Governos e população elogiam ganhos visíveis e reais com implementação do DELPAZ na província de Manica

A 6a reunião do comité provincial de coordenação do DELPAZ, realizada a 26 de Março de 2025, na vila de Guro, na província de Manica, com a participação dos parceiros e do GON, elogiou os ganhos “reais e impressionantes” com a implementação do Programa, destacando a geração de empregos e a redução da pobreza, criando assim um ambiente propício de reconciliação.

O comité, que avaliou o progresso das atividades entre Junho de 2024 a Março de 2025, realçou o sentimento de satisfação das comunidades, tendo o programa DELPAZ contribuído para a melhoria da qualidade de vida da população dos cinco distritos província de Manica onde é implementado o programa.

Entre os grandes feitos, destaca-se o aumento de produtividade agrícola, acesso á água potável, criação de oportunidades de emprego a jovens e beneficiários do DDR, acesso a infraestruturas essenciais, o que melhorou os meios de subsistência das comunidades rurais nos distritos afetados por conflitos, com especial enfoque nas mulheres e nos grupos desfavorecidos.

A adoção de tecnologias e práticas agrícolas inteligentes trouxe resultados históricos na agricultura naqueles distritos, com a produção pelas associações camponesas de 37 toneladas de tomate, 12 toneladas de couve, 11 toneladas de cebola, 10 toneladas de alface, 6 toneladas de maçaroca, 5 toneladas de feijão vulgar e igual quantidade de repolho, 4 toneladas de quiabo e a mesma quantidade de pimenta, 2 toneladas de pepino e outras de feijão verde, alem de 0.8 toneladas de cenoura.

800 produtores capacitados

Com essa produção mais de 1.400 famílias beneficiárias diretas tem dieta melhorada. Milhares de beneficiários indiretos também tiveram aumento de disponibilidade de alimentos nos distritos de Gondola, Barué, Macossa, Guro e Tambara.

Ainda na agricultura foram capacitados 886 produtores, incluindo 240 jovens agricultores e beneficiários do DDR e seus familiares, além da distribuição de mais de 20 toneladas de semente e 3500 instrumentos a camponeses em resposta ao fenómeno el-nino.

Na componente de infraestruturas, há que destacar a construção de mercado distrital de Macossa, de cinco armazéns agrícolas com duas repartições, equipados com máquinas de processamento nos distritos de Tambara, Macossa, Guro, Barué, estando de Gondola em fase de conclusão.

Foram construídos 4 sistemas de abastecimento de água movidos a energia solar em Sanhantuze (Barué), Nhauchanga (Tambara), Mwakwakwa (Gondola) e Cagole em Barué, além de fontes de água do tipo afridev em Guro e Gondola.

Igualmente foram construídos três sistemas de irrigação gota-a-gota, a base de energia solar em Guro e Macossa. Assim os camponeses trocaram a rega manual com um sistema mais sofisticado, o que esta a revolucionar a agricultura.

Foram estabelecidos 6 campos de demonstração dos resultados e 8 campos de multiplicação nos cinco distritos de Manica.

A ligação com feiras e eventos como a FACIM ampliou a visibilidade das comunidades e valorizou os seus produtos e talentos locais.

Os distritos ganharam também seis corredores de tratamento animal em Guro e Macossa e já entregues as comunidades.

Já na componente de formação 100 beneficiários foram graduados em cursos de culinária, alfaiataria, construção civil, serralharia mecânica, carpintaria e eletricidade. Mais de 30 por cento dos beneficiários são do DDR, sendo que deste número 64 são homens e 36 mulheres, alem da distribuição de 5 kits de empreendedorismo em cada distrito.

O comité provincial de coordenação de Manica, foi antecedido por uma visita de campo nos distritos de Barué, Macossa e Guro, onde foram inauguradas e entregues as comunidades dois sistemas de abastecimento de água movidos a energia solar, o mercado distrital de Macossa e três armazéns agrícolas, equipados dos respetivos equipamentos.

Entretanto, os governos locais desafiaram os empreiteiros a serem mais céleres na construção das infraestruturas.

A Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), que implementa o DELPAZ nas províncias de Manica e Tete, em parceria com um consórcio de organizações da sociedade civil liderado da ONG Italiana Helpcode, anotou que continua comprometida nos esforços de desenvolvimento das comunidades.

Já o representante da União Europeia, que financia o Programa DELPAZ, manifestou satisfação pelos avanços na implementação do DELPAZ, frisando esperar por mais inaugurações de infraestruturas agora em construção, para ajudar na reintegração e desenvolvimento das comunidades, afastando assim os fantasmas da guerra.

A anfitriã do evento, a administradora Angelina Nguiraze, que enalteceu os resultados até agora alcançados, pediu mais sistemas de abastecimento de água a base de energia solar, para as comunidades do interior do distrito assolado por seca e sistemas de irrigação para potenciar a agricultura.

