Cerimônia de inauguração dos trabalhos de infraestrutura da Estação de Biologia Marinha de Inhaca.

No dia 14 de outubro, realizou-se na ilha de Inhaca (Província de Maputo, Moçambique) a cerimónia de inauguração dos trabalhos de requalificação/construção de parte das infraestruturas da Estação de Biologia Marinha de Inhaca (EBMI), da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). O evento contou, entre outros, com a presença do Embaixador de Itália em Moçambique, Gianni Bardini, do Vice-Embaixador, Eugeniu Rotaru, do Director da Agência Italiana para a Cooperação ao Desenvolvimento (AICS) – Sede de Maputo, Paolo Enrico Sertoli, e do Magnífico Reitor da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Manuel Guilherme Júnior, juntamente com outras autoridades governamentais, doadores e representantes das autoridades locais e religiosas.

A AICS está a apoiar a EBMI através de vários programas, relacionados com o setor ambiental (em particular, Mangrowth, RINO e BioForMoz), contribuindo para a formação de recursos humanos e para a reabilitação e construção de algumas infraestruturas, com o objetivo de apoiar a transferência de conhecimentos e a formação das competências científicas locais, na tentativa de “descolonizar” a investigação e a gestão dos recursos naturais de Moçambique.

Entre os trabalhos realizados na EBMI, destacam-se a requalificação dos dormitórios e do refeitório, além da nova construção do laboratório de investigação, que dotará a Estação de espaços e equipamentos adequados para realizar pesquisas científicas tanto em ambientes secos como húmidos.

A delegação, recebida pelas altas autoridades do Município de Inhaca, teve a oportunidade de visitar as infraestruturas. Os novos dormitórios, com capacidade para acolher 58 estudantes e docentes, assim como o refeitório e o laboratório, são indispensáveis para proporcionar condições ótimas aos investigadores nacionais e internacionais envolvidos no estudo da rica biodiversidade da ilha, que é em grande parte identificada como reserva natural e alberga vários biomas, desde os recifes de corais mais a sul do planeta, até dunas, mangais e áreas húmidas, e acolhe, entre outras coisas, famílias de dugongos (considerada a nível mundial uma espécie vulnerável). Durante a cerimónia, foi possível constatar a utilização das novas infraestruturas que, nestes dias, acolhem estudantes italianos e moçambicanos que participam na segunda edição da Summer School, um programa que, com o apoio do projeto Mangrowth, se foca no estudo dos habitats de mangais. A delegação teve a oportunidade de interagir com os estudantes e conhecer os seus trabalhos.

A delegação também visitou as infraestruturas que acolherão o laboratório, que terá a capacidade de receber pelo menos 10 investigadores simultaneamente. O laboratório é composto por um laboratório húmido, utilizado para o estudo de amostras biológicas marinhas em condições controladas, e um laboratório seco, destinado à análise de amostras predominantemente terrestres e ao processamento de dados. Estes dois tipos de laboratórios são fundamentais para uma investigação completa sobre os ecossistemas marinhos e costeiros da ilha de Inhaca. De facto, a EBMI acolhe investigadores moçambicanos da UEM e de outras instituições nacionais, assim como de instituições da África Austral, para realizar investigações sobre a proteção da biodiversidade marinha.

O Embaixador de Itália em Moçambique, Gianni Bardini, sublinhou que “A investigação e a proteção do ambiente marinho são ainda mais cruciais no contexto da preservação ambiental, uma vez que os danos causados aos recursos marítimos, embora menos visíveis do que os terrestres, são enormes.” Reiterou também que “O ambiente é fundamental para todos nós, sendo essencial para garantir e promover um futuro para as novas gerações. Temos uma responsabilidade moral importantíssima: entregar o planeta aos jovens nas melhores condições.”

Por sua vez, o Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Manuel Guilherme Júnior, agradeceu ao governo italiano “o nosso parceiro, que nos tem apoiado nos últimos 45 anos. Esta cooperação foi importante para a UEM e permitiu que a UEM chegasse às mãos dos moçambicanos, através das ações de ensino, no âmbito da investigação e também da extensão e da inovação.” Alertou também sobre a importância da sustentabilidade, “não apenas em termos de ciência e investigação, mas também na preservação das infraestruturas aqui construídas, para que possam durar e beneficiar não só esta geração, mas também as futuras, que precisarão destas estruturas.”

O evento terminou com uma visita ao Museu da EBMI, onde um técnico destacou a rica história da estação, fundada em 1951, e as mais de 12.000 espécies registadas em Inhaca, incluindo mais de 150 espécies de corais, 300 espécies de aves e quatro espécies de tartarugas. O técnico apresentou alguns exemplares, como um esqueleto de dugongo, um animal em via de extinção que, graças aos esforços dos parceiros, incluindo a Cooperação Italiana, está a voltar às águas de Inhaca.

