Declaração de Guro “acelera” compromisso para o empoderamento da mulher

O acampamento solidário, realizado entre 15 e 16 de Abril, no distrito de Guro, na província de Manica, produziu a Declaração de Guro, que resultou dos calorosos debates em sessões plenárias e trabalhos em 10 grupos temáticos das mulheres de Tete, Manica e Sofala, para acelerar o compromisso para o seu empoderamento.

O segundo acampamento solidário do DELPAZ e primeiro do Projeto Manica Para as Mulheres, reuniu 287 participantes, dos quais 250 mulheres, e decorreu sob o lema “Mulheres empoderadas pela Paz, a inclusão social e o desenvolvimento económico local”.

 Na Declaração de Guro, que envolveu também os homens, que foram chamados a refletir e partilhar seu ponto de vista sobre os diversos temas debatidos e a dar apoio as mudanças nas relações de género (“Eles por elas”), as mulheres revelam um novo ciclo de descobertas, de fortalecimento e de renovação para sua autonomia económica.

Para elas, a Mulher continua a desempenhar um papel chave na produção e comercialização agrícola, por isso devem ser criadas oportunidades de acesso a terra e recursos, para ela gerir os seus rendimentos provenientes das colheitas. Mas também criar oportunidades de trabalhos formais, igualdade de género através da inclusão da mulher em sectores chaves de atividades, quer financeira, comercial, industrial e tecnológica.

A criação de cooperativas de negócio, o desenvolvimento de iniciativas de empoderamento económico direcionado às Mulheres e Raparigas, pode permitir que todas as pessoas tenham acesso ao dinheiro.

A Declaração de Guro recomenda que o acesso ao crédito seja mais expandido para as mulheres, e se responsabilizem pelo pagamento, além de que mulher deve ter voz no lar e ter oportunidade de ser escutada, sendo que o seu ponto de vista é importante quanto o ponto de vista dos homens.

As mulheres devem passar a denunciar as violências que acontecem nos lares depois o acampamento, mas também deve se melhorar a gestão dos casos de violências contra as Mulheres e penalização dos agressores.

Também há necessidade de se expandir a rede escolar, para que raparigas particularmente, possam concluir o nível médio escolar ou 12ª classe, mas também a formação técnico-profissional, para que possa aumentar a sua participação ativa em órgãos de tomada de decisão a todos os níveis.

Criar reservatórios de água para a irrigação: no DELPAZ funcionou como planeado, pois as comunidades criaram diques pequenas lagoas para ter reservatório, e assim enfrentar as mudanças climáticas, que se tornaram num obstáculo para as mulheres que dependem a agricultura de sequeiro.

Para assegurar a inclusão de todas e todos, o acampamento utiliza métodos feministas de base comunitária que se centram na utilização de uma abordagem transformadora, de diálogos nas línguas locais, a fim de criar empatia e aumentar a auto-estima, e espaços seguros (como a lareira das mulheres que se realizou na noite do dia 15 de Abril) com debates educativos e terapêuticos.

A governadora de Manica, Francisca Tomás – que participou do acampamento e fez o encerramento do mesmo – anotou que alcançada a Paz em Moçambique, “torna-se necessária e urgente” a união de esforços que possam resultar na criação de oportunidades as mulheres, sobretudo as vítimas dos conflitos armados (a maioria no acampamento), possam participar em pé de igualdade com as demais no processo de desenvolvimento das suas comunidades.

“A avaliar pela declaração final deste acampamento, como Governo Provincial, queremos reconhecer que esta iniciativa constitui uma plataforma ideal para a promoção da mulher como atora local”, enfatizou Francisca Tomás, realçando que o acampamento foi um espaço que possibilitou a construção de uma mulher cada vez mais líder.

 Este evento foi realizado pelo Grupo de Mulheres de Partilha de Ideias de Sofala (GMPIS), um dos membros do Consórcio que implementa o DELPAZ, em colaboração com Helpcode que lidera o programa em Manica, e “Manica para as Mulheres” que é liderado pelo Progettomondo e com as outras organizações parceiras (FDC, ProgettoMondo, UEM, LEGAcoop, UNCDF, EU e CAM).

Este é o segundo acampamento solidário, onde as vozes e histórias das mulheres, como atores locais do DELPAZ, em Manica, Sofala e Tete, estão a ser partilhadas e escutadas, e que depois foi elaborada a Declaração que garanta que as necessidades das mulheres sejam devidamente consideradas.

O primeiro foi realizado em Novembro de 2023, em Inhazónia, distrito de Bárué, ainda na província de Manica.

O DELPAZ, um programa do Governo de Moçambique, financiado pela Uniao Europeia, abrange os temas da Governação Local e do Desenvolvimento Economico Local para a consolidação da paz. Em estrita coordenação com os governos locais, e’ implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), com a colaboração de dois consórcios de organizações da sociedade civil liderados pela ONG Helpcode na Província de Manica, e pela ONG Save The Children na Província de Tete; enquanto em Sofala o programa é implementado pela Agência Austríaca de Desenvolvimento (ADA). Nas três Províncias, o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF) é responsável pela componente de governação local inclusiva.

A AICS financia também uma outra iniciativa chamada “Manica para as Mulheres”, coordenada pelo Progettomondo em parceria com CAM (Consórcio de Associações de Moçambicana), a Helpcode, Fundação Micaia, GMPIS, AITR (Associação Italiana de Turismo Responsável) e Legacoop Emilia-Romagna.

“Manica para as mulheres” visa promover a paz e o desenvolvimento sustentável e inclusivo na província de Manica, através da participação das mulheres na economia rural, com foco nos sectores agrícola, comercial e de turismo rural nos distritos de Báruè, Macossa, Tambara e Guro.

 

 

 

 

 

 

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