O embaixador Mário Nguenya, director do Gabinete de Ordenador Nacional de Moçambique (GON), voltou a elogiar o espirito de apropriação do programa pelos governos e líderes locais, que estão a facilitar a aceitação e sustentabilidade dos vários projetos, anotando que a extensão do DELPAZ até Dezembro de 2025 permitirá a conclusão de vários investimentos em curso.

Governos e Parceiros reafirmam compromisso com a Paz no 3° Comité de Supervisão Nacional do DELPAZ

A Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) tem desempenhado um papel fundamental na promoção da paz e do desenvolvimento sustentável em Moçambique, especialmente nas províncias de Manica e Tete. A sua atuação insere-se no DELPAZ (Desenvolvimento Local para a Consolidação da Paz em Moçambique), um Programa do Governo de Moçambique, financiado pela União Europeia e implementada em estreita colaboração com as autoridades locais e diversos parceiros no terreno.

O 3º Comité de Supervisão Nacional do programa DELPAZ, realizado no dia 28 de março em Tete, contou com a presença do Gabinete do Ordenador Nacional (GON) do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, membros dos governos central e provinciais de Tete, Manica e Sofala, bem como dos parceiros do programa, e também representantes do Secretariado da Paz. Durante o encontro, foi enfatizado o compromisso conjunto com a paz e o desenvolvimento, garantindo que os investimentos realizados no âmbito do DELPAZ possam continuar a melhorar a vida das comunidades beneficiárias.

Os participantes destacaram os ganhos concretos e visíveis alcançados pelo programa e sublinharam a importância de manter um compromisso com a paz para que os investimentos e estratégias em curso se tornem sustentáveis, promovendo o desenvolvimento social e económico das comunidades afetadas por conflitos.

Além disso, foi reconhecido que o DELPAZ direcionou a maior parte dos seus recursos para as comunidades mais vulneráveis, impulsionando as economias locais e criando oportunidades de emprego, inclusive para os combatentes desmobilizados e suas famílias. O programa também contribuiu significativamente para a melhoria do acesso à água potável, a geração de empregos para os jovens e a construção de infraestruturas essenciais, especialmente aquelas voltadas para práticas agrícolas mais sustentáveis.

A integração dos produtores locais aos mercados fortaleceu a economia das comunidades, valorizando os seus produtos e capacidades. Os investimentos em serviços públicos trouxeram melhorias tangíveis, como novas escolas, reabilitação de estradas, acesso à água e desenvolvimento de infraestruturas agrícolas. Paralelamente, o DELPAZ tem incentivado uma governação local mais inclusiva, capacitando os órgãos públicos para uma gestão mais eficiente e sustentável dos serviços essenciais.

Esses avanços foram destacados como elementos fundamentais para eliminar as causas dos conflitos e assegurar uma paz duradoura, beneficiando toda a sociedade moçambicana.

Visitas de campo e projetos inaugurados

Após o 3º Comité de Supervisão Nacional, realizou-se o 6° Comité de Coordenação Provincial da Província de Tete, onde se reforçou o consenso sobre os benefícios proporcionados pelo DELPAZ, tanto no desenvolvimento de infraestruturas quanto na oferta de formação profissional para os jovens e capacitação para a governação local.

As reuniões foram precedidas por uma visita de campo às províncias de Manica e Tete, durante a qual foram inaugurados diversos projetos estruturantes, entre eles:

  • Dois sistemas de abastecimento de água movidos a energia solar, em Gondola e Bàrué;
  • Mercado de Macossa;
  • Armazéns agrícolas em Macossa e Guro (Província de Manica);
  • Escola Primária de Chibaene;
  • Casa da Mulher;
  • Incubadora verde;
  • Sistema de abastecimento de água e de irrigação no distrito de Tsangano (Província de Tete).

Além disso, foram reportadas as conclusões do seminário sobre as lições aprendidas na implementação do programa, na cidade da Beira (Província de Sofala), nos dias 11 e 12 de março.

O Papel dos Parceiros da AICS em Manica e Tete

Para garantir a eficácia e a sustentabilidade do DELPAZ, a AICS trabalha em parceria com consórcios liderados por organizações experientes em desenvolvimento local e consolidação da paz. Em Manica, o consórcio é liderado pela ONG Helpcode, enquanto em Tete, a liderança cabe à ONG SavetheChildren. Essas organizações coordenam ações voltadas para a capacitação das comunidades, a criação de oportunidades econômicas e o fortalecimento das instituições locais.

O DELPAZ é financiado pela União Europeia e implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento em Manica e Tete, pela Agência de Desenvolvimento Austríaca em Sofala, com o secretariado suportado pelo Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital.

Parceria: Um Caminho para o Desenvolvimento e a Paz

A actuação da AICS em Moçambique demonstra que a parceria é um elemento-chave para o desenvolvimento sustentável e a construção da paz. A relação estabelecida com os governos locais de Manica e Tete não apenas possibilitou a implementação eficaz do DELPAZ, mas também permitiu a mobilização de novos financiamentos para projetos complementares.

Essa abordagem fortalece as capacidades locais, fomenta o envolvimento das comunidades no processo de desenvolvimento e amplia os impactos positivos da cooperação internacional, criando um futuro mais próspero, inclusivo e pacífico para Moçambique.

