Dia Mundial da Água: grande celebração marca a inauguração de novo sistema de abastecimento de água em Gondola

Sob a sombra de muitas imponentes árvores de panga-panga, a comunidade de Pindanganga, no Distrito de Gondola, na Província de Manica reuniu-se hoje, Dia Mundial da Água, para celebrar um momento histórico: a inauguração de um novo sistema de abastecimento de água, no âmbito do programa DELPAZ (Desenvolvimento Local para a Consolidação da Paz em Moçambique).

A cerimónia decorreu num ambiente de grande festa, onde um tripudio de capulanas coloridas, crianças sorridentes e as danças vibrantes dos alunos da escola local criaram um espetáculo inesquecível. Ao som dos cânticos tradicionais, a comunidade expressou a sua alegria e gratidão por esta infraestrutura essencial, que irá transformar a vida de muitas famílias.

Francisca Tomás, Governadora da Província de Manica, destacou a importância da água para o bem-estar e o desenvolvimento das comunidades rurais, agradecendo ao programa DELPAZ e à Cooperação Italiana pelo apoio contínuo. No seu discurso, apelou à população para que cuide da água, garantindo que este recurso vital seja preservado também para as futuras gerações. Cada família, disse, deve contribuir com 50 meticais mensais, valor esse que serve para a manutenção do sistema. “Todos nós devemos ser responsáveis da nossa água que, como costumamos dizer, é vida e não podemos descuidar dela”.

 

Um compromisso colectivo para o desenvolvimento

A nova infraestrutura faz parte de um esforço conjunto para acelerar o acesso à água no meio rural. A Agência Italiana para a Cooperação ao Desenvolvimento (AICS) tem sido um parceiro estratégico neste processo com o DELPAZ, um programa do Governo de Moçambique, financiado pela União Europeia, e implementado aqui na Província de Manica com o apoio da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) e as Nações Unidas: diversas iniciativas foram realizadas e outras estão em curso para expandir o acesso a água potável nas comunidades mais afectadas pelo conflito nos Distritos de Gondola, Báruè, Macossa, Guro e Tambara, como base para o desenvolvimento económico local. Especificamente, no sector agrícola, as intervenções do DELPAZ visam inovar e racionalizar os sistemas de irrigação e melhorar o ciclo global da água, com efeitos importantes na atenuação e adaptação às alterações climáticas.

Soluções sustentáveis para água e agricultura

Além do abastecimento de água para consumo humano, a Cooperação Italiana aposta no uso sustentável da água para a agricultura, promovendo sistemas de irrigação eficientes e garantindo que os agricultores locais possam produzir de forma mais estável e segura.

“A Cooperação Italiana tem uma longa tradição na conservação e gestão dos recursos hídricos. O nosso compromisso passa por assegurar o acesso à água potável e promover o seu uso eficiente na agricultura. Para aumentar a eficiência hídrica, é fundamental reduzir as perdas e melhorar a produtividade dos recursos hídricos. Esta abordagem permite não só aumentar a produção agrícola, mas também garantir a sustentabilidade dos recursos naturais,” disse Paolo Enrico Sertoli, diretor da AICS, numa mensagem lida na ocasião.

Impacto real nas comunidades

O programa DELPAZ já alcançou resultados concretos na província de Manica. A Giulia Zingaro, líder da equipa DELPAZ pela AICS, destacou que as intervenções foram realizadas em estreita colaboração com as comunidades locais, respondendo às suas necessidades prioritárias. Entre os progressos alcançados através do DELPAZ em resposta as prioridades assinaladas pelas comunidades locais constantes nos planos de desenvolvimento locais, também em colaboração com o Consórcio de Parceiros liderado pela organização HELPCODE, destacam-se a construção de 9 novos sistemas de abastecimento de água com energia solar, outros 9 em fase de finalização, a realização de 24 novas infraestruturas hídricas, incluindo sistemas de irrigação e 7 infraestruturas hídricas reabilitadas. A estas, adicionam-se outras infraestruturas comunitárias, como tanques carracicidas, armazéns para produtos agrícola e um mercado, reforçando a economia da região.

Maurício Fonseca Murula, de 30 anos, é um dos moradores beneficiados. Com o fontanário agora instalado na sua localidade, ele partilhou a sua felicidade, depois ter participado na cerimónia tradicional: “A água vai ajudar a machamba a render mais.” Pai de dois filhos, Maurício cultiva a terra para sustentar a família, mas muitas vezes precisa complementar a renda com a produção de carvão e o garimpo de ouro. Com acesso a água mais próximo e estável, ele poderá aumentar a sua produção agrícola e melhorar a qualidade de vida da sua família.

Uma parceria de longo prazo para a Paz e o Desenvolvimento

Desde 2021, a AICS participa no DELPAZ, um programa do Governo de Moçambique financiado pela União Europeia, que promove a paz e o desenvolvimento económico em áreas rurais afetadas por conflitos.

A componente italiana do programa foca-se em oito distritos das províncias de Manica e Tete, com especial atenção às mulheres, jovens e ex-combatentes e suas famílias, garantindo que a água, fonte de vida e progresso, chegue a todos, como reafirmado hoje no Dia Mundial da Água.

Governos e população elogiam ganhos visíveis e reais com implementação do DELPAZ na província de Manica

A 6a reunião do comité provincial de coordenação do DELPAZ, realizada a 26 de Março de 2025, na vila de Guro, na província de Manica, com a participação dos parceiros e do GON, elogiou os ganhos “reais e impressionantes” com a implementação do Programa, destacando a geração de empregos e a redução da pobreza, criando assim um ambiente propício de reconciliação.

