Curso Internacional Avançado para o Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Costeiras

A quinta edição do Curso Internacional Avançado para o Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Costeiras arrancou ontem na Delegação Tricase do CIHEAM Bari. Este ano, o programa acolhe uma delegação de 13 funcionários ministeriais de 10 países costeiros mediterrânicos e africanos, incluindo a Albânia, Argélia, Egipto, Quénia, Líbano, Moçambique, Senegal, Somália, Tunísia e Uganda.

Financiado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional (MAECI) de Itália, o curso é organizado pelo CIHEAM Bari com o apoio técnico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Comissão Geral das Pescas do Mediterrâneo (CGPM). O principal objetivo é apoiar a Transformação Azul e o Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Costeiras, promovendo uma abordagem integrada que tenha em conta as múltiplas dimensões da sustentabilidade e o equilíbrio entre a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconómico.

Durante a cerimónia de abertura, foi sublinhada a presença de peritos internacionais, bem como a participação da comunidade local. Em particular, as conclusões foram confiadas a Paolo Enrico Sertoli, Chefe do Gabinete de Maputo da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), que apresentou a mensagem da AICS Maputo de colaboração e apoio aos esforços de desenvolvimento sustentável em Moçambique.

A comunidade local acolheu a delegação internacional visitante, destacando o papel inclusivo e inspirador do Museu do Porto Tricase, onde a diversidade cultural promove a partilha de ideias e perspectivas para um futuro mais sustentável das comunidades costeiras globais. Esta quinta edição do curso oferece uma importante oportunidade de diálogo e cooperação entre especialistas, investigadores, decisores e comunidades locais, lançando as bases para um compromisso conjunto com a sustentabilidade ambiental e social.

Além disso, Paolo Enrico Sertoli destacou o papel crucial do AICS Maputo na promoção do desenvolvimento sustentável em Moçambique, afirmando que “através das iniciativas do AICS em Moçambique, está a ser promovida uma abordagem integrada para apoiar a Transformação Azul e o Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Costeiras”.

O Chefe de Gabinete da AICS Maputo sublinhou ainda que “o envolvimento activo do AICS Maputo na capacitação e apoio regulamentar reflecte o compromisso da Agência em apoiar Moçambique na adesão às convenções e protocolos internacionais, contribuindo assim para os esforços nacionais de gestão costeira e marinha sustentável.”

Este reconhecimento foi reiterado por Sertoli, que afirmou que “as iniciativas em curso lideradas pelo AICS Maputo, incluindo as propostas na província de Cabo Delgado, são exemplos tangíveis do compromisso da Agência em fomentar modelos de gestão participativa e sustentável, assegurando o envolvimento ativo das comunidades e instituições locais na conservação dos ecossistemas marinhos”.

O Curso conta com a presença de Ciro Novidade, actual Chefe do Departamento Central de Administração do Mar do Instituto Nacional do Mar (INAMAR, IP). A sua presença entre os participantes reflecte o empenho de Moçambique em contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades costeiras através da participação em iniciativas internacionais de formação especializada.

Comité provincial quer extensão do DELPAZ para assegurar sustentabilidade dos projectos em Manica

O comité provincial de coordenação do DELPAZ, em Manica, recomendou a extensão do programa por um ano, até 2025, para assegurar que todos os investimentos já realizados, em pessoal e infraestruturas sociais, se tornem sustentáveis e continuem a beneficiar as comunidades no fim da sua implementação.

O órgão de coordenação, reunido de forma híbrida (presencial e remota) no 5o comité provincial de Manica, a 29 de Maio, na sede distrital de Macossa, cujo debate foi dominado pela extensão do programa, aplaudiu os ganhos e o impacto social até agora conseguidos com a implementação do DELPAZ nos cinco distritos e sugeriu a aceleração da execução dos planos para recuperar o atraso.

Os membros do comité defendem que as comunidades precisam de mais tempo para se apropriar dos investimentos em curso, que estão a melhorar suas rendas e condições de vida, através de meios de subsistência, além de estar a impactar diretamente com as atividades agrícolas e infraestruturas públicas, como fontes de água, mercados, armazéns e outros.

“Tudo está a acontecer no fim, e para termos todos os ganhos que pretendíamos com o DELPAZ era importante replanificar”, para garantir que haja uma estratégia de saída e sustentabilidade, e que deve ser integrado nos planos dos distritos, vincou Adelaide Charles, Secretaria Permanente do distrito anfitrião.