Evelina, a ex-cozinheira de Afonso Dhlakama que usou pela primeira vez semente certificada

Como tradição familiar, Evelina Zacarias, tinha guardado no celeiro uma porção de grãos de milho da sua colheita para usar como semente na campanha agrícola seguinte, em 2023, mas as mudanças climáticas, que tem provocado seca na sua aldeia, desafiaram a prática.

Ph. André Catueira

“Sempre guardávamos os grãos que pareciam mais saudáveis. Isso é tradição, desde os meus avos, mas com as falhas do ciclo de chuva, as sementes germinavam e definhavam ao florir por causa do sol nesta fase e, perdíamos assim a maior produção, escapando uma e outra espiga” no campo, que depois era colhido e guardado novamente para sementeira, explica.

A ex-guerrilheira da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), foi reintegrada após sua recente desmobilização na aldeia em Zivale, localidade do interior de Muda Serração, distrito de Gondola, na província de Manica, onde além de se dedicar a família, ocupa-se da agricultura para se sustentar.

Ela filiou-se a uma associação de camponeses, no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) Social, e recebeu pela primeira vez semente certificada, através de uma linha de apoio do DELPAZ.

“Recebemos a semente certificada e lancei pela primeira vez no campo. Desconfiada, reservei uma parcela onde lancei a semente familiar (tradicional), mas tudo que germinou morreu por causa do sol. Toda a comida que tenho hoje saiu da semente certificada”, explicou.

“A semente certificada melhorou muito minha renda de produção no campo. Não tinha ideia de que a seca era provocada por mudanças climáticas, e que era preciso responder com novas técnicas agrícolas e sementes melhoradas que os técnicos do DELPAZ estão a nos ensinar”, observa, enquanto arruma molhos de capim, que vão cobrir um novo celeiro.

Evelina Zacarias, 50 anos, que se reintegrou em Zivale, combateu durante 18 anos pela guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), servindo como cuidadora dos filhos do líder histórico e depois como cozinheira de Afonso Dhlakama, e foi desmobilizada duas vezes, a última em Junho de 2020.

Evelina foi recrutada para a guerrilha aos 7 anos em 1981, na guerra civil que durou 16 anos, e foi desmobilizada pela primeira vez em 1994, pela missão de paz das Nações Unidas em Moçambique (Onumoz). Após 18 anos na vida civil, voltou a integrar a guerrilha para “lutar pela democracia” em 2012, quando Afonso Dhlakama convocou e reagrupou os ex-guerrilheiros na serra da Gorongosa, em Sofala.

Ph. André Catueira

“Fui recrutada juntamente com o meu pai em Mpunga e dai com o general Ossufo (Momade) partimos para Gorongosa, seguimos para uma base em Maringue e depois para Massala”, num trajeto feito durante meses a pé, conta, realçando que foi em Massala onde foi desmobilizada pela primeira vez.

Agora mãe de 8 filhos, todos nascidos durante os intervalos dos conflitos, teve um treinamento militar inicialmente para o combate, mas depois foi destacada a cuidar dos filhos do presidente Afonso Dhlakama, a quem também serviu como cozinheira mais tarde.

“Havia casas onde estavam as esposas do líder e as crianças, e nos cuidávamos deles. Lavávamos suas roupas nos rios e cozinhávamos para eles até a guerra terminar. O presidente Dhlakama vinha sempre lá onde estavam as esposas e filhos, e dava-nos garantias que um dia a guerra iria terminar, e isso sucedeu até que fomos desmobilizados pela primeira vez em 1992″, conta com uma energia invejável nos gestos.

A ex-guerrilheira lembra que na primeira desmobilização, voltou para a aldeia natal em Búzi, com uma catana, um machado, uma enxada e um cheque do banco, que nunca chegou a levantar, porque ardeu na palhota onde vivia durante uma queimada descontrolada.

Ela foi novamente desmobilizada no âmbito do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) – que resulta do acordo de paz assinado em 2019 – esta a dedicar a vida a família e a agricultura.

“Estamos a aprender a vencer a seca com novas formas de produzir e isso fara a nossa renda muito melhor para cuidarmos a nossa família”, revela Evelina, num habitual sorriso discreto que destaca os traços negros que atravessam o seu rosto.

Ela tem esperança de um dia mecanizar a sua agricultura, e abandonar a enxada de cabo curto, que usa para cultivar seus dois hectares de terra, exclusivamente dedicados ao cultivo de milho e gergelim.

Os ex-guerrilheiros fazem parte de milhares de beneficiários do Programa DELPAZ que está a assegurar a reintegração económica e social de todos os ex-combatentes, suas famílias e comunidades rurais atingidas pelo conflito para alcançar uma paz duradoura em Moçambique.