O comité, que avaliou o progresso das atividades entre Junho de 2024 a Março de 2025, realçou o sentimento de satisfação das comunidades, tendo o programa DELPAZ contribuído para a melhoria da qualidade de vida da população dos cinco distritos província de Manica onde é implementado o programa.

Entre os grandes feitos, destaca-se o aumento de produtividade agrícola, acesso á água potável, criação de oportunidades de emprego a jovens e beneficiários do DDR, acesso a infraestruturas essenciais, o que melhorou os meios de subsistência das comunidades rurais nos distritos afetados por conflitos, com especial enfoque nas mulheres e nos grupos desfavorecidos.

A adoção de tecnologias e práticas agrícolas inteligentes trouxe resultados históricos na agricultura naqueles distritos, com a produção pelas associações camponesas de 37 toneladas de tomate, 12 toneladas de couve, 11 toneladas de cebola, 10 toneladas de alface, 6 toneladas de maçaroca, 5 toneladas de feijão vulgar e igual quantidade de repolho, 4 toneladas de quiabo e a mesma quantidade de pimenta, 2 toneladas de pepino e outras de feijão verde, alem de 0.8 toneladas de cenoura.

800 produtores capacitados

Com essa produção mais de 1.400 famílias beneficiárias diretas tem dieta melhorada. Milhares de beneficiários indiretos também tiveram aumento de disponibilidade de alimentos nos distritos de Gondola, Barué, Macossa, Guro e Tambara.

Ainda na agricultura foram capacitados 886 produtores, incluindo 240 jovens agricultores e beneficiários do DDR e seus familiares, além da distribuição de mais de 20 toneladas de semente e 3500 instrumentos a camponeses em resposta ao fenómeno el-nino.

Na componente de infraestruturas, há que destacar a construção de mercado distrital de Macossa, de cinco armazéns agrícolas com duas repartições, equipados com máquinas de processamento nos distritos de Tambara, Macossa, Guro, Barué, estando de Gondola em fase de conclusão.

Foram construídos 4 sistemas de abastecimento de água movidos a energia solar em Sanhantuze (Barué), Nhauchanga (Tambara), Mwakwakwa (Gondola) e Cagole em Barué, além de fontes de água do tipo afridev em Guro e Gondola.

Igualmente foram construídos três sistemas de irrigação gota-a-gota, a base de energia solar em Guro e Macossa. Assim os camponeses trocaram a rega manual com um sistema mais sofisticado, o que esta a revolucionar a agricultura.

Foram estabelecidos 6 campos de demonstração dos resultados e 8 campos de multiplicação nos cinco distritos de Manica.

A ligação com feiras e eventos como a FACIM ampliou a visibilidade das comunidades e valorizou os seus produtos e talentos locais.

Os distritos ganharam também seis corredores de tratamento animal em Guro e Macossa e já entregues as comunidades.

Já na componente de formação 100 beneficiários foram graduados em cursos de culinária, alfaiataria, construção civil, serralharia mecânica, carpintaria e eletricidade. Mais de 30 por cento dos beneficiários são do DDR, sendo que deste número 64 são homens e 36 mulheres, alem da distribuição de 5 kits de empreendedorismo em cada distrito.

O comité provincial de coordenação de Manica, foi antecedido por uma visita de campo nos distritos de Barué, Macossa e Guro, onde foram inauguradas e entregues as comunidades dois sistemas de abastecimento de água movidos a energia solar, o mercado distrital de Macossa e três armazéns agrícolas, equipados dos respetivos equipamentos.

Entretanto, os governos locais desafiaram os empreiteiros a serem mais céleres na construção das infraestruturas.

A Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), que implementa o DELPAZ nas províncias de Manica e Tete, em parceria com um consórcio de organizações da sociedade civil liderado da ONG Italiana Helpcode, anotou que continua comprometida nos esforços de desenvolvimento das comunidades.

Já o representante da União Europeia, que financia o Programa DELPAZ, manifestou satisfação pelos avanços na implementação do DELPAZ, frisando esperar por mais inaugurações de infraestruturas agora em construção, para ajudar na reintegração e desenvolvimento das comunidades, afastando assim os fantasmas da guerra.

A anfitriã do evento, a administradora Angelina Nguiraze, que enalteceu os resultados até agora alcançados, pediu mais sistemas de abastecimento de água a base de energia solar, para as comunidades do interior do distrito assolado por seca e sistemas de irrigação para potenciar a agricultura.

O embaixador Mário Nguenya, director do Gabinete de Ordenador Nacional de Moçambique (GON), voltou a elogiar o espirito de apropriação do programa pelos governos e líderes locais, que estão a facilitar a aceitação e sustentabilidade dos vários projetos, anotando que a extensão do DELPAZ até Dezembro de 2025 permitirá a conclusão de vários investimentos em curso.

A nova escola de Chibaene e a a Casa da Mulher do distrito de Tsangano

As cerca de 600 crianças de Chibaene vão trocar às carteiras feitas à base de tronco e blocos de argila com carteiras convencionais com a inauguração e entrega na quinta-feira, 27 de Marco, da escola primaria de Chibaene, no interior de Tsangano, na província de Tete. A escola foi financiada e construída no âmbito do DELPAZ.

Às crianças despediram-se das salas de baixo de árvores e deram boas vindas as salas de alvenaria e apetrechadas com alegria estampada nos rostos e cânticos de celebração, sugerindo tratar-se de uma vitória ímpar.