“Estamos no caminho meio andado. Agora as coisas estão a animar porque estão a ser feitas, e precisamos garantir a sustentabilidade, porque a experiência que temos é que muitos projectos descontinuaram com a sua saída, e de nada vai servir se queremos contribuir na consolidação da paz”, reforçou Ernesto Lopes, director provincial de Agricultura e Pescas de Manica.

A Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), que implementa o DELPAZ em Manica e Tete, em parceria com um consórcio de organizações da sociedade civil liderado pela ONG italiana Helpcode, observou que a extensão do programa está em mesa e continua em aberto, tendo já sido abordada na reunião do Comité Nacional, decorrido a 24 de Maio em Maputo.

Em todos os 5 distritos da província de Manica, o DELPAZ está a implementar projectos nas áreas de agricultura, infraestruturas e empreendedorismo, para assegurar a reintegração económica e social de todos os ex-combatentes, suas famílias e comunidades rurais atingidas pelo conflito para alcançar uma paz duradoura em Moçambique.

Entretanto, o comité provincial de coordenação de Manica, avaliou de forma positiva o progresso das actividades do DELPAZ entre Novembro de 2023 e Abril de 2024, destacando a construção, reabilitação, extensão e apetrechamento de infraestruturas publicas, além de capacitação de 64 técnicos dos serviços públicos e 77 membros das comunidades para melhorar a governação local e meios de subsistência das comunidades.

Acesso à água

No período em alusão, a AICS anota que foram construídas seis infraestruturas hidráulicas, foram reabilitadas oito infraestruturas hidráulicas e foi convertido um sistema de bombeamento manual para solar, beneficiando mais de 19.000 pessoas, incluindo ex-guerrilheiros no âmbito do DDR. Do total dos beneficiários, 60% são mulheres.

No distrito de Barué foram construídas duas fontes de abastecimento de água que impactam directamente mais de 3.800 pessoas de duas comunidades, onde igualmente vivem 12 ex-guerrilheiros no âmbito do DDR.

Em Gondola, foram construídas duas fontes de abastecimento de água, que beneficiam mais de 1.200 pessoas de duas comunidades, onde esta enquadrado um antigo guerrilheiro.

Já em Macossa, foram reabilitadas oito fontes de abastecimento de água que tem impacto direto na vida de mais de 11.600 pessoas, incluindo 8 desmobilizados de guerra, enquanto que em Guro, foi construída uma fonte de abastecimento de água, que beneficia mais de 600 pessoas da comunidade.

No distrito de Tambara, foi construída uma fonte de abastecimento e convertido um sistema de bombeamento manual para bombeamento fotovoltaico beneficiando 2.700 membros de duas comunidades e cinco membros do DDR.

Outrossim, de um total de 13 comunidades dos cinco distritos que devem se beneficiar de furos multiuso, alimentados a energia solar, foram realizadas pesquisas geofísicas em Macossa, enquanto já foram executadas duas perfurações com sucesso em duas comunidades de Gondola, um furo positivo e um negativo em Barué, dois furos em Guro, e concluídas as perfurações nas três comunidades de Tambara.

Agricultura

Na área agrícola, prosseguiu a AICS, houve aumento da adoção de tecnologias e práticas agrícolas inteligentes para o incremento da produção e produtividade, com a assistência das instituições locais para serem “incubadoras verdes”, tendo sido beneficiadas 51 associações agrícolas.

Igualmente foram instalados 47 campos de demonstração, para milho, mapira, feijão, nhemba e amendoim, tendo sido entregues sementes certificadas. Também foram entregues sementes certificadas de hortaliças e feijão vulgar e distribuição de materiais de produção. Igualmente foram instalados 18 de multiplicação.

Foram igualmente implantados cinco pontos verdes, sendo um por cada distrito, onde alem de infraestruturas de rega e incubadoras (sombrite), é dada a assistência técnica regular na produção e comercialização.

Ainda na componente agrícola, foram construídos corredores de tratamento para animais, reabilitação de um tanque carracicida em Guro e Macossa, e reabilitação de um mercado e armazém distrital de Macossa para viabilizar a produção agrícola.

Foi montado um sistema de rega em Guro, e instalado um sistema de irrigação gota a gota e de um sistema de irrigação por gravidade em Tambara.

