura, infraestruturas e empreendedorismo, para assegurar a reintegração económica e social de todos os ex-combatentes, suas famílias e comunidades rurais atingidas pelo conflito para alcançar uma paz duradoura em Moçambique.

Entretanto, o comité provincial de coordenação de Manica, avaliou de forma positiva o progresso das actividades do DELPAZ entre Novembro de 2023 e Abril de 2024, destacando a construção, reabilitação, extensão e apetrechamento de infraestruturas publicas, além de capacitação de 64 técnicos dos serviços públicos e 77 membros das comunidades para melhorar a governação local e meios de subsistência das comunidades.

Acesso à água

No período em alusão, a AICS anota que foram construídas seis infraestruturas hidráulicas, foram reabilitadas oito infraestruturas hidráulicas e foi convertido um sistema de bombeamento manual para solar, beneficiando mais de 19.000 pessoas, incluindo ex-guerrilheiros no âmbito do DDR. Do total dos beneficiários, 60% são mulheres.

No distrito de Barué foram construídas duas fontes de abastecimento de água que impactam directamente mais de 3.800 pessoas de duas comunidades, onde igualmente vivem 12 ex-guerrilheiros no âmbito do DDR.

Em Gondola, foram construídas duas fontes de abastecimento de água, que beneficiam mais de 1.200 pessoas de duas comunidades, onde esta enquadrado um antigo guerrilheiro.

Já em Macossa, foram reabilitadas oito fontes de abastecimento de água que tem impacto direto na vida de mais de 11.600 pessoas, incluindo 8 desmobilizados de guerra, enquanto que em Guro, foi construída uma fonte de abastecimento de água, que beneficia mais de 600 pessoas da comunidade.

No distrito de Tambara, foi construída uma fonte de abastecimento e convertido um sistema de bombeamento manual para bombeamento fotovoltaico beneficiando 2.700 membros de duas comunidades e cinco membros do DDR.

Outrossim, de um total de 13 comunidades dos cinco distritos que devem se beneficiar de furos multiuso, alimentados a energia solar, foram realizadas pesquisas geofísicas em Macossa, enquanto já foram executadas duas perfurações com sucesso em duas comunidades de Gondola, um furo positivo e um negativo em Barué, dois furos em Guro, e concluídas as perfurações nas três comunidades de Tambara.

Agricultura

Na área agrícola, prosseguiu a AICS, houve aumento da adoção de tecnologias e práticas agrícolas inteligentes para o incremento da produção e produtividade, com a assistência das instituições locais para serem “incubadoras verdes”, tendo sido beneficiadas 51 associações agrícolas.

Igualmente foram instalados 47 campos de demonstração, para milho, mapira, feijão, nhemba e amendoim, tendo sido entregues sementes certificadas. Também foram entregues sementes certificadas de hortaliças e feijão vulgar e distribuição de materiais de produção. Igualmente foram instalados 18 de multiplicação.

Foram igualmente implantados cinco pontos verdes, sendo um por cada distrito, onde alem de infraestruturas de rega e incubadoras (sombrite), é dada a assistência técnica regular na produção e comercialização.

Ainda na componente agrícola, foram construídos corredores de tratamento para animais, reabilitação de um tanque carracicida em Guro e Macossa, e reabilitação de um mercado e armazém distrital de Macossa para viabilizar a produção agrícola.

Foi montado um sistema de rega em Guro, e instalado um sistema de irrigação gota a gota e de um sistema de irrigação por gravidade em Tambara.

Formação

Foram realizados treinamento de associativismo e liderança. No âmbito da melhoria da prestação de serviço de atores públicos, privados e da sociedade civil, foram formados 64 técnicos dos serviços públicos dos 5 distritos sobre direitos humanos, cidadania, literacia financeira, governação participativa e proteção de abuso sexual.

Igualmente foram formadas 77 pessoas em direitos humanos, igualdade de género, liderança, mudanças climáticas, empoderamento económico e gestão de negocio e poupança, no âmbito da criação de capacidade local.

Foram criados também 7 grupos de poupanças nas associações de produtores para suportar o empoderamento das mulheres e a inclusão social ao nível distrital e comunitário.