A construção da escola convencional, cujo pátio serviu de um quartel militar das Forças de Defesa e Segurança durante o conflito político-militar, atraiu mais alunos, elevando o efetivo escolar de 430 alunos em 2024 para 600 alunos em 2025.

Ainda hoje foi inaugurada a Casa da mulher do distrito de Tsangano, uma espécie de um “laboratório” de desenvolvimento, onde as mulheres e homens vão implementar na prática ideias para seu crescimento econômico e social.

A um par de passos do local também foi entregue uma incubadora verde, um campo de demonstração e um sistema de abastecimento de água multiuso, provendo água potável a comunidade e irrigando os campos da casa da mulher, onde será feita a transferência de tecnologias e práticas agrícolas inteligentes.

“Sabemos que a consolidação da Paz só é feita com oportunidades económicas [reais] para as comunidades e as mulheres têm um papel fundamental”, frisou Anne-Aël Pohu, a representante da União Europeia, durante as inaugurações presenciadas pelo governador da província de Tete, o director do GON e vários parceiros.

Ela reconheceu o excelente trabalho da Agência Italiana de Cooperação e Desenvolvimento (AICS), que está a implementar o DELPAZ em parceria com um consórcio de organizações da sociedade civil liderado pela Save The Children em Tete.

“Estamos deveras felizes hoje. É um dia de grade festa para as crianças de Chibaene, para as mulheres e os homens das comunidades de Chibaene e de Maconjo. Nosso desejo maior é que esta escola seja o ponto de recomeço de nova vida e que esta Casa da Mulher seja um novo impulso à vida destas comunidades”, frisou a directora adjunta da AICS, Maria Cristina Pescante.

Os rostos alegres dos habitantes mostram toda a sua satisfação.

 

 

 

Governos e Parceiros reafirmam compromisso com a Paz no 3° Comité de Supervisão Nacional do DELPAZ

A Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) tem desempenhado um papel fundamental na promoção da paz e do desenvolvimento sustentável em Moçambique, especialmente nas províncias de Manica e Tete. A sua atuação insere-se no DELPAZ (Desenvolvimento Local para a Consolidação da Paz em Moçambique), um Programa do Governo de Moçambique, financiado pela União Europeia e implementada em estreita colaboração com as autoridades locais e diversos parceiros no terreno.

O 3º Comité de Supervisão Nacional do programa DELPAZ, realizado no dia 28 de março em Tete, contou com a presença do Gabinete do Ordenador Nacional (GON) do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, membros dos governos central e provinciais de Tete, Manica e Sofala, bem como dos parceiros do programa, e também representantes do Secretariado da Paz. Durante o encontro, foi enfatizado o compromisso conjunto com a paz e o desenvolvimento, garantindo que os investimentos realizados no âmbito do DELPAZ possam continuar a melhorar a vida das comunidades beneficiárias.

Os participantes destacaram os ganhos concretos e visíveis alcançados pelo programa e sublinharam a importância de manter um compromisso com a paz para que os investimentos e estratégias em curso se tornem sustentáveis, promovendo o desenvolvimento social e económico das comunidades afetadas por conflitos.

Além disso, foi reconhecido que o DELPAZ direcionou a maior parte dos seus recursos para as comunidades mais vulneráveis, impulsionando as economias locais e criando oportunidades de emprego, inclusive para os combatentes desmobilizados e suas famílias. O programa também contribuiu significativamente para a melhoria do acesso à água potável, a geração de empregos para os jovens e a construção de infraestruturas essenciais, especialmente aquelas voltadas para práticas agrícolas mais sustentáveis.

A integração dos produtores locais aos mercados fortaleceu a economia das comunidades, valorizando os seus produtos e capacidades. Os investimentos em serviços públicos trouxeram melhorias tangíveis, como novas escolas, reabilitação de estradas, acesso à água e desenvolvimento de infraestruturas agrícolas. Paralelamente, o DELPAZ tem incentivado uma governação local mais inclusiva, capacitando os órgãos públicos para uma gestão mais eficiente e sustentável dos serviços essenciais.

Esses avanços foram destacados como elementos fundamentais para eliminar as causas dos conflitos e assegurar uma paz duradoura, beneficiando toda a sociedade moçambicana.

Visitas de campo e projetos inaugurados

Após o 3º Comité de Supervisão Nacional, realizou-se o 6° Comité de Coordenação Provincial da Província de Tete, onde se reforçou o consenso sobre os benefícios proporcionados pelo DELPAZ, tanto no desenvolvimento de infraestruturas quanto na oferta de formação profissional para os jovens e capacitação para a governação local.

As reuniões foram precedidas por uma visita de campo às províncias de Manica e Tete, durante a qual foram inaugurados diversos projetos estruturantes, entre eles:

  • Dois sistemas de abastecimento de água movidos a energia solar, em Gondola e Bàrué;
  • Mercado de Macossa;
  • Armazéns agrícolas em Macossa e Guro (Província de Manica);
  • Escola Primária de Chibaene;
  • Casa da Mulher;
  • Incubadora verde;
  • Sistema de abastecimento de água e de irrigação no distrito de Tsangano (Província de Tete).

Além disso, foram reportadas as conclusões do seminário sobre as lições aprendidas na implementação do programa, na cidade da Beira (Província de Sofala), nos dias 11 e 12 de março.