Formação

Foram realizados treinamento de associativismo e liderança. No âmbito da melhoria da prestação de serviço de atores públicos, privados e da sociedade civil, foram formados 64 técnicos dos serviços públicos dos 5 distritos sobre direitos humanos, cidadania, literacia financeira, governação participativa e proteção de abuso sexual.

Igualmente foram formadas 77 pessoas em direitos humanos, igualdade de género, liderança, mudanças climáticas, empoderamento económico e gestão de negocio e poupança, no âmbito da criação de capacidade local.

Foram criados também 7 grupos de poupanças nas associações de produtores para suportar o empoderamento das mulheres e a inclusão social ao nível distrital e comunitário.

Foram também concluídos 2 ciclos de formação, que abrangeu 131 jovens pequenos agricultores dos distritos de Barué e Guro (20% deles são familiares de ex-guerrilheiros no âmbito do DDR) nas áreas de técnicas de produção agrícola, animal e de conservação de produtos agrícolas, em parceria com o Instituto Agrário de Chimoio (IAC), a instituição mais antiga do ramo em Moçambique e em África.

 

 

 

 

Moçambique: acordo de parceria energética e aumento dos recursos financeiros para a cooperação

Maputo, 19 Mar – “A Itália pretende reforçar a cooperação com Moçambique, incluindo em novas áreas estratégicas como a inovação tecnológica e digital, a transição ecológica e as fontes de energia renováveis”, declarou o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Luigi Di Maio, durante a sua visita relâmpago a Moçambique para a assinatura do acordo de parceria energética entre os dois países.

“O compromisso italiano continua e este ano, por ocasião do 30º aniversário do Acordo de Paz (assinado em Roma a 4 de Outubro de 1992), estão previstos novos acordos para reforçar a parceria com Moçambique”, salientou o ministro, anunciando a próxima visita do Presidente da República, Sérgio Mattarella, à capital moçambicana “antes de Agosto”, também para analisar novas áreas de colaboração.

O aumento dos recursos financeiros para a cooperação internacional, dentro de um novo quadro programático plurianual para o desenvolvimento, dará continuidade ao apoio italiano à paz.

Giulia Zingaro, líder do programa DELPAZ, saudou o Ministro Di Maio em nome do novo director da AICS Maputo, Paolo Enrico Sertoli, convidando-o a voltar em breve para ver o trabalho da AICS em Moçambique.

Dia do Design Italiano no Mundo: em Maputo, Sustentabilidade e Resiliência no Design e Construção

Em Maputo, as iniciativas da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) foram os protagonistas das celebrações da sexta edição do Dia do Design Italiano no Mundo – Dia do Design Italiano, “Re-Geração”. Design e novas tecnologias para um futuro sustentável”.

O evento ‘Sustentabilidade e Resiliência no Design e Construção’ foi organizado pelo Instituto Comércio Exterior (ICE) em colaboração com a Ordem dos Arquitectos de Moçambique.

Com a UnHabitat, através da iniciativa Recuperação multifuncional e resiliente dos distritos de Ibo e Buzi, a AICS apoia as autoridades locais e a população a planear e reconstruir com resiliência edifícios públicos e privados gravemente danificados pelos intensos acontecimentos climáticos que têm afectado Moçambique nos últimos anos.

Aproveitando a forte parceria estabelecida entre a AICS e o Politecnico di Milano, estamos a trabalhar na concepção de um modelo habitacional de baixo custo, resiliente e sustentável para o bairro Chamanculo C em Maputo, onde a AICS está a intervir através do Programa #RIGENERA que visa anexar as áreas suburbanas informais ao tecido urbano de Maputo, a capital do país.

Espaço público, densidade, acessibilidade e infra-estruturas em áreas informais. A contribuição da AICS para o Fórum Urbano Nacional

A Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) participou no II Fórum Urbano Nacional que, organizado pelo Ministério da Administração Estatal de Moçambique com o apoio da UN-Habitat, teve lugar em Maputo de 31 de Março a 01 de Abril.

“Urbanização, uma prioridade para o desenvolvimento sustentável” foi o título escolhido para os dois dias de reflexão e debate para a preparação da participação de Moçambique no Fórum Urbano Mundial (26-30 de Junho em Katovice, Polónia) e para lançar as bases da Política Urbana Nacional do país.

Este é o segundo Fórum Urbano Nacional realizado em Moçambique, e segue-se à primeira edição realizada em 2016.