Foram também concluídos 2 ciclos de formação, que abrangeu 131 jovens pequenos agricultores dos distritos de Barué e Guro (20% deles são familiares de ex-guerrilheiros no âmbito do DDR) nas áreas de técnicas de produção agrícola, animal e de conservação de produtos agrícolas, em parceria com o Instituto Agrário de Chimoio (IAC), a instituição mais antiga do ramo em Moçambique e em África.

 

 

 

 

Histórias de Moçambique sobre o desmantelamento do discurso de ódio

Dia Internacional da Educação

As guerras e as feridas infligidas pela violência armada deixaram uma marca indelével nas comunidades de Moçambique. Neste contexto difícil, Hélder e Ana, dois meninos da província de Tete, representam a força e a esperança de quem sonha com um futuro melhor. A sua história, simbolizada por um lápis, uma folha de papel e um banco de madeira, reflecte a sua determinação em ultrapassar as adversidades e construir um percurso educativo apesar dos desafios.

Fugir para o Malawi era a única opção para muitas famílias da zona, obrigadas a abandonar as suas casas devido à guerra. As escolas da zona foram encerradas, privando as crianças do seu direito à educação. “Quando assinaram o acordo de paz, pudemos finalmente regressar a casa e à escola“, disseram-nos, com um sorriso.

A assinatura do Acordo de Paz em 2019 marcou um momento crucial, permitindo que Helder e Ana regressassem a casa e à escola e retomassem a sua educação. Este acontecimento sublinha a importância crucial da resolução dos conflitos armados para garantir o direito à educação para todos, especialmente para as crianças, cujo futuro é frequentemente ameaçado pela violência.

As histórias de renascimento não são apenas individuais, mas reflectem o tecido social mais vasto. O testemunho de Rita Saimon, uma mãe do distrito de Bárué, na província de Manica, fala da esperança no futuro que a educação dos seus filhos pode trazer. “Hoje podemos cultivar sem medo, podemos dar de comer aos nossos filhos antes de eles irem para a escola todas as manhãs“, disse-nos a Sra. Rita.

A paz tornou possível cultivar sem medo, assegurando o sustento adequado antes de as crianças irem para a escola todas as manhãs. “Isto inspira-me confiança de que o futuro deles será diferente do meu, e que cuidarão de mim na minha velhice se estudarem e encontrarem um bom emprego”, comentou a Sra. Rita, que não conhece a palavra ódio nem a palavra vingança. “Tudo isto é possível porque há paz e trabalhamos como uma comunidade e é isto que ensinamos aos nossos filhos”.

Desde a assinatura do Acordo de Paz de Maputo, em 6 de agosto de 2019, para a construção da paz e reconciliação nacional, também se registaram progressos através do programa DELPAZ – financiado pela União Europeia, implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) nas províncias de Manica e Tete; pela Agência Austríaca de Cooperação (ADA) na província de Sofala, com a participação do UNCDF – para reforçar a construção da paz.

O programa está empenhado em apoiar as comunidades locais na construção de sociedades pacíficas e sustentáveis, permitindo-lhes desenvolver as suas próprias capacidades de resolução de problemas de uma forma calma e reflectida. Para tal, é necessário dotar as comunidades de conhecimentos adequados e, acima de tudo, garantir que as crianças cresçam em ambientes seguros e recebam uma educação adequada.

Com o estabelecimento da paz, os direitos humanos podem ser exercidos de forma mais efectiva, incluindo o direito à educação.

Neste dia dedicado à educação e à luta contra o discurso de ódio, o testemunho do Helder, da Ana e da Rita recorda-nos que a educação é uma força transformadora, capaz de iluminar o caminho para um futuro melhor, livre de ódio e de conflitos, e é um apelo à construção de um futuro baseado na compreensão, na tolerância e na consciência da diversidade. Só através da educação podemos ter esperança de quebrar o ciclo da pobreza e ajudar a construir uma sociedade pacífica e próspera.

 

Pontos verdes (CDR) – Engajando pequenos Produtores como o Paulo Lequissio a aumentar sua renda por meio de Agricultura inteligente e estimulando a consciência na Inclusão

Paulo Lequissio, 60 anos, é residente na Comunidade de Mwanalirenji, posto Administrativo de Zobué, distrito de Moatize é casado com Sitifonia Mapios, mãe de 6 filhos. O senhor Paulo é beneficiário do Programa DELPAZ desde 2023.