O Papel dos Parceiros da AICS em Manica e Tete

Para garantir a eficácia e a sustentabilidade do DELPAZ, a AICS trabalha em parceria com consórcios liderados por organizações experientes em desenvolvimento local e consolidação da paz. Em Manica, o consórcio é liderado pela ONG Helpcode, enquanto em Tete, a liderança cabe à ONG SavetheChildren. Essas organizações coordenam ações voltadas para a capacitação das comunidades, a criação de oportunidades econômicas e o fortalecimento das instituições locais.

O DELPAZ é financiado pela União Europeia e implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento em Manica e Tete, pela Agência de Desenvolvimento Austríaca em Sofala, com o secretariado suportado pelo Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital.

Parceria: Um Caminho para o Desenvolvimento e a Paz

A actuação da AICS em Moçambique demonstra que a parceria é um elemento-chave para o desenvolvimento sustentável e a construção da paz. A relação estabelecida com os governos locais de Manica e Tete não apenas possibilitou a implementação eficaz do DELPAZ, mas também permitiu a mobilização de novos financiamentos para projetos complementares.

Essa abordagem fortalece as capacidades locais, fomenta o envolvimento das comunidades no processo de desenvolvimento e amplia os impactos positivos da cooperação internacional, criando um futuro mais próspero, inclusivo e pacífico para Moçambique.

 

Janete, a “guerreira” que se redescobriu na Casa da Mulher de Tsangano

O sorriso vibrante de Janete Mussone, espalha uma energia de descobertas e conexões durante a inauguração da Casa da Mulher de Tsangano, a primeira do género a ser entregue no âmbito da implementação do DELPAZ a uma comunidade remota da província de Tete, no centro de Moçambique, uma região antes assombrada por conflitos armados.

Entre danças e aplausos, Janete celebra as conquistas de brevemente poder vender o pão feito por suas próprias mãos [antes o pão era importado do Malawi] e o apoio que tem de outras 15 mulheres, no universo de 20 membros da Casa da Mulher que ela lidera, cujas histórias se cruzam para começar novas trajetórias e reconstruir sonhos, além de reafirmar seus direitos.

“É a primeira vez que temos essa casa em Tsangano, que agrega muitas atividades que vão mudar histórias de muitas famílias neste distrito”, aclara entusiasmada Janete Mussone, ela mesma que acabou de se redescobrir, enquanto desbrava com seu olhar firme os compartimentos que vão acomodar diversas iniciativas que ali se vão desenvolver.

A Casa da Mulher do distrito de Tsangano, é um espaço de acolhimento, escuta, capacitação e fortalecimento para mulheres e homens, com intuito de promover o crescimento económico local.

Além de ser um centro para oferecer apoio, a Casa da Mulher de Tsangano representa para cada mulher um lugar de orientação, proteção e respeito: foi inaugurada a 27 de Março de 2025, e contou com a presença de Anne-Ael Pohu, representante da Delegação da União Europeia em Moçambique.

“Aqui queremos fazer pão para o vender aqui mesmo Também faremos alguns negócios da machamba, como produção de hortícolas, para serem comercializadas aqui. Temos também uma sala de reuniões, para nossos encontros e aluguer para a comunidade, além de um armazém, que poderá ser alugado para guardar produtos agrícolas de comerciantes”, enfatiza Janete Mussone, o que vai responder as desigualdades ou a falta de oportunidade.

“Eu descobri que entre nós mulheres [da Casa da Mulher] havia muitos talentos escondidos, quer na culinária, quer na alfaiataria, porque estamos a fazer roupas incríveis, que vendemos a comunidade”, destaca Janete Mussone, acrescentando que “antes só era possível comprar essas roupas modelos a base de capulanas em Tete ou Maputo”.

A incubadora verde, campo de demostração agrícola e sistema de abastecimento de água multiuso, infraestruturas erguidas adjacentes à Casa da Mulher, vão revolucionar a agricultura, além de garantir água potável para a comunidade e irrigação para os campos da Casa da Mulher.

“Nesta machamba da Casa da Mulher, vamos trabalhar nós mesmas, e os produtos que vamos colher, serão vendidos e o dinheiro será investido aqui no restaurante da casa, mas também para atender a outras faltas que tivermos”, observa, enquanto arrola a diversidade de atividades.

Para ela, a Casa da Mulher é mais do que um espaço físico, é um símbolo de acolhimento, empoderamento e transformação, onde mulheres são ouvidas, valorizadas e fortalecidas para serem protagonistas de suas próprias histórias.

A Casa da Mulher faz parte da iniciativa do DELPAZ, um programa que tem desempenhado um papel crucial na transformação de vidas das comunidades abrangidas na província de Tete, concretamente nos distritos de Moatize, Tsangano e Dôa.

O programa une esforços para promover o desenvolvimento económico, social, com impacto visível nas comunidades mais vulneráveis.

DELPAZ, é um programa do Governo moçambicano, financiado pela União Europeia, implementado pela Agência Italiana de Cooperação Internacional (AICS) nas províncias de Manica e Tete, e pela Agência de Desenvolvimento Austríaca na província de Sofala; com o secretariado a cargo do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital.

 

Mulheres reiteram com grito “não à guerra” em acampamento solidário em Guro

Mais de 250 mulheres das províncias de Tete, Manica e Sofala reiteraram com um grito uníssono, “não à guerra”, na abertura a 15 de abril do segundo acampamento solidário promovido pelo Programa DELPAZ até 16 de Abril no distrito de Guro, na província de Manica, realçando que a paz e segurança estão a cooperar para sua consolidação económica.