 

Reflexões e aspirações: as vozes dos beneficiários do DELPAZ nas províncias de Tete, Sofala e Manica

Enquanto o cenário político em Maputo discute fervorosamente a possibilidade de um Plano Nacional de Reinserção, estimulando um diálogo aprofundado entre as autoridades e a sociedade civil, um caminho para uma mudança tangível já está a ser percorrido nas províncias de Manica, Tete e Sofala. Estes passos, dados com determinação, já produziram resultados que merecem ser apoiados e podem constituir um ponto de partida sólido. No entanto, a solução não reside apenas em políticas e planos de ação, mas sobretudo na experiência directa e nas vozes autênticas dos protagonistas desta transformação.

Nos dias 21 e 22 de março, realizou-se em Maputo a Conferência Internacional sobre Reintegração Pós-Conflito, promovida pelo Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), sob o alto patrocínio do Ministério da Justiça, do Ministério dos Combatentes e do Secretariado para a Paz (PPS). Entre os participantes, oriundos das províncias de Tete, Sofala e Manica, destacaram-se as vozes vibrantes de Florinda, Rita, Mário, Graça, Anita, Isabel, Carménia e Carlota.

Para muitos deles, era a primeira vez que se deslocavam a Maputo e traziam consigo uma mensagem cheia de esperança e urgência: “Queremos paz”, declararam enfaticamente. “Queremos trabalhar a terra, somos camponeses. Queremos cultivar a nossa própria comida, mandar os nossos filhos para a escola. Queremos viver em paz e, para isso, precisamos da vossa ajuda”. As suas palavras ressoam com uma urgência palpável, uma vez que reflectem necessidades essenciais: acesso à água, infra-estruturas, estradas, mercados, hospitais e escolas.

As experiências relatadas durante a conferência foram comoventes e esclarecedoras. Anita, com os olhos ainda incrédulos, comentou a visão da abundância de água nos hotéis de Maputo, contrastando com a realidade da sua comunidade, onde a água é um bem precioso que só pode ser alcançado após longas viagens. Mário, impressionado com a grandiosidade e vibração da capital, agradeceu ao DELPAZ por ter levado o furo de água à sua comunidade e novas práticas agrícolas, juntamente com sementes e ferramentas, expressando a importância de alargar este tipo de projectos a todas as comunidades carenciadas.

Florinda partilhou um sentimento de gratidão e reconhecimento: “Nós não éramos nada, mas agora estamos aqui a falar e vocês estão a ouvir-nos. O DELPAZ tornou-nos visíveis”. Estes testemunhos são um reflexo tangível do trabalho realizado pela DELPAZ, também evidenciado pela distribuição da Declaração de Inhanzónia, um símbolo de solidariedade e inclusão promovido através da organização do acampamento solidário em novembro do ano passado no distrito de Báruè.

O papel das mulheres como actores e líderes locais foi particularmente enfatizado, tendo Carlota Inhamussua, colaboradora ativa do Programa DELPAZ na Província de Sofala, partilhado experiências significativas como o projecto da poupança e da caixa dos sonhos. Estas actividades visam não só disponibilizar recursos tangíveis, mas também estimular os sonhos e objectivos das comunidades envolvidas, reforçando a confiança e o sentimento de pertença das pessoas às suas comunidades.

O caminho para a paz e a prosperidade exige um compromisso colectivo e sustentado. Quando estas comunidades começam a dar os primeiros passos em direção à mudança, é crucial que não sejam deixadas sozinhas. Precisam de tempo, apoio e recursos para crescerem e continuarem a cultivar a paz nos seus territórios. Só através de um compromisso partilhado e de uma solidariedade duradoura é que se pode garantir um futuro de esperança e prosperidade para todas as comunidades moçambicanas.

Todos eles têm clamado para não serem deixados sozinhos, agora que estão a começar a ‘gatinhar’ e precisam de mais tempo e apoio para poderem ‘crescer’ e continuar a cultivar a paz nas suas comunidades.

Para isso contribui também o DELPAZ, em parceria com o IMD, implementado pelo AICS em Manica e Tete, e pela ADA em Sofala, com o apoio do UNCFD. Para além de água, infra-estruturas, vias de acesso, sementes e novas práticas agrícolas, estimula os sonhos das comunidades mais afectadas pela violência armada, onde os beneficiários do DDR voltaram a viver, juntamente com as suas famílias.

Como repetidamente expresso pelo Embaixador da UE em Moçambique, Antonino Maggiore, “Como parceiros de Moçambique, estamos plenamente conscientes dos desafios que enfrentamos em matéria de reintegração e reconciliação; […] A paz e a reconciliação só podem ser alcançadas através de uma democracia próspera e da prosperidade em benefício de todos os cidadãos moçambicanos.”

 

 

Janete, a “guerreira” que se redescobriu na Casa da Mulher de Tsangano

O sorriso vibrante de Janete Mussone, espalha uma energia de descobertas e conexões durante a inauguração da Casa da Mulher de Tsangano, a primeira do género a ser entregue no âmbito da implementação do DELPAZ a uma comunidade remota da província de Tete, no centro de Moçambique, uma região antes assombrada por conflitos armados.