“A primeira vez que ouvi falar do DELPAZ foi quando fomos convocados pelo nosso líder a participar de uma seleção de baixo das nossas mangueiras onde estavam alguns homens que nos falaram da agricultura de conservação e sobre Paz e reconciliação”, conta o senhor Paulo. “Fiquei muito interessado porque eles falavam de uma comunidade inclusiva e logo aceitei participar para aprender coisas que para mim eram novas”.

“Fomos informados que é possível produzir e obter bons rendimentos sem gastar muito dinheiro comprado medicamentos, adubos e sem gastar nosso milho para dar as mães de sachas como pagamento pelo trabalho”, continua o senhor Paulo, acrescentando que achou os argumentos tão convincentes que assim decidiu adoptar a título experimental as práticas de agricultura de conservação, poupanças e participar nos debates sobre a ’Paz, Reconciliação e inclusão’ “com nossos irmãos na comunidade vulgos DDR”. Foi assim que preparou uma área pequena de 1350m2 (30m x 45m) para produzir tomate e 800m2 (20mx40m) para produzir Feijão Vulgar.

O Sr. Paulo foi um dos beneficiários desta iniciativa. Recebeu catana, enxada, regado, semente de tomate e feijão vulgar com assistência técnica completa para implementação de agricultura de conservação.

Ainda em conversa, o senhor Paulo contou-nos que o rendimento que obteve na primeira experiência da prática de agricultura de conservação – usando a cobertura morta (mulching) e o biopesticida conhecido localmente por Manguala de folhas amargas (pesticidas biológicas) e o uso de Manhoa (esterco animal) nas suas parcelas, foi tão satisfatório que decidiu aumentar a área de cultivo usando as mesmas técnicas de Agricultura de conservação pelo menos para meio hectare. “Faz tempo que venho produzido tomate e feijão, porém na pequena área que preparei 1350m2 (0,135 hectare), usando 10g de tomate na variedade Rio Grande e a 1kg de feijão vulgar na variedade Catarina, distribuídos no âmbito de DELPAZ consegui 35 cestos de 30kg de tomate e 4 latas de feijão”.

No momento da colheita e venda de tomate e feijão o preço do mercado já estava muito baixo, contudo conseguiu ter um lucro de 7000 MT com a venda dos 30 cestos e duas latas de feijão. Com o lucro obtido a partir da venda desta produção foi possível comprar 30 galinhas, material escolar para os filhos, roupas, alimentação para casa e alugar carrinha de mão para puxar o esterco bovino para a machamba.

Segundo ele, antes do seu engajamento com DELPAZ não usava a agricultura de conservação porque nunca imaginou que fosse possível produzir sem que haja custos com pesticidas, adubos inorgânicos e também por desconhecimento das suas vantagens. No lugar da semente melhorada ele usava o grão selecionado da campanha anterior para a cultura de feijão, e usava uma taxa de sementeira muito alta o que infelizmente dava rendimentos muito baixo. Mas com os treinamentos sistemáticos promovido pelo DELPAZ nas comunidades sobre as práticas da agricultura inteligente produção sustentável, uso de compactos e densidade adequada, associado aos bons rendimentos obtidos, foi entendendo a necessidade do uso de factores de produção locais, como o uso das plantas locais para produção de pesticidas, esterco animal local para adubação e uso de mulching.

Na comunidade, ele considera-se um testemunho vivo do impacto da intervenção do DELPAZ: “Hoje, por experiência própria, sou testemunha do que a prática da agricultura de conservação usando Mulching, taxa de sementeira ideal, adubação orgânica e pesticidas orgânicas podem fazer em termos de sustentabilidade e rentabilidade’’.

O senhor Paulo, satisfeito com os resultados obtidos anteriormente, pretende aumentar a sua área de produção para um hectare (1 ha) em agricultura de conservação para produção de hortícolas e reza para que a chuva se faça sentir para ter bons resultados tendo em conta que ele não tem uma motobomba. Com o aumento dos seus rendimentos ele pretende iniciar uma poupança com a parte dos lucros de modo a conseguir concretizar futuramente o sonho de comprar uma camioneta para escoar os seus produtos pessoalmente sem ter de perder muita produção por falta de meio de transporte para escoar a sua produção.