O acampamento solidário de dois dias que decorre sob o lema “Mulheres de mãos dadas, construindo paz através do desenvolvimento económico inclusivo”, reúne no mesmo espaço mulheres de diferentes origens, trajetórias e histórias, para compartilhar saberes, fortalecer os laços de afeição e construir coletivamente ideias para a sua autonomia económica.

Num ambiente onde o protagonismo feminino floresce, elas admitem que os desafios enfrentados pelas mulheres no campo, na cidade e nas periferias podem serem agravados por conflitos, enquanto já assinalaram avanços gigantescos no seu empoderamento.

“Continuamos a encorajar a mulher na busca pela paz e segurança, porque é num espaço seguro onde ela consegue tomar decisões”, referiu Anchia Mulima, coordenadora da Levanta Mulher e Siga o Seu Caminho (LEMUSICA), que integra a Rede Feminina Centro.

Acrescentou que “a nossa expectativa neste acampamento é que as mulheres continuem a crescer economicamente. Daí o nosso grito [não à guerra]. A estabilidade económica vai reduzir a tripla violência de que as mulheres são vitimas: doméstica, física e económica”.

Para ela a violência, desigualdade, machismo, falta de acesso a terra, a moradia e aos direitos básicos devem ser parte da declaração deste ano, para que os decisores tenham em consideração as lutas das mulheres.

Outra participante, Inês Chifinha, coordenadora do grupo de mulher de partilha de ideia de Sofala (GMPIS), anota que “como o DELPAZ está no fim e estamos também a finalizar os acampamentos, queremos que as mulheres continuem a implementar os conhecimentos obtidos, nas várias áreas, para sua sustentabilidade económica”.

“Queremos que a mulher tenha autonomia económica, para não depender do governo e nem de projetos [que vem e vão], e use o conhecimento valioso na agricultura promovido pelo DELPAZ para sua riqueza”, enfatizou.

Enquanto embala o seu filho no colo, Elsa Francisco, olha o acampamento como um lugar de esperança, e aguarda sair dali diferente em conhecimento, com os calorosos debates nas rodas de conversa, cantos e partilhas.

Durante a tarde da terça-feira as mulheres debateram efusivamente temas como: conflitos armados, construção da paz inclusiva, economia da mulher e empoderamento económico, mudanças climáticas, género e agenda 1325, além da violência baseada no género.

Além dos debates, as mulheres visitaram a feira das mulheres, onde estão expostos produtos produzidos por elas com o conhecimento adquirido no âmbito do DELPAZ.

Para assegurar a inclusão de todas e todos o acampamento utiliza métodos feministas de base comunitária que se centram na utilização de uma abordagem transformadora, de diálogos nas línguas locais a fim de criar empatia e aumentar a autoestima e espaços seguros como a lareira das mulheres que se realiza na noite de 15 de Abril.

 Cada mulher chega ao acampamento, traz sua força, sua dor, sua luta, e sai mais forte, mais consciente e mais conectadas com as outras, que também sonham e lutam para um Moçambique melhor.

Este é o segundo acampamento solidário, onde as vozes e histórias das mulheres, como atores locais do DELPAZ, em Manica, Sofala e Tete, estão a ser partilhadas e escutadas, e que depois será elaborada uma declaração que garanta que as necessidades das mulheres sejam devidamente consideradas.

O primeiro foi realizado em Novembro de 2023, em Inhazónia, distrito de Barué, ainda na província de Manica.

O DELPAZ, um programa do Governo de Moçambique, financiado pela União Europeia, abrange os temas da Governação Local e do Desenvolvimento Economico Local para a consolidação da paz. Em estrita coordenação com os governos locais, e’ implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), com a colaboração de dois consórcios de organizações da sociedade civil liderados pela ONG Helpcode na Província de Manica, e pela ONG Save The Children na Província de Tete; enquanto em Sofala o programa é implementado pela Agência Austríaca de Desenvolvimento (ADA). Nas tres Províncias, o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital  (UNCDF) é responsável pela componente de governação local inclusiva.

A AICS financia também uma outra iniciativa chamada “Manica para as Mulheres”, coordenada pelo Progettomondo em parceria com CAM (Consórcio de Associações de Moçambicana), a Helpcode,  Fundação Micaia GMPIS, AITR (Associação Italiana de Turismo Responsável) e Legacoop Emilia-Romagna. “Manica para as Mulheres” visa promover a paz e o desenvolvimento sustentável e inclusivo na província de Manica através da participação das mulheres na economia rural, com foco nos sectores agrícola, comercial e de turismo rural nos distritos de Báruè, Macossa, Tambara e Guro.

Declaração de Guro “acelera” compromisso para o empoderamento da mulher

O acampamento solidário, realizado entre 15 e 16 de Abril, no distrito de Guro, na província de Manica, produziu a Declaração de Guro, que resultou dos calorosos debates em sessões plenárias e trabalhos em 10 grupos temáticos das mulheres de Tete, Manica e Sofala, para acelerar o compromisso para o seu empoderamento.

O segundo acampamento solidário do DELPAZ e primeiro do Projeto Manica Para as Mulheres, reuniu 287 participantes, dos quais 250 mulheres, e decorreu sob o lema “Mulheres empoderadas pela Paz, a inclusão social e o desenvolvimento económico local”.

 Na Declaração de Guro, que envolveu também os homens, que foram chamados a refletir e partilhar seu ponto de vista sobre os diversos temas debatidos e a dar apoio as mudanças nas relações de género (“Eles por elas”), as mulheres revelam um novo ciclo de descobertas, de fortalecimento e de renovação para sua autonomia económica.