A urbanização deve fazer parte da agenda nacional e da política económica do governo do país. Esta é a convicção, e a tese subjacente, que orientou o debate em que participaram as universidades, o sector privado, a sociedade civil, especialistas em desenvolvimento urbano e parceiros estratégicos de cooperação.

Foram identificadas uma série de prioridades para a agência urbana nacional,: a promoção de maior equidade sócio-territorial; a redução da vulnerabilidade a catástrofes associadas às alterações climáticas; a promoção de um maior equilíbrio funcional entre espaço rural e urbano; a eliminação das barreiras existentes ao acesso equitativo à terra; uma melhor articulação entre políticas públicas; uma maior eficácia do processo de descentralização em curso no país; e a consolidação de linhas estratégicas de intervenção em zonas urbanas informais caracterizadas por uma baixa densidade populacional, que constituem uma parte predominante do ambiente urbano construído.

Precisamente sobre este último tema, foi a contribuição da AICS tendo sido convidada como parte do painel “Habitabilidade e Habitação” a apresentar a sua experiência em Moçambique em dez anos de intervenções de regeneração urbana em áreas de ocupação espontânea.

É precisamente sobre a infra-estrutura de processos que o Social Design System Thinking – um método tomado como referência pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento para as suas intervenções de regeneração urbana nos países parceiros – permeia o manual operacional recentemente elaborado pela Agência e destinado a criar uma abordagem metodológica em AICS com um “quadro de significado”.

“Intervir em contextos particularmente complexos, como os constituídos por ocupações territoriais informais mas fortemente consolidadas no espaço urbano, obriga-nos a abandonar lógicas e metodologias de intervenção linear ou unidimensional, e a não cair na tentação de abraçar definições demasiado simplistas da ‘cidade do futuro'”, disse Simona Mortoro, engenheiro especialista em Desenvolvimento Urbano e Infra-estruturas no escritório da AICS em Maputo, esclarecendo durante o seu discurso como as iniciativas financiadas pela AICS no campo do Desenvolvimento Urbano, no país, não se preocupam apenas com a infra-estrutura de áreas/ bairros, mas sim com a “infra-estrutura de processos cujos resultados se destinam a conduzir, também, à criação de infra-estruturas primárias”.

A AICS interveio no Fórum com o tema “Espaço público, densidade, acessibilidade e infra-estruturas em áreas informais” apresentando a metodologia de intervenção desenvolvida pela Agência, também graças à rica e consolidada rede de parcerias activada no sector de referência.

Ao longo dos anos, a Cooperação Italiana tem activado numerosas iniciativas destinadas a favorecer o desenvolvimento sustentável no sector urbano, através da regeneração integrada das áreas urbanas, incluindo a construção de habitações, a prestação de serviços e infra-estruturas sociais, a criação de oportunidades de emprego, a promoção de projectos sociais, a salvaguarda do património cultural e a protecção dos ecossistemas.
A AICS promoveu algumas experiências significativas, também para a regeneração de slums, incluindo no bairro informal Chamanculo C em Moçambique e no Quénia, no slum de Korogocho.

Obras de reabilitação do Centro de Saúde da Namaacha concluídas em breve

O Director do Escritório da AICS em Maputo, Paolo Enrico Sertoli, e a Administradora do Distrito de Namaacha, Suzete Alberto Dança, assinaram hoje o contrato para a segunda fase de reabilitação do Bloco Maternidade (Internamento e Salas de Parto) e do Bloco Ambulatório e Farmácia do Centro de Saúde de Namaacha. A entrega da obra concluída (com um valor total de aproximadamente 100.000 euros) será em Dezembro de 2022.

Os trabalhos de reabilitação, realizados no âmbito da iniciativa “AID”. 10897 – Programa de Apoio a Projectos Comunitários” (AID 10897), permitirá à população do Distrito de Namaacha ter um Centro de Saúde funcional.

As obras previstas para a segunda fase juntam-se à reabilitação do edifício principal (500 m2), concluída em 2020. Como parte da primeira fase, o edifício, que foi construído nos anos 40, recebeu, entre outras coisas um novo telhado (incluindo a estrutura de suporte do telhado e tecto falso), a reabilitação das casas de banho, um novo pavimento com revestimento em vinil, a substituição de janelas e portas, canalização e sistemas eléctricos, a revisão da lógica funcional interna, um novo sistema de iluminação interna e externa, a construção de casas de banho públicas externas com 3 compartimentos para homens, mulheres e pessoas deficientes, e a construção de um novo sistema de pavimento e rampa de acesso para facilitar a circulação de pessoas deficientes entre edifícios.