O senhor Paulo está deveras satisfeito e deseja que o DELPAZ continuará apoiando a sua comunidade e agradece especialmente os técnicos que dia a dia estão com eles, no terreno.

 

Fazer as coisas acontecerem

“Espero que regressem a casa diferentes da forma como chegaram, que se sintam mudados: para que possam transformar as vossas vidas e as vidas das comunidades em que vivem. Façam as coisas acontecerem!” Foi com estas palavras que Hermenegildo Rodrigues Arnaldo, director do Instituto Agrário de Chimoio (IAC), encerrou no dia 13 de abril a cerimónia de entrega dos certificados de conclusão do primeiro curso de formação em ‘Produção agrícola, produção animal e técnicas de transformação’ a 72 jovens do Distrito de Barué, na Província de Manica.

O curso de formação profissional de curta duração, com a duração de duas semanas, contou com a participação de 18 mulheres jovens e 54 homens jovens, 20 dos quais provenientes de famílias beneficiárias do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), em aulas teóricas e práticas sobre temas como a agricultura de conservação, técnicas de irrigação, controlo de pragas, criação de animais e produção de alimentos para animais, e a transformação e conservação de produtos agrícolas.

Nas próximas semanas, mais 328 jovens dos Distritos de Gondola, Guro, Macossa e Tambara vão participar em mais quatro ciclos de formação sobre os mesmos temas – uma das actividades chave do projeto DELPAZ na Província de Manica, que prossegue agora com estágios nas associações de produtores com quem o DELPAZ trabalha sob a supervisão dos técnicos agrónomos dos Serviços Distritais das Actividades Económicas formados em 2023.

Realizado pela Progettoomondo, um dos parceiros do consórcio que implementa o projecto, o curso decorreu no IAC, um dos parceiros institucionais do DELPAZ e também um dos principais institutos de formação profissional do país, que acolhe estudantes de todas as províncias e os forma em áreas como Agronomia, Medicina Veterinária, Engenharia Florestal e Conservação da Fauna Bravia, desempenhando um papel crucial na integração social e capacitação dos jovens.

O dia foi animado e alegre, entre momentos oficiais e trocas mais informais, que permitiram conversar com os alunos e alunas, que mostram – como se pode ler nas linhas seguintes – que regressam a casa com ideias e perspectivas muito diferentes, mas todos com grande motivação, e com novas amizades.

 

“Saio daqui com a ideia clara de que quero ir para a suinicultura: é a parte do curso que mais me apaixonou e tem um grande potencial” (Jordao Jairosse, de 31 anos, da comunidade de Honde)

“Já sou agricultor, mas aprendi coisas que não sabia, como a transformação de produtos agrícolas, que é algo que quero começar a fazer, nomeadamente com a produção de óleo de sésamo” (Armindo Inoque Jose, de 31 anos, de Nhassacara)

“Apercebi-me que quero continuar a formação e a estudar, gostaria que o curso tivesse durado mais tempo, mas depois apercebi-me do que me interessa” (Micheque Albertino Januario, de 21 anos, da comunidade de Chuala)

“Queremos trabalhar em grupo, organizarmo-nos. Vamos precisar de apoio, de alguns fundos para os primeiros investimentos, mas temos de começar” (Niquilone Fevereiro, 22 anos, de Chuala)

“Eu tenho o meu próprio campo. Cultivo milho, madumbe (taro), tseke (amaranto), mapira (sorgo). Onde é que eu gostaria de estar daqui a um ano? Gostava que os meus produtos fossem vendidos em Chimoio, aqui mesmo na cidade, a toda a gente”.  (Rosa Zeferino Manejo, 30 anos de Nhassacara)

 

 

Investir nas mulheres: acelerar o progresso

No dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher em todo o mundo, queremos recordar a mensagem lançada por Amélia Andalusa, de Dunda, distrito de Macossa, na província de Manica, durante o primeiro acampamento de mulheres organizado pelo Programa DELPAZ em novembro passado: “O conflito é um trauma para as mulheres, em todas as partes da nossa vida. Mas agora queremos continuar a viver em paz e queremos ser emancipadas, fazer agricultura, pequenos negócios, criar animais, sabemos também que existe a emancipação económica digital, onde podemos usar os nossos telefones para fazer comércio”.