Entre danças e aplausos, Janete celebra as conquistas de brevemente poder vender o pão feito por suas próprias mãos [antes o pão era importado do Malawi] e o apoio que tem de outras 15 mulheres, no universo de 20 membros da Casa da Mulher que ela lidera, cujas histórias se cruzam para começar novas trajetórias e reconstruir sonhos, além de reafirmar seus direitos.

“É a primeira vez que temos essa casa em Tsangano, que agrega muitas atividades que vão mudar histórias de muitas famílias neste distrito”, aclara entusiasmada Janete Mussone, ela mesma que acabou de se redescobrir, enquanto desbrava com seu olhar firme os compartimentos que vão acomodar diversas iniciativas que ali se vão desenvolver.

A Casa da Mulher do distrito de Tsangano, é um espaço de acolhimento, escuta, capacitação e fortalecimento para mulheres e homens, com intuito de promover o crescimento económico local.

Além de ser um centro para oferecer apoio, a Casa da Mulher de Tsangano representa para cada mulher um lugar de orientação, proteção e respeito: foi inaugurada a 27 de Março de 2025, e contou com a presença de Anne-Ael Pohu, representante da Delegação da União Europeia em Moçambique.

“Aqui queremos fazer pão para o vender aqui mesmo Também faremos alguns negócios da machamba, como produção de hortícolas, para serem comercializadas aqui. Temos também uma sala de reuniões, para nossos encontros e aluguer para a comunidade, além de um armazém, que poderá ser alugado para guardar produtos agrícolas de comerciantes”, enfatiza Janete Mussone, o que vai responder as desigualdades ou a falta de oportunidade.

“Eu descobri que entre nós mulheres [da Casa da Mulher] havia muitos talentos escondidos, quer na culinária, quer na alfaiataria, porque estamos a fazer roupas incríveis, que vendemos a comunidade”, destaca Janete Mussone, acrescentando que “antes só era possível comprar essas roupas modelos a base de capulanas em Tete ou Maputo”.

A incubadora verde, campo de demostração agrícola e sistema de abastecimento de água multiuso, infraestruturas erguidas adjacentes à Casa da Mulher, vão revolucionar a agricultura, além de garantir água potável para a comunidade e irrigação para os campos da Casa da Mulher.

“Nesta machamba da Casa da Mulher, vamos trabalhar nós mesmas, e os produtos que vamos colher, serão vendidos e o dinheiro será investido aqui no restaurante da casa, mas também para atender a outras faltas que tivermos”, observa, enquanto arrola a diversidade de atividades.

Para ela, a Casa da Mulher é mais do que um espaço físico, é um símbolo de acolhimento, empoderamento e transformação, onde mulheres são ouvidas, valorizadas e fortalecidas para serem protagonistas de suas próprias histórias.

A Casa da Mulher faz parte da iniciativa do DELPAZ, um programa que tem desempenhado um papel crucial na transformação de vidas das comunidades abrangidas na província de Tete, concretamente nos distritos de Moatize, Tsangano e Dôa.

O programa une esforços para promover o desenvolvimento económico, social, com impacto visível nas comunidades mais vulneráveis.

DELPAZ, é um programa do Governo moçambicano, financiado pela União Europeia, implementado pela Agência Italiana de Cooperação Internacional (AICS) nas províncias de Manica e Tete, e pela Agência de Desenvolvimento Austríaca na província de Sofala; com o secretariado a cargo do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital.

 

Dona Crisse, um telemóvel e um cabrito

Crisse Agostinho Guezane é uma mulher de 28 anos da comunidade de Missoche, no distrito de Moatize.

Ela carrega consigo não apenas o peso da maternidade de quatro filhos, mas também o desejo ardente de transformar sua realidade. A sua é uma história exemplar, um testemunho de resiliência e determinação.

Antes da intervenção do Programa DELPAZ na sua comunidade, dona Crisse limitava-se a cultivar apenas milho. O conhecimento sobre a produção de hortícolas era escasso, mas a sua vontade de aprender e progredir era inabalável.

Graças à iniciativa da Fundação SEPPA, um dos parceiros do Programa DELPAZ, dona Crisse recebeu as ferramentas e insumos necessários para expandir suas actividades agrícolas. Sementes de repolho, tomate e feijão foram fornecidas, abrindo portas para um novo capítulo na sua vida. Com a orientação e apoio do pessoal da fundação, Crisse aprendeu os segredos da produção dessas culturas.

Numa área modesta de 70×70 metros quadrados, dona Crisse começou a sua jornada como agricultora de hortícolas. Através da venda da sua produção, ela alcançou pequenas conquistas que reflectiram grandes mudanças na sua vida, e naquela dos filhos. Com o dinheiro adquirido, comprou um telefone celular e uma cabra, símbolos tangíveis do seu progresso e determinação.