 

 

 

Aics encontra OSC em Maputo

Primeiro encontro do Dr. Paolo Enrico Sertoli com representantes de organizações da sociedade civil italiana que trabalham em Moçambique, Zimbabué e Malawi.

Encontro AICS-OSC

O encontro foi fortemente desejado pelo novo Chefe da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento – Escritório de Maputo, com o objectivo de fazer o balanço das actividades em curso e lançar as bases para o trabalho dos próximos meses para um planeamento mais estratégico da Cooperação Italiana, a elaboração de uma nova narrativa do desenvolvimento, um nível mais elevado de colaboração entre a Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) e as OSC.

Foi o primeiro de uma série de encontros planjeados para favorecer as soinergias entre Maputo, Gabinete Central e OSC para analisar em conjunto os desafios comuns, trabalhando em harmonia para alcançar os objectivos de desenvolvimento sustentável.

A reunião híbrida – online e presencial – contou com a presença de representantes das 32 OSC que trabalham na agricultura, saúde, educação e formação técnico-profissional.

Dia Mundial dos Oceanos: Juntos na Rota do Crescimento Azul

Hoje é o Dia Mundial dos Oceanos. O slogan deste ano é Revitalização: uma acção colectiva pelo oceano, um apelo para que todos tomem medidas para reparar os danos que a humanidade continua a infligir à vida marinha e aos meios de subsistência que o oceano proporciona.

Em Moçambique, o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas, organizou o seminário ‘Juntos na Rota do Crescimento Azul’ no belo Museo do Mar, desenhado pelo arquitecto José Forjaz, em Maputo.

O seminário contou com a presença de Paolo Enrico Sertoli, Director do escritório da AICS em Maputo, que está envolvio em programas de cooperação caracterizados por um forte interesse na gestão sustentável dos recursos marinhos e costeiros e dos mangais em particular, com, por exemplo, os programas “RINO: recursos, inovação e desenvolvimento para áreas de conservação”, “Mangrowth”, e “SECOSUD”.

Os oradores sublinharam a necessidade de aumentar constantemente a consciência pessoal e colectiva sobre a importância dos oceanos, as ameaças que enfrentam, o papel crucial que todos desempenham na sua utilização sustentável, e o apelo à acção para mudar atitudes no sentido de alcançar os objectivos da ODS14 através da investigação, conhecimento e acesso/gestão da informação como uma das ferramentas-chave para a elaboração de políticas eficazes e outros instrumentos de gestão sectorial.

Houve grande interesse em apresentações sobre uma série de iniciativas e instituições que trabalham na economia azul, tais como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável em particular promovida pela UNESCO, um documento que sublinha a importância da ciência para a conservação dos oceanos com o objectivo de promover a gestão sustentável dos recursos marinhos, promover a saúde humana, libertar o potencial de carbono azul e combater a pesca ilegal; Biofund (wwww. biofund.org.mz), a Fundação para a Conservação da Biodiversidade criada como um instrumento financeiro privado cujo objectivo é financiar a conservação da biodiversidade em Moçambique; Fundo ProAZul (www.proazul.gov. mz), um mecanismo de finanças públicas que trabalha em parceria com diferentes sectores do Estado, o sector privado e a sociedade civil para alinhar recursos estratégicos e financeiros com iniciativas eficazes para a utilização sustentável das águas interiores, do mar e do litoral, cujas principais áreas de intervenção são a gestão sustentável do litoral e dos mangais, a pesca e a aquicultura, a investigação sectorial, as infra-estruturas portuárias, o turismo e o desporto; Iniciativa Grande Muralha Azul da IUCN (https://www. iucn.org/news/secretariat/202111/global-launch-great-blue-wall), cujo objectivo é criar uma rede de áreas de conservação marinha para acelerar o progresso em direcção ao objectivo de proteger 30 por cento dos oceanos até 2030.