Para elas, a Mulher continua a desempenhar um papel chave na produção e comercialização agrícola, por isso devem ser criadas oportunidades de acesso a terra e recursos, para ela gerir os seus rendimentos provenientes das colheitas. Mas também criar oportunidades de trabalhos formais, igualdade de género através da inclusão da mulher em sectores chaves de atividades, quer financeira, comercial, industrial e tecnológica.

A criação de cooperativas de negócio, o desenvolvimento de iniciativas de empoderamento económico direcionado às Mulheres e Raparigas, pode permitir que todas as pessoas tenham acesso ao dinheiro.

A Declaração de Guro recomenda que o acesso ao crédito seja mais expandido para as mulheres, e se responsabilizem pelo pagamento, além de que mulher deve ter voz no lar e ter oportunidade de ser escutada, sendo que o seu ponto de vista é importante quanto o ponto de vista dos homens.

As mulheres devem passar a denunciar as violências que acontecem nos lares depois o acampamento, mas também deve se melhorar a gestão dos casos de violências contra as Mulheres e penalização dos agressores.

Também há necessidade de se expandir a rede escolar, para que raparigas particularmente, possam concluir o nível médio escolar ou 12ª classe, mas também a formação técnico-profissional, para que possa aumentar a sua participação ativa em órgãos de tomada de decisão a todos os níveis.

Criar reservatórios de água para a irrigação: no DELPAZ funcionou como planeado, pois as comunidades criaram diques pequenas lagoas para ter reservatório, e assim enfrentar as mudanças climáticas, que se tornaram num obstáculo para as mulheres que dependem a agricultura de sequeiro.

Para assegurar a inclusão de todas e todos, o acampamento utiliza métodos feministas de base comunitária que se centram na utilização de uma abordagem transformadora, de diálogos nas línguas locais, a fim de criar empatia e aumentar a auto-estima, e espaços seguros (como a lareira das mulheres que se realizou na noite do dia 15 de Abril) com debates educativos e terapêuticos.

A governadora de Manica, Francisca Tomás – que participou do acampamento e fez o encerramento do mesmo – anotou que alcançada a Paz em Moçambique, “torna-se necessária e urgente” a união de esforços que possam resultar na criação de oportunidades as mulheres, sobretudo as vítimas dos conflitos armados (a maioria no acampamento), possam participar em pé de igualdade com as demais no processo de desenvolvimento das suas comunidades.

“A avaliar pela declaração final deste acampamento, como Governo Provincial, queremos reconhecer que esta iniciativa constitui uma plataforma ideal para a promoção da mulher como atora local”, enfatizou Francisca Tomás, realçando que o acampamento foi um espaço que possibilitou a construção de uma mulher cada vez mais líder.

 Este evento foi realizado pelo Grupo de Mulheres de Partilha de Ideias de Sofala (GMPIS), um dos membros do Consórcio que implementa o DELPAZ, em colaboração com Helpcode que lidera o programa em Manica, e “Manica para as Mulheres” que é liderado pelo Progettomondo e com as outras organizações parceiras (FDC, ProgettoMondo, UEM, LEGAcoop, UNCDF, EU e CAM).

Este é o segundo acampamento solidário, onde as vozes e histórias das mulheres, como atores locais do DELPAZ, em Manica, Sofala e Tete, estão a ser partilhadas e escutadas, e que depois foi elaborada a Declaração que garanta que as necessidades das mulheres sejam devidamente consideradas.

O primeiro foi realizado em Novembro de 2023, em Inhazónia, distrito de Bárué, ainda na província de Manica.

O DELPAZ, um programa do Governo de Moçambique, financiado pela Uniao Europeia, abrange os temas da Governação Local e do Desenvolvimento Economico Local para a consolidação da paz. Em estrita coordenação com os governos locais, e’ implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), com a colaboração de dois consórcios de organizações da sociedade civil liderados pela ONG Helpcode na Província de Manica, e pela ONG Save The Children na Província de Tete; enquanto em Sofala o programa é implementado pela Agência Austríaca de Desenvolvimento (ADA). Nas três Províncias, o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF) é responsável pela componente de governação local inclusiva.

A AICS financia também uma outra iniciativa chamada “Manica para as Mulheres”, coordenada pelo Progettomondo em parceria com CAM (Consórcio de Associações de Moçambicana), a Helpcode, Fundação Micaia, GMPIS, AITR (Associação Italiana de Turismo Responsável) e Legacoop Emilia-Romagna.

“Manica para as mulheres” visa promover a paz e o desenvolvimento sustentável e inclusivo na província de Manica, através da participação das mulheres na economia rural, com foco nos sectores agrícola, comercial e de turismo rural nos distritos de Báruè, Macossa, Tambara e Guro.

 

 

 

 

 

 

O mural da Paz no Instituto Agrário de Chimoio

O Instituto Agrário de Chimoio (IAC) ganhou um “Mural da Paz”, idealizado por centenas de estudantes vindos de todas as regiões de Moçambique, para numa expressão artística coletiva transmitir com cores vibrantes mensagens de harmonia, solidariedade e esperança.

A obra com o título “Unidos Pela Paz”, foi projetada por meio de cores entusiásticas, com símbolos universais da Paz como pombas, mãos dadas, educação, agricultura, conservação do meio e várias expressões culturais, e transformou um local comum no IAC em um ponto de reflexão e união. A ideia surgiu naturalmente durante o “Diálogos de paz”, o encontro organizado pelo DELPAZ , entre gerações organizado em Julho de 2024 onde estiveram juntos cerca de 800 jovens e adultos numa reflexão profunda sobre a Paz, conversando com Rogério Sitoe, Rafael Shikhani e Eva Trindade.