 

Projeto INCLU.DE: Garantir o Acesso Inclusivo aos Serviços de Saúde para Pessoas com Deficiência em Moçambique

O projeto INCLU.DE – Inclusão para o Desenvolvimento (AID –12759), uma iniciativa financiada pela AICS, foi lançado em agosto de 2024 com o principal objetivo de melhorar as condições de vida de homens e mulheres com deficiência em Moçambique, através da implementação da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. O projeto centra-se nas províncias de Sofala e Maputo e trabalhará em estreita colaboração com a Comissão Nacional de Direitos Humanos.

Com um foco significativo na saúde, o projeto garantirá o acesso das pessoas com deficiência aos centros de saúde, removendo as barreiras que dificultam o acesso e promovendo a sensibilização e formação dos profissionais de saúde. Serão organizados cursos específicos para garantir um atendimento inclusivo e de qualidade. Nas estruturas de saúde avaliadas durante a avaliação das necessidades no terreno, o pessoal de saúde relatou problemas de relacionamento com pessoas com deficiência devido a capacidades e métodos de comunicação inadequados e não adaptados, sendo as pessoas com deficiência visual e auditiva duas das categorias mais negligenciadas. No projeto, portanto, serão previstas formações para o pessoal de saúde sobre métodos de comunicação inclusiva, incluindo a língua de sinais, para desenvolver estratégias e ferramentas de comunicação que atendam às necessidades dos pacientes com deficiência.

Um dos principais obstáculos enfrentados pelas 68.000 pessoas com deficiência auditiva em Moçambique é a dificuldade em comunicar os seus sintomas ou mal-estares aos profissionais de saúde devido à falta de conhecimento da língua de sinais por parte desses técnicos. Essa barreira pode representar um risco para a vida, especialmente num país como Moçambique, onde a malária ainda é uma das principais causas de morte. Em 2022, foram registados cerca de 11 milhões de casos de malária no país, tornando crucial que todas as pessoas, independentemente de suas condições, possam ter acesso de forma eficaz e segura aos serviços de saúde.

Para enfrentar este desafio, a REMOTELINE, empresa moçambicana que colabora ativamente com a AICS, lançou uma central de interpretação em julho de 2020, durante a pandemia de COVID-19, para garantir que as pessoas com deficiência auditiva pudessem ter acesso aos serviços de saúde, especialmente num momento em que muitos desses serviços foram transferidos para o formato online. A central oferece interpretação remota em Língua de Sinais e Português, facilitando a comunicação entre pessoas com deficiência auditiva e profissionais de saúde. O serviço é gratuito e disponível através do WhatsApp, de segunda a sexta-feira, e cobre todo o país, estendendo-se também a países com uma forte comunidade moçambicana, como Portugal.

A linha da REMOTELINE terá um papel crucial no projeto INCLU.DE, especialmente no acesso inclusivo aos serviços de saúde. Esta ferramenta garantirá que, independentemente de onde as atividades do projeto sejam implementadas, as pessoas com deficiência auditiva possam receber assistência imediata, superando as barreiras comunicativas e assegurando um atendimento eficaz e inclusivo.

Para divulgar este serviço, a REMOTELINE apresentou, no dia 31 de agosto, como parte da agenda cultural da AICS na FACIM, a maior feira do setor privado em Moçambique, o impacto que a central de interpretação terá no sucesso do projeto, alcançando milhares de visitantes. Além disso, foi apresentada também a TV Gestual, que visa garantir que as pessoas com deficiência auditiva tenham acesso a informações cruciais, incluindo as relacionadas à saúde. Através dos seus telejornais em língua de sinais, transmitidos no YouTube de segunda a sexta-feira, são fornecidas orientações sobre a prevenção de doenças, como a Monkey Pox, declarada emergência pública na África em 13 de agosto de 2024.

O projeto INCLU.DE representa um passo importante na promoção da inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência em Moçambique. Com a colaboração da REMOTELINE e a implementação de soluções como a central de interpretação, o projeto visa superar as barreiras e garantir que todos os cidadãos possam ter acesso aos serviços essenciais de forma equitativa.

Maputo – 11 de Setembro. Cerimónia de encerramento do projeto BioForMoz

No dia 11 de Setembro, teve lugar na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a cerimónia de encerramento do projeto AID. 12089 BioForMoz – Apoio à Investigação Ambiental, financiado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) no período de 2021-2024.   O evento contou com a presença, entre outros, do Embaixador de Itália em Mocambique, Gianni Bardini, do Reitor da Universidade da UEM, Manuel Guilhermo Junior, do Director da Sede AICS- Maputo, Paolo Enrico Sertoli, da Directora do Centro de Biotecnologia da UEM, Luciana de Araújo.

