Marcos Augusto, com uma trajetória semelhante à de muitos jovens da sua aldeia, em Mudima, no interior noroeste de Gondola, na província de Manica, concluiu a 10ª classe de escolaridade e ficou longos anos à espera de uma oportunidade de emprego no setor público.
Faltava-lhe apenas um ano de “esperança” para o sonhado emprego no Estado – já que a idade limite de admissão é de 35 anos – quando, no início do ano, se candidatou a uma vaga de formação na área de carpintaria, numa iniciativa do DELPAZ, um programa do governo de Moçambique implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), que dá especial atenção à criação de oportunidades para jovens, mulheres, ex-combatentes e suas famílias.
“Candidatei-me e fui apurado nas duas fases que antecederam a formação, e, juntamente com outros formandos, fomos levados para uma capacitação que iniciou a 15 de maio de 2024, tendo eu escolhido a área de carpintaria”, explicou Marcos Augusto, que está agora a cumprir um estágio de um mês.
Realçou que a formação na área de carpintaria foi um impulso necessário para protagonizar a sua própria trajetória. Desde então, começou a escrever a sua própria história – diz Marcos Augusto – ao abraçar com dedicação a oportunidade de formação na área de carpintaria, uma arte com a qual pretende criar o seu autoemprego e ajudar a sua comunidade remota.
“Da minha localidade até à vila sede de Gondola são 18 quilómetros, e para alguém viajar para fazer caixão para enterros, ou para mandar fazer janelas, portas e outros artigos, tornava-se oneroso. Daí que pensei em ser um carpinteiro da minha localidade”, argumentou.
O aprendizado na área, afirmou, foi essencial para pensar na construção de uma carreira de sucesso, que estará focada em ajudar a tirar do desemprego muitos jovens da sua aldeia, que se refugiam na criminalidade e no consumo de drogas.
“Há jovens que não estão a trabalhar, então, se eu apostar em autoemprego, com o kit a ser dado na formação e um pouco de valor, vou levar alguns jovens e empregar na minha carpintaria. Assim, esses jovens já não vão roubar nem terão vícios. Vão trabalhar na minha empresa, que pretendo que cresça”, defendeu.
A formação também proporcionou-lhe uma evolução que normalmente demoraria anos a alcançar, diz ele, observando que “já tinha uma inclinação para a carpintaria”, com base na convivência que tinha com o seu tio, que é carpinteiro.
“Gostaria que o projeto me desse material manual e eletrónico, porque o material elétrico é que faz mobília de forma mais rápida que o manual, o que ajudaria muito a atingir o meu objetivo de empregar muitos jovens da minha localidade que não estão a trabalhar”, adiantou.
Com a evolução de habilidades e confiança, Marcos Augusto agradece a oportunidade dada pelo DELPAZ e almeja que o programa alcance mais jovens das províncias atingidas pelo conflito armado.
Um total de 100 jovens já se beneficiaram de formação profissional nas áreas de carpintaria, serralharia, construção civil, mecânica e corte e costura nos cinco distritos de implementação do DELPAZ na província de Manica.