“É uma forma poderosa de mostrar que a Paz não é apenas um ideal abstrato, mas uma construção diária feita por todos. Com os dois debates que tivemos sobre a Paz aqui no IAC, conseguimos reunir ideias para aperfeiçoar a Paz criando este mural”, disse num sorriso discreto de vitória, Arlete Mapara, durante a inauguração do mural.

A estudante do curso da Agropecuária, participou do “Diálogos de Paz”, organizado pelo DEALPZ – Desenvolvimento local para a consolidação da paz,  e do Workshop “Uso da arte para Construção da Paz”, promovido pelo ProPaz – Cultura para Promoção da Paz, Reconciliação e Coesão Social.

O Mural “Unidos pela Paz”, é uma obra de arte colaborativa, fruto de compilação de sensibilidades e diversas opiniões colhidas nos dois encontros do DELPAZ e ProPaz com a comunidade estudantil do Instituto Agrário de Chimoio (IAC) e da comunidade ao redor de um dos mais antigos institutos agrários de África.

“Como formando, e tendo em conta que contribui para a implementação deste ‘Mural de Paz’, eu me sinto feliz, porque é sabido a paz traz alegria, traz harmonia, então viver em paz, sempre foi bom para qualquer pessoa”, destaca Chupicai Francisco, outro estudante a cursar Floresta e Fauna Bravia.

O mural da Paz, com seus elementos visuais cuidadosamente entrelaçados, ilustra a construção de um futuro de harmonia e prosperidade para o povo moçambicano.

A pintura reflete os valores de paz, reconciliação e coesão social, apresentando uma visão compartilhada de um futuro melhor, onde a união e a compreensão mutua são as forças que impulsionam o desenvolvimento coletivo.

Para Teodora Bomba, ponto focal de Desenvolvimento Comunitário e Geração de rendas no projeto ProPaz, e representante da CISP, que lidera o Consórcio ProPaz, anota que a escolha de IAC foi estratégica por: “receber jovens de várias partes do país, e vários deles também passam por questões ligados aos conflitos”.

Mas também “o mural traz grandes benefícios para a comunidade estudantil, por ser um ponto de reflexão para todos os jovens, sobre a temática da Paz”.

Já Carlos Mairoce, representante da componente Italiana do Programa DELPAZ, realça que houve uma conjugação tripartida para a materialização do mural, entre o DELPAZ, ProPaz e IAC, num esforço mutuo que impulsiona o desenvolvimento coletivo.

A obra pintada pelo artista plástico Hamilton Roce, tem a pomba branca, símbolo universal da paz, que abre caminho para a superação dos conflitos, representando a força transformadora da paz.

O edifício do IAC surge como um marco da importância da educação técnico-profissional no desenvolvimento local e na transformação da comunidade. Em seguida o monte Cabeça do Velho se ergue como um símbolo de sabedoria ancestral, a união entre o passado e o futuro, destacando-se como um local histórico e cultural vital para a memoria coletiva

A celebração cultural é marcada por uma dança vibrante e o uso de instrumentos tradicionais que reflete a identidade do povo moçambicano, sendo um momento de união e valorização da sua cultura.

Em harmonia com esse espirito, as formas geométricas e as cores vibrantes no mural simbolizam a diversidade cultural e emocional da comunidade, celebrando a beleza das diferenças, e a união que eles geram, por fim, as mulheres na escola, são representadas como símbolo de em empoderamento feminino e inclusão, um reflexo da transformação das estruturas sociais e da busca por igualdade de oportunidade para todos.

O mural foi pintado no âmbito da implementação do DELPAZ, um programa do governo de Moçambique, implementado em Manica e Tete pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), em parceria com projecto ProPaz – Cultura para Promoção da Paz, Reconciliação e Coesão Social – cujo consórcio é liderado pelo Comité Internacional de Desenvolvimento do Povo (CISP) – e o Instituto Agrário de Chimoio (IAC).

A inauguração da obra do Mural da Paz coincidiu com o lançamento da Associação de Antigos Estudantes do IAC (AssanteIAC), que vigorosamente destacaram a importância da Paz para o desenvolvimento.

Célio Figueiredo animou os eventos com a sua guitarra e as suas canções sobre a Paz e Desenvolvimento do país.

Debate caloroso marca diálogo de Paz em Manica

Nesta quinta-feira, 18 de Julho, o pavilhão polivalente do Instituto Agrário de Chimoio (IAC) esteve colorido, em vestes e opiniões, que marcaram o debate caloroso do diálogo da Paz, promovido no âmbito do programa DELPAZ, pela Agência Italiana de Cooperação ao Desenvolvimento (AICS).

Académicos, estudantes oriundos de várias províncias do país, comunidades atingidas por conflitos nas províncias de Sofala, Manica e Tete, além dos beneficiários do DDR e seus familiares arrolaram de forma vigorosa os caminhos para a consolidação da Paz, que se resumem no diálogo, tolerância e harmonia.

Os mais de 800 participantes do “Diálogo de Paz”, que teve como oradores Rafael Chicane, Rogério Sitoe e Chiquinho Conde (de forma remota) e, moderação de Eva Trindade, concordam que a transição para a paz é um longo processo e deve ser participado pelas várias gerações representativas das várias regiões que compõem Moçambique.