Determinada a ir além, dona Crisse tem planos ambiciosos para o futuro. Ela agora quer expandir a sua área de produção para 100×100 metros quadrados, para cultivar uma variedade ainda maior de culturas, incluindo repolho, tomate, couve, cebola, milho e feijão. Além disso, aspira a ser um modelo para outros agricultores na sua comunidade, inspirando-os a perseguir os seus próprios sonhos e objectivos. E ela é que diz: “só a paz nos permite de estar bem, só a paz nos permite de garantir a comida, só é a paz que nos faz ricos!”

 

Declaração de Guro “acelera” compromisso para o empoderamento da mulher

O acampamento solidário, realizado entre 15 e 16 de Abril, no distrito de Guro, na província de Manica, produziu a Declaração de Guro, que resultou dos calorosos debates em sessões plenárias e trabalhos em 10 grupos temáticos das mulheres de Tete, Manica e Sofala, para acelerar o compromisso para o seu empoderamento.

O segundo acampamento solidário do DELPAZ e primeiro do Projeto Manica Para as Mulheres, reuniu 287 participantes, dos quais 250 mulheres, e decorreu sob o lema “Mulheres empoderadas pela Paz, a inclusão social e o desenvolvimento económico local”.

 Na Declaração de Guro, que envolveu também os homens, que foram chamados a refletir e partilhar seu ponto de vista sobre os diversos temas debatidos e a dar apoio as mudanças nas relações de género (“Eles por elas”), as mulheres revelam um novo ciclo de descobertas, de fortalecimento e de renovação para sua autonomia económica.

Para elas, a Mulher continua a desempenhar um papel chave na produção e comercialização agrícola, por isso devem ser criadas oportunidades de acesso a terra e recursos, para ela gerir os seus rendimentos provenientes das colheitas. Mas também criar oportunidades de trabalhos formais, igualdade de género através da inclusão da mulher em sectores chaves de atividades, quer financeira, comercial, industrial e tecnológica.

A criação de cooperativas de negócio, o desenvolvimento de iniciativas de empoderamento económico direcionado às Mulheres e Raparigas, pode permitir que todas as pessoas tenham acesso ao dinheiro.

A Declaração de Guro recomenda que o acesso ao crédito seja mais expandido para as mulheres, e se responsabilizem pelo pagamento, além de que mulher deve ter voz no lar e ter oportunidade de ser escutada, sendo que o seu ponto de vista é importante quanto o ponto de vista dos homens.

As mulheres devem passar a denunciar as violências que acontecem nos lares depois o acampamento, mas também deve se melhorar a gestão dos casos de violências contra as Mulheres e penalização dos agressores.

Também há necessidade de se expandir a rede escolar, para que raparigas particularmente, possam concluir o nível médio escolar ou 12ª classe, mas também a formação técnico-profissional, para que possa aumentar a sua participação ativa em órgãos de tomada de decisão a todos os níveis.

Criar reservatórios de água para a irrigação: no DELPAZ funcionou como planeado, pois as comunidades criaram diques pequenas lagoas para ter reservatório, e assim enfrentar as mudanças climáticas, que se tornaram num obstáculo para as mulheres que dependem a agricultura de sequeiro.

Para assegurar a inclusão de todas e todos, o acampamento utiliza métodos feministas de base comunitária que se centram na utilização de uma abordagem transformadora, de diálogos nas línguas locais, a fim de criar empatia e aumentar a auto-estima, e espaços seguros (como a lareira das mulheres que se realizou na noite do dia 15 de Abril) com debates educativos e terapêuticos.

A governadora de Manica, Francisca Tomás – que participou do acampamento e fez o encerramento do mesmo – anotou que alcançada a Paz em Moçambique, “torna-se necessária e urgente” a união de esforços que possam resultar na criação de oportunidades as mulheres, sobretudo as vítimas dos conflitos armados (a maioria no acampamento), possam participar em pé de igualdade com as demais no processo de desenvolvimento das suas comunidades.

“A avaliar pela declaração final deste acampamento, como Governo Provincial, queremos reconhecer que esta iniciativa constitui uma plataforma ideal para a promoção da mulher como atora local”, enfatizou Francisca Tomás, realçando que o acampamento foi um espaço que possibilitou a construção de uma mulher cada vez mais líder.

 Este evento foi realizado pelo Grupo de Mulheres de Partilha de Ideias de Sofala (GMPIS), um dos membros do Consórcio que implementa o DELPAZ, em colaboração com Helpcode que lidera o programa em Manica, e “Manica para as Mulheres” que é liderado pelo Progettomondo e com as outras organizações parceiras (FDC, ProgettoMondo, UEM, LEGAcoop, UNCDF, EU e CAM).

Este é o segundo acampamento solidário, onde as vozes e histórias das mulheres, como atores locais do DELPAZ, em Manica, Sofala e Tete, estão a ser partilhadas e escutadas, e que depois foi elaborada a Declaração que garanta que as necessidades das mulheres sejam devidamente consideradas.

O primeiro foi realizado em Novembro de 2023, em Inhazónia, distrito de Bárué, ainda na província de Manica.