O projeto, que iniciou no mês de julho de 2021, foi implementado pelo Centro de Biotecnologia da UEM em parceria com um consórcio de Universidades italianas, liderado pela Universidade de Sassari. O BioForMoz teve como principal objetivo a capacitação de investigadores e docentes das instituições biomédicas da UEM e o desenvolvimento de uma rede de infraestruturas e laboratórios de excelência, em alguns centros da UEM (em particular, o Centro de Biotecnologia e o Museu de História Natural). Estas infraestruturas têm desempenhado um papel essencial na produção de investigação científica, inovação e prestação de serviços voltados para a resolução de problemas ambientais e de saúde em Moçambique.

Durante a cerimónia, foram destacados os principais resultados alcançados pelo projeto, entre os quais se incluem a atribuição de 28 bolsas de estudo para Mestrado e Doutoramento a jovens moçambicanos. Alguns dos estudos financiados por estas bolsas abordaram, por exemplo, a análise da prevalência de cólera na província de Sofala após o ciclone Idai, assim como a avaliação genética dos búfalos africanos no País.

Foi igualmente salientada a criação do BioBanco para a conservação da biodiversidade, que atualmente conta com mais de 200 espécies aquáticas e 100 espécies terrestres, constituindo um importante recurso para a preservação da biodiversidade moçambicana. Além disso, foi mencionado o desenvolvimento de infraestruturas laboratoriais na Ilha de Inhaca. Este espaço permitirá a investigação da biodiversidade única da Ilha de Inhaca, que abriga o recife de corais mais ao sul do mundo, por cientistas moçambicanos e internacionais.

 

O Embaixador da Itália em Moçambique, Gianni Bardini, sublinhou a importância do investimento em investigação científica, destacando que os “países mais avançados são aqueles que investem fortemente neste setor”. Bardini enfatizou ainda que, apesar do encerramento os seus impactos perdurarão graças à rede de relações estabelecida entre a UEM e prestigiadas universidades italianas, como a Sapienza, Génova, Sassari, Parma, assim como o Instituto de Pesquisa sobre as Águas de Itália. O Embaixador também enfatizou a necessidade de as universidades não serem vistas como “torres de marfim” distantes da comunidade. “Devemos aproveitar todas as oportunidades para conectar a investigação académica à criação de emprego e serviços para a população”, afirmou, citando como exemplo a criação de postos de trabalho nas reservas e parques de Moçambique.

O Reitor da UEM, Manuel Júnior, elogiou a “contribuição notável” do projeto para a capacitação institucional, destacando a acreditação de laboratórios e os avanços no controlo da qualidade dos alimentos, água e ambiente, em conformidade com os padrões internacionais. O Reitor demonstrou particular satisfação pelo facto de mais de 80% das bolsas de estudo terem sido atribuídas a mulheres, reconhecendo a importância da participação feminina nas áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), como uma forma de promover a igualdade de género.

O encerramento do projeto BioForMoz marca o fim de uma fase, mas os esforços da AICS em promover a biodiversidade em Moçambique continuam, com iniciativas como a requalificação do Museu de História Natural e o novo projeto no Parque Nacional de Chimanimani. que vê o Centro de Biotecnologia como parceiro do consórcio de universidades que irão implementar o programa, marcando de forma ainda mais clara a transição de entidade beneficiária das ações da cooperação italiana para entidade executora. É importante lembrar também que o centro, através do programa RINO, está atualmente a prestar serviços de consultoria à polícia criminal do Governo de Moçambique, com formações laboratoriais para os técnicos forenses com o objetivo de combater os crimes cometidos contra a biodiversidade do país.

Por fim, graças ao apoio da cooperação italiana, que contribuiu para elevar o centro a instituto de referência, recorda-se que desde 2019, o mesmo faz parte da rede de laboratórios Enhancing Research for Africa Network, promovida pelo Istituto Zooprofilattico Sperimentale dell’Abruzzo e del Molise.

 

FACIM 2024: AICS e Sector Privado contribuindo para o desenvolvimento sustentável de Moçambique

A Agência Italiana para a Cooperação ao Desenvolvimento (AICS) participou da 59ª edição da Feira Agrícola, Comercial e Industrial de Moçambique (FACIM), realizada sob o lema “Industrialização: Inovação e Diversificação da Economia Nacional”, em Marracuene, de 26 de agosto a 1 de setembro.

A FACIM, a maior feira do setor privado em Moçambique, tem como principal objetivo promover trocas comerciais, estimular a produção e o consumo, e atrair investimentos para o país. Nesta edição, mais de 3 mil expositores de 26 países estiveram presentes, incluindo 2.300 empresas moçambicanas e 750 operadores económicos estrangeiros. O stand da AICS estava localizado no pavilhão da Itália, onde 17 empresas italianas apresentaram a excelência do “Made in Italy”.

Durante o evento, a AICS organizou um programa cultural. No âmbito do projeto de prevenção e controlo de doenças não transmissíveis, mais de 40 visitantes puderam medir a pressão arterial e a glicemia. Aqueles com valores elevados de glicemia e pressão arterial receberam recomendações para prevenir doenças como os diabetes.