Ao inaugurar o debate, o historiador, Rafael Chicane, “Professor Shikhani”, defendeu que “a paz não é apenas a ausência do conflito”, mas o respeito pelas diferenças; religiosas, culturais e até das condições sociais de cada cidadão, considerando por isso que a inclusão enfatiza a variedade de perspetivas e experiências dos povos de cada região do país.

A sociedade que não respeita as diferenças nunca vai viver em Paz”, sublinha o também pesquisador independente, que escreve extensivamente sobre História Contemporânea de Moçambique, política e conflitos africanos.

Ao intervir no painel, Rogério Sitoe, actual Presidente do Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS), com uma experiência de 38 anos no Jornal Notícias, de maior circulação no país, destacou haver pouco diálogo, por isso que Moçambique está numa situação de crises, com várias classes profissionais em greve e ou a convocar greve, reiterando que a intolerância continua a minar a paz no país.

“A tolerância para paz começa na forma como convivemos”, anotou Rogério Sitoe, defendendo a inclusão dos ex-guerrilheiros na construção da paz, sem os inferiorizar ou atribuir adjetivos.

Sitoe, que participa de forma ativa na Associação “Reconstruindo Esperança”, focada na reintegração de crianças-soldado, realçou que “o mais importante é prevenir o conflito, do que esperar para dialogar para Paz”.

Chiquinho Conde saudou calorosamente os participantes e contou a sua jornada como futebolista e como treinador. Despediu-se deixando esta mensagem:”A paz requer dedicação, disciplina. A paz cultiva-se!”

Os participantes, que manifestaram o orgulho de participar do debate, que refletiu a rica diversidade do país, insistiram na necessidade de haver um compromisso de estimular o crescimento da paz em Moçambique. Ao evento participaram os parceiros de DELPAZ da província de Manica e de Sofala.

Intervindo na plateia, Telma Humberto, que também é beneficiária do DELPAZ no distrito de Macossa (Manica), frisou a importância de fortalecer a harmonia social, porque, defendeu: “a paz não é só o calar das armas, mas uma convivência harmoniosa”.

A música de Djipson Mussengi animou o evento com a sua guitarra e as suas canções.

 

Os governos e comunidades locais satisfeitos com os avanços do DELPAZ na província de Tete

Na 5a reunião do comité provincial de coordenação do DELPAZ, que decorreu a 31 de Julho na cidade de Tete com a participação dos parceiros DELPAZ e um representante do MADER, foi realçado como com a implementação do programa foi melhorada a capacidade de resposta e responsabilidade dos governos locais nos distritos afetados pelos conflitos, enquanto houve reforço na promoção do diálogo social e político em apoio à paz e desenvolvimento a nível local.

Durante o comité foi realçado como a atitude de Paz de homens e mulheres, que são os protagonistas do DELPAZ, contínua pacífica graças ao incansável trabalho das lideranças locais.

Grande destaque foi dado ao acesso a água potável, sendo que todas as recomendações do anterior comité em Novembro de 2023 foram cumpridas, com a conclusão e entrega das 25 fontes manuais a igual número de comunidades dos distritos de Tsangano (11), Moatize (7) e Dôa (7), os três distritos da província de Tete onde DELPAZ é implementado.

O comité provincial de coordenação de Tete, que foi antecedido por uma visita de campo onde está em construção a escola de Chibaene (Chibaene), a casa da mulher (Maconje-sede) e um campo de demonstração em Ndidi.

O órgão avaliou de forma positiva o progresso das atividades do DELPAZ entre Novembro de 2023 e Junho de 2024, destacando a construção, reabilitação, extensão e apetrechamento de infraestruturas públicas.

Entretanto, os governos locais dos distritos afetados pelo conflito, adiantaram que os parceiros de implementação estão no terreno desde Novembro de 2022, e defenderam, durante a reunião do comité, que a extensão representaria uma oportunidade para levar à conclusão de todas as actividades já acordadas com os distritos.

Na componente de infraestruturas, tendo em conta o período de garantias das mesmas, uma vez estarem localizadas em áreas remotas das comunidades, consideraram que é necessário completar as infraestruturas previstas; três escolas, uma em cada distrito, sendo que as obras estão compostas por duas salas de aulas, um bloco administrativo, e três latrinas duplas.

As salas vão beneficiar 625 alunos em Moatize, 430 alunos em Tsangano e 406 alunos em Dôa. Igualmente três casas da Mulher, sendo uma por cada distrito, onde as mulheres e homens receberão treinamentos sobre várias matérias para o seu desenvolvimento social e econômico. Igualmente um posto de saúde deverá ser construído em Tsangano.

Na componente agrícola, é preciso um acompanhamento por mais um ciclo de produção para consolidar a transferência de tecnologia e assim medir o nível de produtividade e produção.

Já na componente de mercado, é necessário potenciar as relações dos mercados e as redes entre as comunidades beneficiárias do DELPAZ, para garantir a sustentabilidade das oportunidades criadas pelo programa.

Na província de Tete, o DELPAZ já beneficia de forma direta 30.000 pessoas, através de serviços eficazes e de infraestruturas melhoradas. Os beneficiários incluem ex-guerrilheiros e seus familiares, deficientes, mulheres, pequenos produtores do sector agrícola, jovens, além de funcionários públicos e provedores de instituições relevantes a nível distrital e provincial capacitados.

O embaixador Mário Ngwenya, director do Gabinete do Ordenador Nacional de Moçambique (GON), elogiou a forma como os governos distritais têm se apropriado do programa, e observou que a extensão do DELPAZ ultrapassaria os desafios de sustentabilidade dos investimentos até agora realizados.