Em termos de documentos governamentais, foi apresentado, entre outros, o Plano de Ordenamento do Espaço Marítimo, que abrange todo o espaço marítimo de Moçambique e visa promover o ordenamento do espaço marítimo, respeitando os princípios da gestão integrada e do desenvolvimento sustentável; a Estratégia de Desenvolvimento da Economia Azul – derivada da estratégia similar a nível continental – importante para Moçambique para fomentar a concorrência no acesso aos recursos marinhos, aumentar as oportunidades de emprego, promover o investimento privado, a inclusão social e a educação ambiental; e a Estratégia e Plano de Acção Nacional para a Conservação da Biodiversidade em Moçambique, que visa, entre outras coisas, promover o bom estado ambiental do meio marinho, bem como a prevenção de riscos e a minimização dos efeitos resultantes de desastres naturais e alterações climáticas ou da acção humana.

Depois dos ciclones, a AICS distribui sementes e enxadas para recomeçar a agricultura

Gombe e Ana são os dois ciclones que atingiram violentamente Moçambique  em Março deste ano. Para além de causarem morte e devastação, comprometeram a produção agrícola de regiões inteiras. Ventos fortes e chuvas torrenciais forçaram as populações locais a afastarem-se das suas casas para lugares mais seguros. Além disso, a produção agrícola das populações rurais tem sido seriamente afectada, comprometendo a segurança alimentar de todo o país.

A Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), para além do programa de emergência já activo no país, respondeu ao apelo lançado pelas autoridades governamentais e pelos camponeses moçambicanos e distribuiu sementes e instrumentos agrícolas para evitar a crise alimentar.

O escritório da AICS em Maputo foi a Mutarara, na província de Tete, onde, juntamente com as autoridades locais, distribuiu 420 kits com sementes, uma catana e duas enxadas, para que os camponeses locais possam produzir quantidades suficientes apesar do atraso na sementeira.

Sinjal oyee! Fome ziiii! Os agradecimentos corais das mulheres e dos homens que receberam sementes de milho, feijão, abóbora, quiabo, couve, tomate, cebola, para se levantarem novamente após as suas perdas.

Para além dos desafios: a história de Berta Arlindo, empreendedora corajosa em Moçambique rural

Num distrito remoto de Moçambique, na província de Manica, Berta Arlindo, de 24 anos, destaca-se como uma verdadeira empreendedora, desafiando as adversidades locais para construir o próprio destino. Residente em Macossa, formada em contabilidade e auditoria pela Universidade de Chimoio, Berta decidiu enfrentar a situação do desemprego de frente e iniciou um negócio de criação e venda de frangos no ano passado.

Para Berta, o desemprego foi o catalisador que a impulsionou a encontrar soluções para enfrentar as despesas. Apesar dos esforços para procurar emprego após os estudos, não teve sucesso. Mesmo com o marido empregado, o desejo de ser autossuficiente e independente a motivou a empreender.

Ser uma empreendedora em Macossa não é uma tarefa fácil. O sucesso de seu negócio de frangos depende fortemente dos picos de mercado, como durante o Natal e o Ano Novo, quando a demanda aumenta. No entanto, enfrenta meses mais lentos, tornando difícil a venda de seus produtos. Berta enfrenta desafios adicionais devido à falta de acesso a produtos relacionados à avicultura e medicamentos para tratar doenças de frangos, já que em Macossa não há nenhuma loja especializada.

A falta de acesso a esses recursos a obriga a viajar por cinco horas até Chimoio sempre que se depara com problemas de saúde em seus frangos. Apesar desses obstáculos, Berta permanece optimista, reconhecendo as contingências do país, mas sorrindo diante das dificuldades.

Berta decidiu iniciar o negócio de frangos por duas razões principais. Em primeiro lugar, notou a ausência de concorrência directa na criação de frangos em Macossa, oferecendo uma oportunidade única de negócio. Em segundo lugar, reconheceu o valor nutricional importante do frango, especialmente numa região onde o acesso a fontes de proteína animal pode ser limitado.

A empreendedora destaca o papel significativo do programa DELPAZ na comunidade, mencionando a distribuição de sementes para a prática da agricultura. Além disso, Berta espera tirar proveito das formações previstas pelo programa em microcrédito ou marketing, visando atrair novos clientes e melhorar a estrutura do seu negócio.

Berta Arlindo reconhece os desafios adicionais que as mulheres empreendedoras enfrentam em Macossa devido à falta de oportunidades, mas a sua resiliência e determinação são fontes de inspiração. A sua história destaca não apenas as dificuldades enfrentadas, mas também a importância de programas como DELPAZ em capacitar e apoiar as comunidades locais em busca da autossuficiência económica.