Além disso, foi apresentado o projeto de infraestruturas urbanas verdes e resilientes, que através do qual, será construída a primeira Unidade de Compostagem Municipal em Maputo, com o envolvimento de parceiros do sector privado.

O projeto INCLU.DE apresentou a parceria com a REMOTELINE, uma empresa moçambicana que oferece interpretação em língua de sinais para facilitar a comunicação com pessoas com deficiência auditiva por meio de chamadas via WhatsApp.

Os visitantes também tiveram a oportunidade de conhecer diversas cooperativas e empresas apoiadas pela AICS, como a empresa Kuvanga, que comercializa frutas desidratadas como manga, ananás e coco em Inhambane, a cooperativa de frutas de Barué, especializada na comercialização de litchi, e a Associação dos Produtores de Café do Ibo, que comercializa o café do Ibo, no âmbito do projeto MAIS VALOR 1.

Os agricultores do Programa DELPAZ realçaram a sua alegria e satisfação na participação na feira internacional de Maputo, onde

conseguiram expor e vender os seus produtos, milho, feijão, cebola, amendoim, mapira, etc., e sobretudo dar a conhecer as boas práticas e fazer networking, como frisado pela reportagem a eles dedicadas pela cadeia televisiva internacional RTP, no Repórter África do dia 29 de agosto.

O stand da AICS atraiu um grande número de visitantes, incluindo empresários, jornalistas e parceiros interessados na cooperação italiana e, em particular, no trabalho da AICS com o sector privado em Moçambique. Entre os visitantes, destacamos a presença do Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, acompanhado de Osvaldo Petersburgo, Secretário de Estado da Juventude e Emprego. Ambos tiveram a oportunidade de dialogar com o Team Leader de Criação de Emprego, Alberto Tanganelli, sobre a nova estratégia da AICS para promover a inovação no emprego em parceria com entidades locais.

Lançamento do projeto INCLU.DE

Hoje teve lugar o lançamento do projeto INCLU.DE – Inclusão para o Desenvolvimento, cujo objetivo é melhorar as condições de vida de homens e mulheres com deficiência em Moçambique, através da implementação efetiva da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

O evento contou com a presença do Diretor da Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Moçambique (CNDH), Dr. Albachir Macassar, da Vice-Diretora da AICS – Sede de Maputo, Maria Cristina Pescante, e de representantes dos ministérios moçambicanos, nomeadamente do Ministério do Género, Infância e Acção Social e do Ministério da Saúde. Estiveram também presentes organizações da sociedade civil, como Associação Italiana Amici di Raoul Follereau (AIFO) , implementador do lote 1, e Médicos com África (CUAMM), implementador do lote 2, Remoteline e o Fórum das Associações Moçambicanas das Pessoas com Deficiência (FAMOD).

Durante o lançamento, a Vice-Diretora Maria Cristina Pescante sublinhou que “a iniciativa INCLU.DE representa um passo importante para a promoção da igualdade e da inclusão social. Queremos criar oportunidades para todos, independentemente do género, idade, deficiência ou contexto socioeconómico. Queremos construir uma sociedade em que cada indivíduo possa contribuir ativamente.”

O Diretor da CNDH, Dr. Albachir Macassar, agradeceu à Cooperação Italiana por incluir a Comissão como um implementador chave nesta matéria. Sublinhou ainda a importância do projeto no sector da saúde, enfatizando a “necessidade de aumentar a acessibilidade para as pessoas com deficiência”. Destacou que, devido à falta de acessibilidade, muitas pessoas com deficiência acabam não utilizando os serviços de saúde.

O projeto INCLU.DE, financiado pela Agência Italiana para a Cooperação ao Desenvolvimento (AICS), terá a duração de 36 meses e visa reforçar o sistema de promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiência através de ações de fortalecimento institucional a nível central e local, atividades de pesquisa e análise e intervenções piloto no setor da saúde e da ação social nas Províncias de Maputo e Sofala. A estratégia de intervenção articula-se em quatro componentes principais:

  1. Fortalecimento de capacidades e apoio à Unidade da Comissão Nacional dos Direitos Humanos que se ocupa da promoção, proteção e monitoramento dos direitos das pessoas com deficiência.
  2. Transferência de conhecimentos e sensibilização sobre os direitos das pessoas com deficiência aos funcionários públicos, às Organizações de Pessoas com Deficiência e às Organizações da Sociedade Civil, criando uma base partilhada de informações e consciência.
  3. Apoio aos processos de recolha de dados relevantes e comparáveis sobre a condição das pessoas com deficiência no país, promovendo a desagregação por deficiência dos principais indicadores internacionalmente codificados.
  4. Definição, experimentação e padronização de medidas inovadoras e replicáveis para serviços acessíveis e de qualidade a nível primário e comunitário, começando pelo setor da saúde.