Este ano, de facto, o Dia Internacional da Mulher de 2024 centra-se no tema crucial “Investir nas mulheres: acelerar o progresso”.[i] Uma oportunidade para refletir sobre a importância de garantir os direitos das mulheres e das raparigas em todas as esferas da vida, reconhecendo que isso não só alimenta economias prósperas e justas, mas também ajuda a preservar um planeta saudável para as gerações futuras.

O relatório da ONU Mulheres salienta que para alcançar a igualdade de género nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável são necessários 360 mil milhões de dólares por ano.[ii] No entanto, a atenção não deve limitar-se ao aumento do financiamento, mas também à reforma das instituições a todos os níveis, para que a promoção do empoderamento das mulheres se torne uma prioridade política e um investimento público essencial.

Para “acelerar o progresso”, a ONU Mulheres sublinha a necessidade de garantir o acesso das mulheres aos recursos financeiros, à terra, à informação e à tecnologia. [iii]A promoção de um emprego decente e sustentável, o reconhecimento do valor do trabalho de assistência das mulheres, o combate à violência baseada no género e a promoção da participação das mulheres em todos os processos de tomada de decisão são acções fundamentais.

O programa DELPAZ, um programa governamental moçambicano financiado pela UE, gerido em colaboração com o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF) e a Agência Austríaca de Cooperação (ADA), e implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) nas Províncias de Manica e Tete, e ADA na Província de Sofala,  está empenhado em traduzir estes princípios em acções concretas. Trabalhando em estreita colaboração com as instituições locais, o DELPAZ promove investimentos em infra-estruturas públicas para reduzir as desigualdades no acesso aos recursos e melhorar o empoderamento das mulheres.

O DELPAZ adopta uma abordagem inclusiva, trabalhando na sensibilização da comunidade para a construção da paz, a inclusão social e o combate à violência baseada no género. A agência também está empenhada em criar oportunidades de autoemprego através de cursos de formação profissional e de apoio à criação de microempresas, com ênfase na capacitação económica das mulheres. E fá-lo começando com vozes, pontos de vista, a criação de espaços para as mulheres – elementos fundamentais da agency das mulheres.

Um dos exemplos tangíveis do empenhamento do DELPAZ é o Acampamento solidário no distrito de Báruè, província de Manica, que decorreu nos finais de novembro de 2023. Esta prática colectiva promove a solidariedade, a inclusão e a diversidade, reforçando o papel das mulheres como actores locais e construindo a sua liderança. Através destes acampamentos, as mulheres participam ativamente nos processos de tomada de decisão, identificam vulnerabilidades e necessidades e constroem alternativas concretas apoiadas pelo programa. Assim, queremos celebrar este 8 de março de 2024 partilhando a Declaração redigida pelas mulheres e homens que participaram no Acampamento Solidário.

Nesse dia, Amélia Andalusa foi muito clara: “Já temos o nosso grupo de poupança e precisamos de sensibilizar outras mulheres. É por isso que queremos mais campos como este! Deviam ser organizados em todos os distritos, replicados e realizados nas comunidades, porque é assim que capacitamos as mulheres e também os homens.”

A AICS intensifica os seus esforços através de iniciativas centradas no acesso das mulheres aos recursos financeiros, à terra e às tecnologias da informação e da comunicação (TIC). Projectos como o “Coding Girls” visam melhorar as competências das mulheres, abrindo novas oportunidades de acesso a empregos dignos nas TIC. Além disso, iniciativas como “As Mulheres do SUSTENTA” contribuem de forma concreta para a promoção da igualdade de participação e de liderança das mulheres nas zonas rurais.

O compromisso do AICS, tal como o do Programa DELPAZ, reflecte uma abordagem holística e orientada para a resolução das desigualdades de género, fornecendo soluções concretas e sustentáveis para garantir o bem-estar e o empoderamento das mulheres em 2024 e nos anos seguintes.