O DELPAZ, um programa do Governo de Moçambique, financiado pela Uniao Europeia, abrange os temas da Governação Local e do Desenvolvimento Economico Local para a consolidação da paz. Em estrita coordenação com os governos locais, e’ implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), com a colaboração de dois consórcios de organizações da sociedade civil liderados pela ONG Helpcode na Província de Manica, e pela ONG Save The Children na Província de Tete; enquanto em Sofala o programa é implementado pela Agência Austríaca de Desenvolvimento (ADA). Nas três Províncias, o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF) é responsável pela componente de governação local inclusiva.

A AICS financia também uma outra iniciativa chamada “Manica para as Mulheres”, coordenada pelo Progettomondo em parceria com CAM (Consórcio de Associações de Moçambicana), a Helpcode, Fundação Micaia, GMPIS, AITR (Associação Italiana de Turismo Responsável) e Legacoop Emilia-Romagna.

“Manica para as mulheres” visa promover a paz e o desenvolvimento sustentável e inclusivo na província de Manica, através da participação das mulheres na economia rural, com foco nos sectores agrícola, comercial e de turismo rural nos distritos de Báruè, Macossa, Tambara e Guro.

 

 

 

 

 

 

Domingas, Brígida e Cláudia, três mulheres que fazem a diferença

Domingas Joaquim Sabão, Brígida João Masitanisse e Cláudia Manuel foram as três protagonistas do Seminário de Promoção da Liderança Feminina na Prevenção de Conflitos em Gondola, no dia 12 de abril.

Elas são beneficiárias do programa DELPAZ na Província de Manica, e vieram respectivamente dos Distritos de Gôndola, Báruè e Guro, para participar no Seminário, juntas com Directoras de Serviços Provinciais e Distritais, Secretarias Permanentes, Administradoras, funcionárias publicas, empreendedoras, académicas.

O Seminário, organizado pelo Serviço Provincial da Economia e Finança da Província de Manica em parceria com UNCDF, teve lugar no dia 12 de Abril em Gondola, com o objectivo de refletir sobre a importância da liderança feminina na prevenção e resolução de conflitos, e na construção da paz, a partir das experiencias pessoais das participantes.

As protagonistas do DELPAZ também trouxeram seu testemunho, com intervenções tocantes e articuladas que, a partir da experiência do Acampamento solidário de Inhazonia, mostraram como os processos de empoderamento promovidos pelo programa podem contribuir para diminuir as discriminações baseadas no género.

“Havia violação dos direitos dos menores, em particular as raparigas quando terminavam a sétima classe não tinham como ir à escola secundária porque os pais não permitiam que estas crianças continuassem a estudar – também porque a escola ficava longe, e era considerado perigoso. E assim estas meninas depois entravam em casamentos prematuros. Mas a aprendizagem do acampamento permitiu trazer uma mudança de mentalidade na nossa comunidade, e já as meninas deixaram de casar, passaram a ir à escola secundária – contou a Brígida. Ela frisou ainda o seu papel como activistas na comunidade e que “conversamos com os pais dizendo que as meninas têm direito de continuar com a escola secundária e também têm direito, se quiserem, de ir à universidade”.

A Cláudia, por seu lado, abordou o assunto da dependência económica, que pode ser mitigada por iniciativas que promovem o empoderamento económico das mulheres: “Nós mulheres, na minha comunidade, antes ficávamos em casa a lavar e cozinhar; o dinheiro em casa era escondido: não tínhamos acesso, tínhamos de pedir a toda a hora. Os homens são muito expertos, escondem dinheiro. Mas agora eu também consigo ter meu rendimento, compro o que acho devo comprar, dou o meu apoio económico, e consigo mostrar ao meu marido que eu também, como mulher, consigo contribuir para a renda familiar”.

Elas despertaram muita curiosidade e interesse no meio das participantes que quiseram saber como é que elas conseguiram produzir esta mudança de comportamento e de pensamento nos homens. A resposta da Domingas foi bem clara: “Não foi fácil. Quando falei com meu marido que eu precisava de documentação, ele respondeu ‘por acaso você é homem que vai ir à tropa? Este dinheiro é para fazer o quê?’”.  Para ela, o factor decisivo foi, justamente, o programa DELPAZ: “Eu queria entrar no projecto como membro da minha associação, mas os projectos são rigorosos e é importante ter documentação para não correr o risco de ficar fora. Portanto voltei a falar com meu marido: ‘estou a perder a possibilidade de entrar no projecto porque não tenho documentos, porque sem documentos não sou ninguém’. E ele finalmente percebeu que, de facto, era importante eu ter todos os documentos”.

O seminário foi também uma ocasião para partilhar, com todas as participantes, uma cópia da Declaração do Acampamento de Inhazónia, a fim de continuar a espalhar as vozes das mulheres e dos homens protagonistas do DELPAZ, e para reflectir sobre una dinâmica prometedora que está sendo observada nas comunidades onde se implementa o programa – ou seja, que os homens estão expressando de forma explícita o seu interesse em ser formados sobre assuntos de igualdade de género e empoderamento. Assim, o próximo passo vai ser uma primeira formação sobre este tema a ser dada nas Rádios comunitárias com as quais o DELPAZ colabora: assim, fiquem atentos as próximas actualizações!