Esta iniciativa visa garantir que as pessoas com deficiência tenham acesso a serviços de saúde de qualidade e inclusivos, promovendo a igualdade de oportunidades e a inclusão social em Moçambique, sem deixar ninguém para trás.

Os governos e comunidades locais satisfeitos com os avanços do DELPAZ na província de Tete

Na 5a reunião do comité provincial de coordenação do DELPAZ, que decorreu a 31 de Julho na cidade de Tete com a participação dos parceiros DELPAZ e um representante do MADER, foi realçado como com a implementação do programa foi melhorada a capacidade de resposta e responsabilidade dos governos locais nos distritos afetados pelos conflitos, enquanto houve reforço na promoção do diálogo social e político em apoio à paz e desenvolvimento a nível local.

Durante o comité foi realçado como a atitude de Paz de homens e mulheres, que são os protagonistas do DELPAZ, contínua pacífica graças ao incansável trabalho das lideranças locais.

Grande destaque foi dado ao acesso a água potável, sendo que todas as recomendações do anterior comité em Novembro de 2023 foram cumpridas, com a conclusão e entrega das 25 fontes manuais a igual número de comunidades dos distritos de Tsangano (11), Moatize (7) e Dôa (7), os três distritos da província de Tete onde DELPAZ é implementado.

O comité provincial de coordenação de Tete, que foi antecedido por uma visita de campo onde está em construção a escola de Chibaene (Chibaene), a casa da mulher (Maconje-sede) e um campo de demonstração em Ndidi.

O órgão avaliou de forma positiva o progresso das atividades do DELPAZ entre Novembro de 2023 e Junho de 2024, destacando a construção, reabilitação, extensão e apetrechamento de infraestruturas públicas.

Entretanto, os governos locais dos distritos afetados pelo conflito, adiantaram que os parceiros de implementação estão no terreno desde Novembro de 2022, e defenderam, durante a reunião do comité, que a extensão representaria uma oportunidade para levar à conclusão de todas as actividades já acordadas com os distritos.

Na componente de infraestruturas, tendo em conta o período de garantias das mesmas, uma vez estarem localizadas em áreas remotas das comunidades, consideraram que é necessário completar as infraestruturas previstas; três escolas, uma em cada distrito, sendo que as obras estão compostas por duas salas de aulas, um bloco administrativo, e três latrinas duplas.

As salas vão beneficiar 625 alunos em Moatize, 430 alunos em Tsangano e 406 alunos em Dôa. Igualmente três casas da Mulher, sendo uma por cada distrito, onde as mulheres e homens receberão treinamentos sobre várias matérias para o seu desenvolvimento social e econômico. Igualmente um posto de saúde deverá ser construído em Tsangano.

Na componente agrícola, é preciso um acompanhamento por mais um ciclo de produção para consolidar a transferência de tecnologia e assim medir o nível de produtividade e produção.

Já na componente de mercado, é necessário potenciar as relações dos mercados e as redes entre as comunidades beneficiárias do DELPAZ, para garantir a sustentabilidade das oportunidades criadas pelo programa.

Na província de Tete, o DELPAZ já beneficia de forma direta 30.000 pessoas, através de serviços eficazes e de infraestruturas melhoradas. Os beneficiários incluem ex-guerrilheiros e seus familiares, deficientes, mulheres, pequenos produtores do sector agrícola, jovens, além de funcionários públicos e provedores de instituições relevantes a nível distrital e provincial capacitados.

O embaixador Mário Ngwenya, director do Gabinete do Ordenador Nacional de Moçambique (GON), elogiou a forma como os governos distritais têm se apropriado do programa, e observou que a extensão do DELPAZ ultrapassaria os desafios de sustentabilidade dos investimentos até agora realizados.

 

 

 

AICS e FAO assinam projectos transfronteiriços de gestão sustentável de florestas e comércio de produtos agrícolas entre Moçambique e Zimbabwe

 

No dia 30 de julho, a Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), a Embaixada de Itália, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e os Governos de Moçambique e Zimbábue assinaram um acordo para a implementação de dois projetos transfronteiriços entre os dois países.

O evento contou com a presença do Embaixador da Itália em Moçambique, Gianni Bardini, do Representante da FAO em Moçambique, José Fernández, da Vice-Diretora da Sede AICS-Maputo, Maria Cristina Pescante, além de representantes do Ministério da Terra e Ambiente, do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural e do Ministério da Indústria e Comércio.