[i]   https://www.unwomen.org/en/news-stories/announcement/2023/12/international-womens-day-2024-invest-in-women-accelerate-progress

[ii] https://www.unwomen.org/en/digital-library/publications/2023/09/progress-on-the-sustainable-development-goals-the-gender-snapshot-2023

[iii] https://www.unwomen.org/en/news-stories/explainer/2024/02/five-things-to-accelerate-womens-economic-empowerment

 

Um embondeiro, uma pomba e as cores de Moçambique. DELPAZ com as comunidades

O símbolo escolhido para o programa de cooperação delegada DELPAZ é belo e fala as línguas do centro de Moçambique, as línguas de todos os moçambicanos que sonham com a paz e querem viver em paz, cansados de uma guerra que devastou as suas vidas.

Realizou-se no dia 27 de Junho no Chimoio a reunião do primeiro Comité de Coordenação da Província de Manica do programa DELPAZ, o programa de cooperação delegada financiando pela União Europeia, em diálogo permanente com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, com o objectivo geral de apoiar a consolidação da paz em 14 distritos afectados pelo conflito militar, em Manica, Sofala e Tete.

Todos os representantes dos cinco distritos da Província de Manica beneficiários do programa (Gondola, Bárue, Guro, Macossa e Tambara) estiveram presentes e participaram activamente, dissipando dúvidas e incertezas sobre o programa – no valor de 29 milhões de euros – que, nos próximos três anos, implementará acções concretas para o desenvolvimento sócio-económico nas três províncias de Moçambique mais directamente afectadas pelo conflito, que terminou com o Acordo de Paz e Reconciliação assinado em Agosto de 2019 entre o Governo de Moçambique e o partido RENAMO.

Trabalhando lado a lado com as comunidades, ouvindo as necessidades, desejos e sonhos das pessoas para que possam sentir-se parte activa da sociedade e poderem regressar à vida com serenidade. Os beneficiários da DELPAZ são governos locais, comunidades e famílias, com especial enfoque nas mulheres, jovens e ex-combatentes.

DELPAZ foi concebido com base em processos participativos, orientados pelos princípios de inclusão, pluralismo e justiça social porque consolidar a paz significa saber acolher, construir pontes, alargar horizontes, criar parcerias além fronteiras, “reconhecendo a ligação entre as nossas escolhas e o impacto nos outros”, nas palavras de Giulia Zingaro, Chefe de Equipa da AICS Maputo para o programa DELPAZ.

O DELPAZ é financiado pela União Europeia e implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) nas províncias de Manica e Tete, enquanto a província de Sofala está sob a responsabilidade da Agência Austríaca de Cooperação. Responsável pela componente de governação inclusiva nas três províncias é o Fundo de Desenvolvimento de Capital das Nações Unidas (UNCDF), actuando como secretariado para a implementação dos comités nos vários níveis.

Uma longa história de amizade e cooperação liga a Cooperação Italiana com a Província de Manica, uma história que será ainda mais enriquecida através do programa DELPAZ, que representa para a AICS o compromisso com o desenvolvimento sustentável e a promoção de uma cultura de paz, melhorando as condições de vida das comunidades rurais através do desenvolvimento económico local.

“Hoje mais do que nunca sabemos que sem paz não há lei, sem respeito pelo ambiente não há liberdade, sem igualdade não há justiça social, sem representação não há democracia, sem desenvolvimento não há paz”, disse Paolo Enrico Sertoli. – DELPAZ representa para a AICS o compromisso para o desenvolvimento sustentável e a promoção de uma cultura de paz”.

“A consolidação da paz a partir das realidades locais passa também pela definição de governação inclusiva e planeamento e orçamentação a nível local, capaz de identificar prioridades para a população e o território – sublinhou o Director da AICS Maputo – para aumentar o investimento público e a prestação de serviços básicos nas comunidades. Aprender a escolher entre grandes intervenções estruturais e intervenções mais pequenas mas necessárias; preservação e disseminação da cultura e actividades produtivas intensivas ou em larga escala; ambiente e obras em larga escala. Fá-lo-emos em conjunto, no decurso do programa”.