 

Fazer as coisas acontecerem

“Espero que regressem a casa diferentes da forma como chegaram, que se sintam mudados: para que possam transformar as vossas vidas e as vidas das comunidades em que vivem. Façam as coisas acontecerem!” Foi com estas palavras que Hermenegildo Rodrigues Arnaldo, director do Instituto Agrário de Chimoio (IAC), encerrou no dia 13 de abril a cerimónia de entrega dos certificados de conclusão do primeiro curso de formação em ‘Produção agrícola, produção animal e técnicas de transformação’ a 72 jovens do Distrito de Barué, na Província de Manica.

O curso de formação profissional de curta duração, com a duração de duas semanas, contou com a participação de 18 mulheres jovens e 54 homens jovens, 20 dos quais provenientes de famílias beneficiárias do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), em aulas teóricas e práticas sobre temas como a agricultura de conservação, técnicas de irrigação, controlo de pragas, criação de animais e produção de alimentos para animais, e a transformação e conservação de produtos agrícolas.

Nas próximas semanas, mais 328 jovens dos Distritos de Gondola, Guro, Macossa e Tambara vão participar em mais quatro ciclos de formação sobre os mesmos temas – uma das actividades chave do projeto DELPAZ na Província de Manica, que prossegue agora com estágios nas associações de produtores com quem o DELPAZ trabalha sob a supervisão dos técnicos agrónomos dos Serviços Distritais das Actividades Económicas formados em 2023.

Realizado pela Progettoomondo, um dos parceiros do consórcio que implementa o projecto, o curso decorreu no IAC, um dos parceiros institucionais do DELPAZ e também um dos principais institutos de formação profissional do país, que acolhe estudantes de todas as províncias e os forma em áreas como Agronomia, Medicina Veterinária, Engenharia Florestal e Conservação da Fauna Bravia, desempenhando um papel crucial na integração social e capacitação dos jovens.

O dia foi animado e alegre, entre momentos oficiais e trocas mais informais, que permitiram conversar com os alunos e alunas, que mostram – como se pode ler nas linhas seguintes – que regressam a casa com ideias e perspectivas muito diferentes, mas todos com grande motivação, e com novas amizades.

 

“Saio daqui com a ideia clara de que quero ir para a suinicultura: é a parte do curso que mais me apaixonou e tem um grande potencial” (Jordao Jairosse, de 31 anos, da comunidade de Honde)

“Já sou agricultor, mas aprendi coisas que não sabia, como a transformação de produtos agrícolas, que é algo que quero começar a fazer, nomeadamente com a produção de óleo de sésamo” (Armindo Inoque Jose, de 31 anos, de Nhassacara)

“Apercebi-me que quero continuar a formação e a estudar, gostaria que o curso tivesse durado mais tempo, mas depois apercebi-me do que me interessa” (Micheque Albertino Januario, de 21 anos, da comunidade de Chuala)

“Queremos trabalhar em grupo, organizarmo-nos. Vamos precisar de apoio, de alguns fundos para os primeiros investimentos, mas temos de começar” (Niquilone Fevereiro, 22 anos, de Chuala)

“Eu tenho o meu próprio campo. Cultivo milho, madumbe (taro), tseke (amaranto), mapira (sorgo). Onde é que eu gostaria de estar daqui a um ano? Gostava que os meus produtos fossem vendidos em Chimoio, aqui mesmo na cidade, a toda a gente”.  (Rosa Zeferino Manejo, 30 anos de Nhassacara)

 

 

Investir nas mulheres: acelerar o progresso

No dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher em todo o mundo, queremos recordar a mensagem lançada por Amélia Andalusa, de Dunda, distrito de Macossa, na província de Manica, durante o primeiro acampamento de mulheres organizado pelo Programa DELPAZ em novembro passado: “O conflito é um trauma para as mulheres, em todas as partes da nossa vida. Mas agora queremos continuar a viver em paz e queremos ser emancipadas, fazer agricultura, pequenos negócios, criar animais, sabemos também que existe a emancipação económica digital, onde podemos usar os nossos telefones para fazer comércio”.

Este ano, de facto, o Dia Internacional da Mulher de 2024 centra-se no tema crucial “Investir nas mulheres: acelerar o progresso”.[i] Uma oportunidade para refletir sobre a importância de garantir os direitos das mulheres e das raparigas em todas as esferas da vida, reconhecendo que isso não só alimenta economias prósperas e justas, mas também ajuda a preservar um planeta saudável para as gerações futuras.

O relatório da ONU Mulheres salienta que para alcançar a igualdade de género nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável são necessários 360 mil milhões de dólares por ano.[ii] No entanto, a atenção não deve limitar-se ao aumento do financiamento, mas também à reforma das instituições a todos os níveis, para que a promoção do empoderamento das mulheres se torne uma prioridade política e um investimento público essencial.