O projeto de Gestão Sustentável Integrada Transfronteiriça das Florestas de Miombo visa proteger, restaurar e promover o uso sustentável das florestas de Miombo partilhadas por Moçambique e pelo Zimbábue. Este ecossistema vital apoia milhões de pessoas nas zonas rurais, fornecendo-lhes recursos essenciais como lenha, alimentos e água. O projeto centrar-se-á em meios de subsistência sustentáveis, na conservação da biodiversidade e na melhoria das práticas de gestão dos recursos naturais nas comunidades. A iniciativa irá beneficiar diretamente 5.000 famílias em áreas selecionadas, promovendo a igualdade de género e a participação dos jovens.

O projeto de Desenvolvimento da Cadeia de Valor Agrícola e do Comércio de Zim-Moza (ATDP Zim-Moza) foi concebido para fortalecer as cadeias de valor agrícolas e o comércio entre Moçambique e o Zimbábue. Ao melhorar o acesso ao mercado, desenvolver as práticas de produção e promover a colaboração transfronteiriça, o projeto visa impulsionar as perspetivas económicas dos pequenos agricultores e das agroindústrias. As principais áreas de foco incluem frutas cítricas, ananás, banana, café, macadâmia, milho e várias hortícolas. A iniciativa irá enfrentar as barreiras ao comércio, apoiar a adição de valor e aumentar a competitividade dos produtos agrícolas nos mercados locais e internacionais.

No discurso de assinatura, o Embaixador da Itália em Moçambique, Gianni Bardini, sublinhou que “estes projetos, como o nome indica, são transfronteiriços, envolvendo vários países, porque desafios como a conservação da biodiversidade ou o fenómeno do El Niño são problemas que um único país não pode resolver sozinho”. Sendo assim, “estas iniciativas irão fortalecer a integração regional, e esse é o caminho que devemos percorrer juntos para enfrentar desafios comuns, desde a agricultura até a segurança alimentar”.

Estas duas iniciativas estão alinhadas com os esforços da AICS para desenvolver o Corredor da Beira, somando-se a outras 8 iniciativas já financiadas pela AICS na região, que têm como objetivo fortalecer a segurança alimentar, promover a agricultura sustentável e incentivar o empreendedorismo juvenil e feminino.

Debate caloroso marca diálogo de Paz em Manica

Nesta quinta-feira, 18 de Julho, o pavilhão polivalente do Instituto Agrário de Chimoio (IAC) esteve colorido, em vestes e opiniões, que marcaram o debate caloroso do diálogo da Paz, promovido no âmbito do programa DELPAZ, pela Agência Italiana de Cooperação ao Desenvolvimento (AICS).

Académicos, estudantes oriundos de várias províncias do país, comunidades atingidas por conflitos nas províncias de Sofala, Manica e Tete, além dos beneficiários do DDR e seus familiares arrolaram de forma vigorosa os caminhos para a consolidação da Paz, que se resumem no diálogo, tolerância e harmonia.

Os mais de 800 participantes do “Diálogo de Paz”, que teve como oradores Rafael Chicane, Rogério Sitoe e Chiquinho Conde (de forma remota) e, moderação de Eva Trindade, concordam que a transição para a paz é um longo processo e deve ser participado pelas várias gerações representativas das várias regiões que compõem Moçambique.

Ao inaugurar o debate, o historiador, Rafael Chicane, “Professor Shikhani”, defendeu que “a paz não é apenas a ausência do conflito”, mas o respeito pelas diferenças; religiosas, culturais e até das condições sociais de cada cidadão, considerando por isso que a inclusão enfatiza a variedade de perspetivas e experiências dos povos de cada região do país.

A sociedade que não respeita as diferenças nunca vai viver em Paz”, sublinha o também pesquisador independente, que escreve extensivamente sobre História Contemporânea de Moçambique, política e conflitos africanos.

Ao intervir no painel, Rogério Sitoe, actual Presidente do Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS), com uma experiência de 38 anos no Jornal Notícias, de maior circulação no país, destacou haver pouco diálogo, por isso que Moçambique está numa situação de crises, com várias classes profissionais em greve e ou a convocar greve, reiterando que a intolerância continua a minar a paz no país.

“A tolerância para paz começa na forma como convivemos”, anotou Rogério Sitoe, defendendo a inclusão dos ex-guerrilheiros na construção da paz, sem os inferiorizar ou atribuir adjetivos.

Sitoe, que participa de forma ativa na Associação “Reconstruindo Esperança”, focada na reintegração de crianças-soldado, realçou que “o mais importante é prevenir o conflito, do que esperar para dialogar para Paz”.

Chiquinho Conde saudou calorosamente os participantes e contou a sua jornada como futebolista e como treinador. Despediu-se deixando esta mensagem:”A paz requer dedicação, disciplina. A paz cultiva-se!”

Os participantes, que manifestaram o orgulho de participar do debate, que refletiu a rica diversidade do país, insistiram na necessidade de haver um compromisso de estimular o crescimento da paz em Moçambique. Ao evento participaram os parceiros de DELPAZ da província de Manica e de Sofala.