Para “acelerar o progresso”, a ONU Mulheres sublinha a necessidade de garantir o acesso das mulheres aos recursos financeiros, à terra, à informação e à tecnologia. [iii]A promoção de um emprego decente e sustentável, o reconhecimento do valor do trabalho de assistência das mulheres, o combate à violência baseada no género e a promoção da participação das mulheres em todos os processos de tomada de decisão são acções fundamentais.

O programa DELPAZ, um programa governamental moçambicano financiado pela UE, gerido em colaboração com o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF) e a Agência Austríaca de Cooperação (ADA), e implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) nas Províncias de Manica e Tete, e ADA na Província de Sofala,  está empenhado em traduzir estes princípios em acções concretas. Trabalhando em estreita colaboração com as instituições locais, o DELPAZ promove investimentos em infra-estruturas públicas para reduzir as desigualdades no acesso aos recursos e melhorar o empoderamento das mulheres.

O DELPAZ adopta uma abordagem inclusiva, trabalhando na sensibilização da comunidade para a construção da paz, a inclusão social e o combate à violência baseada no género. A agência também está empenhada em criar oportunidades de autoemprego através de cursos de formação profissional e de apoio à criação de microempresas, com ênfase na capacitação económica das mulheres. E fá-lo começando com vozes, pontos de vista, a criação de espaços para as mulheres – elementos fundamentais da agency das mulheres.

Um dos exemplos tangíveis do empenhamento do DELPAZ é o Acampamento solidário no distrito de Báruè, província de Manica, que decorreu nos finais de novembro de 2023. Esta prática colectiva promove a solidariedade, a inclusão e a diversidade, reforçando o papel das mulheres como actores locais e construindo a sua liderança. Através destes acampamentos, as mulheres participam ativamente nos processos de tomada de decisão, identificam vulnerabilidades e necessidades e constroem alternativas concretas apoiadas pelo programa. Assim, queremos celebrar este 8 de março de 2024 partilhando a Declaração redigida pelas mulheres e homens que participaram no Acampamento Solidário.

Nesse dia, Amélia Andalusa foi muito clara: “Já temos o nosso grupo de poupança e precisamos de sensibilizar outras mulheres. É por isso que queremos mais campos como este! Deviam ser organizados em todos os distritos, replicados e realizados nas comunidades, porque é assim que capacitamos as mulheres e também os homens.”

A AICS intensifica os seus esforços através de iniciativas centradas no acesso das mulheres aos recursos financeiros, à terra e às tecnologias da informação e da comunicação (TIC). Projectos como o “Coding Girls” visam melhorar as competências das mulheres, abrindo novas oportunidades de acesso a empregos dignos nas TIC. Além disso, iniciativas como “As Mulheres do SUSTENTA” contribuem de forma concreta para a promoção da igualdade de participação e de liderança das mulheres nas zonas rurais.

O compromisso do AICS, tal como o do Programa DELPAZ, reflecte uma abordagem holística e orientada para a resolução das desigualdades de género, fornecendo soluções concretas e sustentáveis para garantir o bem-estar e o empoderamento das mulheres em 2024 e nos anos seguintes.

[i]   https://www.unwomen.org/en/news-stories/announcement/2023/12/international-womens-day-2024-invest-in-women-accelerate-progress

[ii] https://www.unwomen.org/en/digital-library/publications/2023/09/progress-on-the-sustainable-development-goals-the-gender-snapshot-2023

[iii] https://www.unwomen.org/en/news-stories/explainer/2024/02/five-things-to-accelerate-womens-economic-empowerment

 

Do conflito à agricultura: Evelina, um exemplo de renascimento graças ao programa DELPAZ

Em Moçambique, em particular no distrito de Gondola, na província de Manica, uma mudança positiva está a transformar vidas e comunidades graças ao programa DELPAZ. Este programa está a demonstrar o seu impacto concreto através de histórias de renascimento como a de Evelina, uma antiga guerrilheira envolvida no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração Social (DDR).

Testemunha desta transformação, Evelina partilhou recentemente a sua experiência através de um artigo publicado no jornal SAVANA. Da sua vida no conflito, está agora a enveredar por um novo caminho centrado na agricultura e no bem-estar da sua família. O seu testemunho é não só uma inspiração, mas também uma prova tangível do valor de programas como o DELPAZ na mudança de destinos e na regeneração de comunidades, e reflecte o sucesso de uma abordagem holística que vai para além da mera assistência, investindo no potencial humano e nos recursos locais.

O Programa DELPAZ procura coordenar esforços entre o governo, os parceiros e as organizações da sociedade civil para investir em infra-estruturas, desenvolvimento agrícola e empreendedorismo. Este esforço tem como objetivo relançar a economia das comunidades afectadas por conflitos em 14 distritos das províncias de Manica, Tete e Sofala. Graças ao financiamento da União Europeia e à implementação da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) em Manica e Tete; da Agência Austríaca de Desenvolvimento (ADA) em Sofala; com o apoio do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento do Capital (UNCDF), o DELPAZ apoia a criação de oportunidades para melhorar a vida de muitas pessoas.