Intervindo na plateia, Telma Humberto, que também é beneficiária do DELPAZ no distrito de Macossa (Manica), frisou a importância de fortalecer a harmonia social, porque, defendeu: “a paz não é só o calar das armas, mas uma convivência harmoniosa”.

A música de Djipson Mussengi animou o evento com a sua guitarra e as suas canções.

 

Bartolomeu, o ex-guerrilheiro que vive da agricultura no “deserto”

Bartolomeu Tenesse, 58 anos, lutou por 13 anos na guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), numa frente que tinha a missão de sustentar a guerra civil, com armamento que devia assaltar em quartéis. Foi desmobilizado duas vezes, a última em Junho de 2021 e está pela segunda vez na chamada vida civil.

O ex-guerrilheiro está a lutar agora para sustentar a sua comunidade, com a agricultura que pratica no povoado de Casado, em Tambara, um distrito de clima seco de estepe, com inverno seco e baixa precipitação anual.

O distrito de Tambara, na província de Manica, no centro de Moçambique, está a ser atingido por uma fome severa, provocada por uma seca induzida pelo fenómeno El Niño, que tem devastado colheitas. Tambara separa-se, através do rio Zambeze, com o distrito de Mgabu, no Malawi, que foi declarado estado de calamidade devido ao fenômeno.

“A fome este ano é assustadora, há famílias a se alimentar de farelo de milho, frutas e tubérculos silvestres. Outros passam dias a fio sem comer. Então se eu intensificar essa agricultura, com boa disponibilidade de água, posso enfrentar qualquer tipo de fome”, afirma Bartolomeu Tenesse, com a mão no queixo e o braço sustentado no cabo da enxada.

Bartolomeu, foi recrutado para a guerrilha aos 15 anos, em 1985, em Angónia (Tete), quando fazia uma viagem para Blantyre, em busca de emprego no Malawi, durante a guerra civil que durou 16 anos.

“O nosso carro foi interpelado, foram separados os jovens e levados para um lugar, onde pernoitamos. Ao amanhecer, ficamos surpresos ao ver que estávamos sendo controlados por homens com armas em punho. Avisaram-nos que devíamos cumprir a tarefa de trazer democracia no país”, quando foi levado para treino militar na base de Chiriza, em Angónia.

Ficou naquela base até 1987, fazendo operações na província de Tete, quando foi solicitado na base central Merece-Chamboco, na serra da Gorongosa, onde conheceu e dialogou com o líder histórico, Afonso Dhlakama.

“Saudamos o presidente (Afonso) Dhlakama, como soldados de Tete. Daí fomos divididos em grupos pequenos, e passei para Inhaminga, em Sofala. Depois engajamos em Dondo, Nhamatanda, Shemba até regressar a uma das bases na província de Tete”.

Acrescentou: “a nossa tarefa era combater e recolher o material bélico para as nossas bases, numa dessas missões de entregas de armas, fui levado novamente até ao local onde estava o presidente Afonso Dhlakama”. Foi depois reconhecido por essas missões e poucos anos depois foi alcançado o Acordo Geral de Paz (AGP), de Roma, em 1992.

Mesmo “em paz, ficávamos a sofrer, sem liberdade e nem democracia”, o que o levou a regressar às matas em 2017, a partir da base de Nhandete (Tambara), de onde choraram “amargamente” a morte de Afonso Dhlakama, em Maio de 2018, até ser desmobilizado pela segunda vez em Junho de 2021, em Barué, no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) – que resulta do acordo de paz de Maputo assinado em 2019.

Como a maioria dos ex-guerrilheiros da Renamo, Bartolomeu foi desmobilizado pela primeira vez em 1994, pela missão de paz das Nações Unidas em Moçambique (Onumoz).
O ex-guerrilheiro lembra que na segunda desmobilização, voltou para a aldeia de acolhimento em Tambara, com uma catana, enxada, machado, uma variedade de sementes agrícolas e uma promessa de projetos de desenvolvimento e pensão de sobrevivência.

“Disseram que viriam projetos e recebemos o programa DELPAZ. Na verdade, montou um sistema de irrigação por gravidade que estamos a usar desde o ano passado. Beneficiamos também de sementes e assistência de extensionistas do programa que esta a ajudar a aumentar muito a produção num sítio difícil de produzir, por ser uma zona seca”, explica Bartolomeu Tenesse

O ex-guerrilheiro é membro de uma das 10 associações de camponeses que recebe apoio do programa DELPAZ, que dá especial atenção à criação de oportunidades para jovens, mulheres, bem como ex-combatentes e suas famílias.

Bartolomeu e parte de sua família trabalham no Ponto Verde de Tambara, um campo de transferência de tecnologias, que assiste com tecnologias e práticas agrícolas inteligentes para o aumento da produção e produtividade das 10 associações agrícolas e da população de Tambara.